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Amazonas

Secretária do Ministério da Saúde da ‘Excursão Cloroquina’ em Manaus contraiu Covid-19

Em relato publicado nas redes sociais, a médica Mayra Pinheiro disse que começou a sentir dor de garganta durante o trabalho e, no mesmo dia, apresentou dores musculares e nas articulações.

Conhecida como “Capitã Cloroquina”, a secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, contraiu Covid-19 e afirmou que aderiu ao chamado tratamento precoce, que usa medicamentos cuja eficácia contra a doença não tem comprovação científica. As informações são da revista Época.

Em relato publicado nas redes sociais, a médica disse que começou a sentir dor de garganta durante o trabalho e, no mesmo dia, apresentou dores musculares e nas articulações. Logo em seguida, teve febre, perda de olfato e cansaço – sintomas característicos de Covid-19. Antes mesmo de receber a confirmação do diagnóstico, Pinheiro conta que iniciou seu tratamento precoce, ainda que entidades médicas repudiem sua recomendação.

Em meio a pacientes morrendo por falta de oxigênio em Manaus, Pinheiro liderou uma força-tarefa para ajudar o estado. Lançou o aplicativo TrateCOV, anunciado também por Pazuello na ocasião, que serviria para ajudar os médicos no atendimento a doentes. A ferramenta, na verdade, servia para prescrever os medicamentos que o governo defende até para bebês, mostraram simulações.

Ainda em Manaus, a secretária pressionou a prefeitura local, até mesmo por meio de ofício, a usar os medicamentos e levou um grupo de médicos para fazer uma espécie de blitz nas unidades básicas de saúde para verificar se estavam prescrevendo o “kit Covid”.

Médicos convidados por Pinheiro, chegaram a admitir que tiveram deslocamento e hospedagem custeados em Manaus, onde ficaram em hotel da rede Mercure. A “Excursão Cloroquina”, como ficou batizada a ida dos médicos, e o TrateCOV foram episódios considerados lamentáveis até mesmo internamente no ministério, por servidores que geralmente evitam tecer críticas à gestão atual.

Medicamentos

De acordo com a publicação, após a testagempositiva para Covid-19, a pediatra cearense se isolou e recebeu orientação de amigos médicos a distância. Sozinha em casa, disse que tinha, na cabeceira de sua cama, substâncias como ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina – todas sem evidência científica de que funcionam contra o novo coronavírus.

“Por dois dias, estive toxemiada e sem condição de sair da cama para quase nada. Muitos amigos médicos cuidaram de mim à distância, com zelo e um carinho indizível. Na cabeceira da cama: Ivermectina, Hidroxicloroquina, Bromexina, Azitromicina, Zinco, Vtamina D e Proxalutamida.

Alguém ao ler esse relato perguntará: por que tantos medicamentos antivirais? Porque todos têm mecanismos de ação diferentes e podem abortar a doença na fase viral. Porque quando a sensação de morte surge de forma inesperada, você usa todos os recursos que podem trazer benefício”, justificou Pinheiro, embora os argumentos não tenham respaldo da comunidade médica.

Ainda conforme o relato, os sintomas diminuíram no terceiro dia da infecção e, já no quarto dia, ela afirma que estava “praticamente assintomática”, exceto pela obstrução nasal e pela perda de olfato, o qual não havia recuperado até então.

“Penso no tempo perdido discutindo se o tratamento precoce tem evidências, nos embates ideológicos que impedem o debate público por melhores soluções para saírmos dessa pandemia sem mais tragédias diárias e sem falir o país inteiro. Estou viva e mais determinada a salvar as vidas que puder. Não importa quantas, mas quero ser a diferença”, escreveu.

Pediatra no Ceará que começou a se notabilizar no movimento contra a vinda de cubanos pelo programa Mais Médicos ainda em 2013 e depois virou sindicalista, Mayra Pinheiro entrou no governo Jair Bolsonaro por uma espécie de “cota” reservada ao movimento médico apoiador do presidente desde a época da campanha eleitoral.


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