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Brasil

Bolsonaro nega interferência na Anvisa e afirma ter pressa por vacina depois de ‘não dá bola’

O presidente da República disse, neste domingo (27), que espera por uma vacina segura, eficaz e com qualidade, fabricada por laboratórios devidamente certificados.

Um dia depois de ter afirmado que não dá bola para pressões sobre o início da imunização contra a Covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse neste domingo (27) que o governo tem pressa em obter uma vacina. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

“Temos pressa em obter uma vacina, segura, eficaz e com qualidade, fabricada por laboratórios devidamente certificados. Mas a questão da responsabilidade por reações adversas de suas vacinas é um tema de grande impacto, e que precisa ser muito bem esclarecido”, afirmou o presidente, em uma mensagem publicada em rede social.

Em seguida, Bolsonaro negou que esteja interferindo no processo de certificação de uma vacina pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e disse que o imunizante que receber luz verde do órgão será ofertado para todos de forma gratuita e não obrigatória.

“O presidente da República, caso exercesse pressões pela vacina, seria acusado de interferência e irresponsabilidade. Tão logo um laboratório apresente seu pedido de uso emergencial, ou registro junto à Anvisa, e esta proceda a sua análise completa e o acolha, a vacina será ofertada a todos e de forma gratuita e não obrigatória”, escreveu.

No sábado (26), Bolsonaro foi criticado por declarações feitas em um passeio por Brasília. “Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso”, disse na ocasião, após ser questionado por jornalistas se havia pressão pelo fato de outros países terem começado a imunizar a população.

“É razão, razoabilidade, é responsabilidade com o povo você não pode aplicar qualquer coisa no povo”, completou.

Enquanto Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e países da União Europeia já começaram campanhas de vacinação, o Brasil segue sem uma previsão oficial para o início da imunização.

Mesmo nações da América Latina como Chile, México e Costa Rica deram início a campanhas semelhantes.

A previsão do Ministério da Saúde é receber ao menos 150 milhões de doses no primeiro semestre do próximo ano. Desse total, estão incluídas as vacinas do Butantan, da Pfizer e da AstraZeneca.

Serão 100,4 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, 46 milhões da Coronavac —a aquisição de mais doses está sendo negociada— e 8 milhões de doses da Pfizer.

Entre essas vacinas, a única que já obteve autorização emergencial em outros países foi a da Pfizer. Mas o Brasil ainda não fechou contrato para comprar as vacinas da farmacêutica americana.

Na mensagem publicada neste domingo, Bolsonaro destacou que quatro laboratórios desenvolvem estudos clínicos de vacinas no Brasil, mas que nenhum deles apresentou até o momento pedido de uso emergencial ou de registro.

“A Anvisa é uma agência de Estado, não de governo. Sua atuação é independente e reconhecida no mundo todo, pela excelência do trabalho dos seus servidores”, argumentou o presidente.

Bolsonaro também tem sido acusado de atuar contra a Coronavac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com uma farmacêutica chinesa.

O imunizante é visto como um trunfo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), hoje tratado pelo Palácio do Planalto como inimigo e possível adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022.

Em uma live transmitida na véspera do Natal, o presidente adotou um tom irônico para comentar o adiamento da divulgação da eficácia da Coronavac. Ele afirmou, sem apontar dados, que a eficácia dessa vacina “parece que está lá embaixo”.

Os dados de eficácia da Coronavac estavam programados para serem anunciados em 23 de dezembro. O governo de São Paulo, porém, adiou a divulgação dos resultados, mas garantiu que ela “é eficaz”. O governo da Turquia, por sua vez, afirmou que o imunizante tem eficácia de 91%.


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