Aldeias do Vale do Javari, no Amazonas, não terão campanha eleitoral presencial

A juíza Eleitoral de Atalaia do Norte (AM) definiu que as campanhas eleitorais não poderão ser feitas de forma presencial na Terra Indígena do Vale do Javari, no extremo oeste do Estado do Amazonas, na fronteira com o Peru, onde vivem aproximadamente 5.500 indígenas das etnias Marubo, Matís, Mayuruna, Kanamari e Kulina.

Seis aldeias desta região possuem locais de votação, instaladas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE, através do Cartório Eleitoral de Atalaia do Norte, nos pleitos, sempre em conjunto com a Fundação Nacional do Índio (Funai), os servidores dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) , além dos próprios indígenas, que atuam como mesários nas eleições, além do apoio das Forças Armadas na logística de pessoas e equipamentos.

Tal esforço tem feito com que a câmara municipal do município, hoje, conte com um bom número de parlamentares indígenas, fruto do desejo dessas comunidades de se tornarem não meros partícipes, mas protagonistas da vida política do município.

Com a pandemia, as comunidades estão em isolamento, o que, em conjunto com o trabalho dos Dseis, em conjunto com as lideranças indígenas, fez com que, nessas aldeias, a Covid-19 não chegasse.

Foi com a finalidade de manter a situação de segurança sanitária que a decisão foi tomada, definindo que as campanhas eleitorais não poderão ser feitas de forma presencial nessas aldeias.

A juíza manteve contato com os Dseis que possuem rádios comunitárias para que os três candidatos a prefeito do município apresentem suas propostas. Os candidatos terão, durante o período de propaganda, duas apresentações de no máximo 5 minutos para as aldeias, com direito a tradutor para a língua nativa dos índios.

Com esta inovação, , mesmo em tempos de pandemia, a prática da democracia chega às aldeias indígenas.