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Amazonas

Vacinas serão eficazes contra nova cepa do coronavírus do Amazonas, dizem especialistas

Pesquisador da Fiocruz Amazônia que coordena os estudos sobre a nova linhagem, Felipe Naveca disse que, por enquanto, nada indica que a nova variante seja resistente à vacina. Entretanto sempre precisamos ficar alertas.

Novel Coronavirus (2019-nCoV) vaccine development medical for doctor use to treat pneumonia illness patients at Wuhan, China. (Novel Coronavirus (2019-nCoV) vaccine development medical for doctor use to treat pneumonia illness patients at Wuhan, China

As vacinas CoronaVac e de Oxford, que aguardam o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para imunizar os brasileiros contra a covid-19, serão eficazes contra a variante do novo coronavírus encontrada em brasileiros que embarcaram no Amazonas rumo ao Japão. A informação é de especialistas consultados pelo UOL, que avaliaram o poder de imunização das vacinas contra a nova cepa, surgida no estado amazonense. A dúvida sobre a eficácia das vacinas surgiu porque a nova linhagem apresentou duas importantes mutações simultâneas na proteína Spike, responsável por ligar o vírus às células humanas.

“Sim. As vacinas vão imunizar”, crava o infectologista Marco Antonio Cyrillo, diretor clínico do hospital Instituto de Gastroenterologia de São Paulo (Igesp). “O vírus muda mesmo. Já houve outras mutações em suas proteínas, mas não suficientes para impedir a resposta da vacina.”

Segundo o especialista, “a estrutura geral da proteína Spike se manteve”. “Elas não mudaram ao ponto de a vacina não ser eficiente contra elas.”

Embora seja difícil precisar quantas mutações o vírus já sofreu, só no Brasil circulavam 19 linhagens do novo coronavírus até dezembro, segundo o Laboratório Adolfo Lutz. Uma das mutações presentes na nova linhagem identificada no Reino Unido no final de 2020, por exemplo, havia chegado ao Brasil em abril.

Para Ana Marinho, imunologista da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), “todas as vacinas disponíveis em fase 3 e já aprovadas fora do Brasil têm como foco principal a proteína Spike”.

“Só que a resposta imunológica é muito mais ampla do que a produção de anticorpos para essa proteína”, afirma ela, explicando que a vacina também busca estimular anticorpos a partir de outras características do vírus.

“O que precisamos agora é conhecer melhor essa variante: ela vai causar doença mais grave, aumentará a disseminação?”, afirma a imunologista.

Essas vacinas serão sempre eficazes? Não. “Quanto mais o vírus circular, infectando as pessoas, mas ele muta, encontrando maneiras de escapar da resposta imune”, explica a imunologista da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (Ufcspa ), Cristina Bonorino.

“Cada hospedeiro novo funciona como uma pressão para que ele ache mecanismos (refletidos em
mutações) para se replicar, apesar das defesas do hospedeiro”, diz. “Como cada pessoa é diferente na sua capacidade de lidar com um mesmo vírus, isso é um processo infinito”, disse.

Quando precisaremos mudar de vacina? Ainda não é possível prever uma data, “mas vai demorar porque os coronavírus não sofrem grandes mutações”, diz Cyrillo. “Já os conhecemos desde 1937, mais ou menos. Já antevendo o que aconteceu no passado, provavelmente essas vacinas continuarão eficientes durante alguns anos”, afirma o infectologista.

Ana Marinho diz que os laboratórios vão aperfeiçoar ao longo dos anos as vacinas criadas agora.
“Quanto mais isso acontecer (adaptações do vírus para driblar anticorpos), mais chance de surgirem variantes e linhagens que não serão afetadas pelas vacinas existentes. As vacinas terão de ser adaptadas. Os fabricantes melhoram esse processo ao longo do tempo e isso seguramente vai acontecer. Daqui a dois, três anos, as vacinas serão melhores e mais baratas do que agora.”

Cyrillo diz que “o vírus sofre duas mutações nos aminoácidos por mês”, em média, mas “os
laboratórios já estão preparados”. “Ao criar vacinas, eles anteveem essas modificações. Claro que não dá para prever as mutações exatas, mas, como elas não são grandes o suficiente para transformar radicalmente o vírus, o sistema imune vai reconhecer o vírus depois de tomar a vacina e produzir anticorpos suficientes para proteger a população”, diz.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) se reuniu com especialistas para discutir a nova cepa. Pesquisador da Fiocruz Amazônia que coordena os estudos sobre a nova linhagem, Felipe Naveca estava prestes a entrar na reunião quando falou com o UOL: “O que posso dizer é que por enquanto nada indica que a nova variante seja resistente à vacina. Entretanto sempre precisamos ficar alertas”, disse.

Veja o pronunciamento do ministro:


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