Economia
ONS prevê reservatórios vazios, usinas paradas e alerta para ‘restrições no atendimento’ de energia
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, oito barragens chegarão ao fim do período seco, em novembro, praticamente sem água
Em uma dura nota técnica, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que os reservatórios de pelo menos oito importantes usinas hidrelétricas localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste devem chegar a novembro, que marca o fim do período seco, praticamente vazios. Nessa situação, chamada tecnicamente de “perda do controle hidráulico”, o ONS alerta para “restrições no atendimento energético nos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste”.
Quando há “perda do controle hidráulico”, as usinas hidrelétricas são forçadas a parar por falta de água.
“Considerando-se as previsões de afluência (entrada de água nos reservatórios) obtidas com a chuva de 2020, prevê-se a perda do controle hidráulico de reservatórios da bacia do Rio Paraná no segundo semestre de 2021. A perda do controle hidráulico na bacia do Paraná implicaria em restrições no atendimento energético nos subsistemas Sul e Sudeste/Centro-Oeste”, diz a nota do ONS à qual o jornal “O Globo” teve acesso. O cenário que preocupa o governo se desenha na bacia do Rio Paraná, que engloba as bacias dos rios Paranaíba, Grande, Tietê e Paranapanema. O setor elétrico considera os reservatórios dessa bacia estratégicos para a operação do sistema, já que elas são responsáveis por cerca de 50% da capacidade de armazenamento de água.
“Essas usinas e respectivos reservatórios são de extrema importância para a operação do sistema, pois os recursos neles estocados são capazes de garantir energia nos períodos secos, quando não há contribuições significativas das usinas instaladas na região Norte do país”, esclarece o ONS.
O documento foi encaminhado para o Ministério de Minas e Energia e para a Agência Nacional de Águas nesta semana. É a primeira vez que um órgão federal alerta para a possibilidade de falta de energia. O ONS quer a limitação do uso da água para outros fins, como a redução de irrigação e navegação, para guardar água nos reservatórios.
Mesmo considerando as restrições do uso de água por outros fins, os principais reservatórios da bacia do Rio Paraná chegam ao final do período seco com “níveis críticos de armazenamento”, de acordo com o Operador Nacional do Sistema.
O ONS também prevê um cenário em que será necessário utilizar a “disponibilidade máxima” do parque de usinas termelétricas do país em outubro e novembro, diante da baixa dos reservatórios. E o Brasil chegará a novembro com uso de energia de reserva para evitar apagões.
“Com relação ao atendimento aos requisitos de potência, observa-se, no cenário de referência, uma redução significativa das sobras, principalmente a partir do mês de setembro/2021, com sobra muito baixa no mês de outubro/2021. Em novembro há praticamente esgotamento de todos os recursos, sendo necessário o uso da reserva operativa a fim de evitar déficit de potência”, destaca o ONS.
O armazenamento dos reservatórios da bacia do rio Paraná, incluindo seus principais afluentes, no fim de maio, correspondia a 28% de sua capacidade máxima, o que se configura como o segundo pior armazenamento desde 2000, melhor apenas que 2001 (quando o país passou por um racionamento de energia).
O ONS prevê que o reservatório de Furnas atinja o nível de armazenamento inferior ao mínimo histórico em setembro e que a água disponível se esgote até o fim do período seco. Na usina de Mascarenhas de Moraes, o nível mínimo histórico é atingido em agosto 2021, terminando o período seco “com nível bem crítico de armazenamento”, o que também ocorre para as usinas de Marimbondo e Água Vermelha.
No Rio Paranaíba, o ONS prevê o atingimento do nível mínimo histórico nos reservatórios das usinas de Nova Ponte e Emborcação em agosto. Para as hidrelétricas de Itumbiara e São Simão, o nível mínimo histórico será atingido em julho e outubro, respectivamente. “Ao final do período seco, todos os quatro reservatórios estão com seus recursos esgotados”, diz o ONS.
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