Amazonas
CNN diz que secretária do Ministério da Saúde culpa Amazonas por crise na Polícia Federal
Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro jogou a responsabilidade pela crise da saúde no início do ano às autoridades locais.
Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, defendeu a utilização da cloroquina e jogou a responsabilidade pela crise da saúde no início do ano às autoridades locais e estaduais. As informações são da CNN Brasil.
O depoimento foi prestado no dia 9 de fevereiro dentro do inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para apurar a responsabilidade do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e sua equipe na crise da saúde no Amazonas no início deste ano, quando faltou oxigênio para pacientes de Covid-19.
Na sua fala à PF, ela coloca que Amazonas e Manaus sempre tiveram problemas na gestão da saúde e que em nenhum momento foi informada pelas autoridades estaduais e municipais a falta de oxigênio.
“Que não foi apresentada qualquer demanda de oxigênio na reunião realizada por parte do estado do Amazonas na reunião do dia 4; que em nenhum momento no dia 5 foi feita qualquer referência pelas autoridades municipais acerca da possível falta de oxigênio; que para a declarante ficou claro que, diante do colapso da rede hospitalar do Estado, e da falta de atuação das Unidades Primárias Municipais de Saúde, ocorreu o aumento no número de mortes, inclusive em residências”, diz o depoimento prestado.
De acordo com ela, quem lhe informou da falta de oxigênio foi o próprio Pazuello no dia 8 de janeiro e “em nenhum momento” quando esteve em Manaus no início do ano as autoridades locais lhe informaram do problema.
“Que, questionada sobre a falta de oxigênio na cidade de Manaus-AM, explicou que soube pelo ministro da Saúde que no dia 8, o secretário de Saúde Ihe solicitou o transporte de oxigênio para atender a cidade de Manaus-AM, tendo em vista que havia sido notificado no mesmo dia 8 pela White Martins acerca de um problema na rede para o fornecimento de oxigênio; que a depoente informou que em nenhum momento, enquanto esteve na cidade de Manaus-AM (do dia 03 ao dia 06 e do dia 10 ao 13), foi comunicada formalmente ou informalmente acerca da possível falta de oxigênio.”
A secretária, inclusive, chega a dar à PF um áudio que o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, lhe envio após ela cobrar dele o motivo de não ter sido informada da falta de oxigênio.
Ela diz ainda que os problemas no estado já eram anteriores à segunda onda do novo coronavírus.
“Que no período do primeiro pico a depoente esteve em Manaus e verificou a precariedade da situação em que se encontrava a cidade; que chamou a atenção da depoente a falta de higienização e falta de adesão aos cuidados necessários por boa parte da população, bem como a falta de organização na rede de autoatendimento municipal e estadual; que existiam unidades com instalações precárias, ou seja, sem observância dos padrões estabelecidos pela Anvisa, pelo Ministério da Saúde e conselhos profissionais; que existiam unidades com instalações precárias; que a depoente verificou número insuficiente de profissionais para atender às demandas, atrasos nos pagamentos, atrasos nos pagamentos dos profissionais de saúde”.
A Polícia Federal também questionou a secretária sobre cloroquina, ocasião em que ela fez a defesa do medicamento.
“Que questionada acerca de orientação do Ministério da Saúde para prescrição dos medicamentos da hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, respondeu que esses medicamentos já constam da Relação Nacional de Medicamentos – Rename -, sendo utilizados para o tratamento de outras doenças; que por apresentarem ação antiviral, quando utilizados isoladamente ou em conjunto e de acordo com a autonomia dos médicos, poderão ser utilizados para tratamento da Covid-19; que a atuação do Ministério da Saúde consiste somente em orientar doses seguras nos casos em que os médicos optem por utilizá-las no exercício da autonomia que lhes foi conferida pelo Conselho Federal de Medicina para o uso compassivo em tempos de pandemia.”
Outro lado
Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde:
“Eu já me manifestei na PF quando fui convocada como testemunha do ministro. Creio que as informações que prestei trazem um relato completo sobre a questão”.
David Almeida, prefeito de Manaus:
“As unidades de atendimento onde foram constatados problemas são de responsabilidade do governo do estado e não da prefeitura”.
Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas:
“A Secretaria de Estado de Saúde informa que antes do dia 7 de janeiro o tema abastecimento de oxigênio não era assunto no Amazonas. Foi apenas nesse dia que a empresa White Martins tratou pela primeira vez com a gestão estadual sobre o tema. Ainda assim, a reunião era para informar sobre aumento no consumo e para pedir apoio logístico do governo para suprir a necessidade naquele momento, o que foi atendido.
As dificuldades enfrentadas pela rede de atenção básica de Manaus, como a baixa cobertura, falta de insumos, entre outras questões relacionadas, foram assuntos tratados em reuniões com a secretária Mayra Pinheiro e com a nova gestão municipal que acabara de assumir.
O assunto recursos humanos também foi tratado nas reuniões, porque a gestão estadual estava expandindo leitos para Covid-19 conforme previsto no Plano de Contingência e precisava de profissionais. A secretária disponibilizou o banco de dados do programa Brasil Conta Comigo para que a SES-AM pudesse fazer mais de 2,7 mil contratações temporárias.
Quanto a atrasos de pagamentos, esse não foi tema de reunião, pois os pagamentos dos servidores do estado sempre estiveram em dia e as empresas terceirizadas estavam pela primeira vez, em anos, com seus pagamentos regularizados.
O governo do Amazonas fez investimento histórico na estruturação da rede de saúde, abrindo novos leitos em tempo recorde para fazer frente à pandemia da Covid-19.
O aumento exponencial do consumo de oxigênio está relacionado ao surgimento da nova variante P.1, bem mais transmissível, levando ao aumento substancial das internações”.
Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus:
“A assessoria do ex-prefeito Arthur Virgílio Neto esclarece que a Prefeitura de Manaus não tem gerência sobre hospitais, prontos-socorros ou qualquer outra unidade de saúde de alta e média complexidades, nem sobre seus insumos, cabendo ao Estado essa competência, conforme divisão de responsabilidades atribuídas pelo SUS.
No que tange ao município – Unidades Básicas de Saúde, a maternidade municipal Moura Tapajós e outras estruturas de baixa complexidade – nenhuma ficou desabastecida de oxigênio ou qualquer outro insumo durante a gestão de Arthur Virgílio Neto. Os estoques sempre estiveram abastecidos, tanto que o atual prefeito chegou a emprestar alguns cilindros ao governo durante a crise do oxigênio.
No mais, o ex-prefeito lamenta profundamente o descaso com a saúde pública no Amazonas, tendo alertado por diversas vezes o governador sobre o risco de uma segunda onda no Amazonas, bem como a falta de critérios nos decretos estaduais para abertura e fechamento do comércio e atividades não essenciais. Virgílio se põe à disposição para colaborar com a CPI da Pandemia e qualquer outro órgão de controle que possa trazer justiça e soluções para a população do seu Estado”.
Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou até o momento da publicação desta reportagem.
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