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Amazonas

Concorrente de Omar Aziz diz que se sociedade não reagir, CPI vai blindar governadores e prefeitos

Candidato a presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) é aliado do governador Wilson Lima (PSC), do Amazonas, Estado que sofreu colapso na rede de saúde e onde pacientes morreram por falta de oxigênio.

Concorrente do senador Omar Aziz (PSD-AM) à presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) disse, em suas redes sociais, que “se a sociedade não reagir, a CPI vai blindar governadores e prefeitos que receberam bilhões de verbas federais para o enfrentamento à Covid”. Segundo ele, “casos de desvios precisam ser apurados”e o comando da Comissão precisa ter isenção e independência para investigar todos os entes da Federação”.

Girão disse que “a principal qualidade esperada de um presidente e de um relator é sua isenção, sua imparcialidade, sem a manifestação de pré julgamentos antes da investigação.Temos o dever de conduzir os trabalhos conforme expectativa da sociedade”.

Ele anunciou que lançará candidatura à presidência da CPI da Pandemia. Com a decisão de Girão, haverá disputa pela presidência, já que o grupo de senadores oposicionistas e “independentes” — que tem maioria na CPI — fechou acordo para apoiar a candidatura de Omar Aziz (PSD-AM).

De acordo com a página do Podemos em uma rede social, a candidatura de Girão é “contra o acordão de cartas marcadas para dominar a CPI da Pandemia”.

O senador diz atuar com independência em relação ao governo. Ele foi o autor do requerimento de criação de uma segunda CPI, com o objetivo de investigar governadores e prefeitos, conforme pretendia o presidente Jair Bolsonaro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu então unificar as investigações em uma mesma comissão e apurar simultaneamente ações e omissões do governo federal (requerimento de Randolfe Rodrigues, da Rede-AP) e a aplicação de verbas federais enviadas a estados e municípios (proposta de Girão).

“Sou candidato a presidente da CPI. Espero que prevaleça a tradição do autor do pedido à frente da comissão. Designarei um relator que investigue com independência e isenção a União assim como verbas federais enviadas a Estados e municípios. É o que a sociedade espera e merece”, escreveu Girão em uma rede social.

Além de Aziz na presidência, o acordo firmado pela maioria prevê na vice-presidência Randolfe Rodrigues, autor do requerimento original de criação da CPI, e na relatoria, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Embora tenha uma atuação considerada independente, mudando de posição de acordo com seus interesses, Omar Aziz, segundo a imprensa nacional, tem o apoio do Palácio do Planalto para ocupar a função. O governo quer emplacar um aliado no comando da CPI para ter alguma influência. Isso porque o presidente da comissão é responsável por ditar o ritmo que a investigação deve avançar e o que será votado nas reuniões. Sua atuação é determinante para que os trabalhos do colegiado cheguem em algum lugar.

Aziz chegou a defender o adiamento da CPI e já adotou posições favoráveis ao governo em outros momentos. Coube ao senador, por exemplo, relatar a indicação de Jorge Oliveira, ex-ministro de Bolsonaro, a uma vaga no Tribunal de Contas da União.

Aziz concorreu ao governo do Amazonas em 2018, mas foi derrotado por Wilson Lima (PSC). Hoje, porém, os dois são aliados. O Estado é um dos principais focos da CPI após colapso na rede de saúde em janeiro, quando pacientes de covid-19 morreram asfixiados após estoques de oxigênio nos hospitais se esgotarem.

Inicialmente com foco apenas nas ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro, a CPI teve seu escopo ampliado para Estados e municípios após pressão de governistas.

Aziz já foi alvo de uma operação da Polícia Federal que apurava desvios de dinheiro da área da saúde no Estado. A mulher do senador, Nejmi Aziz, chegou a ser presa por dois dias em 2019, em um desdobramento das investigações.

Em março, após assumir vaga de suplente na Assembleia Legislativa do Amazonas, Nejmi Aziz apareceu ao lado do governador Wilson Lima, entregando cestas básicas a Ongs, na Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas). As doações foram feitas pelo Governo do Estado, a partir do requerimento da deputada.


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