Amazonas
MP-AM investiga trabalho de enfermeiros sem qualificação em unidades da Susam
Denúncia diz que enfermeiros não possuem capacitação técnica, titulação e especialização nem experiência para atuar. Susam diz que colaborar com o MP-AM. E a Segeam diz que seu quadro profissional tem capacidade técnica.
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) instaurou inquérito civil para apurar denúncia de que os enfermeiros da empresa Segeam (Servicos de Enfermagem e Gestão em Saúde do Amazonas Ltda.), que presta serviços na área de urgência e emergência (adulto e pediátrico) nas unidades de saúde do Estado, sob gerência da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) não possuem capacitação técnica, titulação e especialização nem experiência para atuar.
A Susam informou que “preza pela eficiência dos serviços prestados nas unidades de saúde e que irá colaborar com o trabalho do MP-AM”.
A Segeam informou que não foi notificada do inquérito e que está à disposição para fornecer quaisquer informações necessárias à análise do órgão e que tem um corpo técnico “altamente qualificado”, com “profissionais com especialização em urgência e emergência, e curso de classificação de risco, acima do estipulado em edital”.
A Portaria de instauração do inquérito foi publicada nesta quarta-feira, no Diário Oficial do MP-AM, pela promotora da 54ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública (54ª PRODHSP ) Cláudia Maria Raposo da Câmara.
A promotora considera a Notícia de Fato nº 039.2019.000399, em trâmite nesta 54ª PRODHSP, na qual a empresa Coopenure (Sociedade dos Enfermeiros de Urgência e Emergência do Amazonas), relata eventual prejuízo à prestação de serviços à saúde pública por incapacidade técnica da empresa Segeam, relativamente à prestação de serviços de enfermagem hospitalar na área de urgência e emergência nas unidades da rede estadual de saúde.
Denúncias
Em julho deste ano, o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren), Sandro André da Silva Pinto, publicou vídeos nas redes sociais em que aparece em frente ao Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, de madrugada, informando que recebeu denúncias de problemas no atendimento aos pacientes. Segundo ele, houve uma troca de cooperativas de enfermeiros em hospitais e prontos-socorros de Manaus e ele resolveu verificar ‘in loco’ a situação.
“O que mais nos preocupou até agora foi a situação do Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio. Visitamos agora a situação do politrauma. E a situação do politrauma muito nos preocupa. Mais de 20 pacientes no politrauma nesse momento, apenas um enfermeiro… e o que mais nos preocupa: o enfermeiro relatou para nós que não tem experiência nenhuma”, diz Sandro no vídeo.
No mesmo mês, a enfermeira Stéfany Albuquerque publicou, em sua página no Facebook, uma carta ao governador Wilson Lima, onde diz: “ O senhor é pai, e será pai novamente. Colocaria em risco a vida da sua família? Sua esposa, seus filhos? Não! Mas graças a Deus o senhor tem condições de pagar por uma assistência privada. Mas e os 2 milhões de habitantes do Estado que não tem? Por quê colocar a vida deles em jogo? Porque arriscar a saúde das pessoas? É um apelo para que o senhor coloque a mão na consciência e não permita que o nosso Estado entre em colapso. Talvez hoje o ache que não mudará nada, mas o senhor também pode salvar vidas. Seja um herói também. Não permita que empresas desqualificadas e despreparadas assumam os principais pronto-socorros e UTIs da cidade. Os pacientes não tem culpa, eles clamam por socorro, por ajuda! Não carregue essa culpa. Não manche suas mangas de sangue”.
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.
Faça um comentário