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Brasil

Filha de Queiroz transferiu 80% dos seus salários como funcionária de Bolsonaro para o pai

A personal trainer Nathália Queiroz transferiu R$ 150,5 mil para a conta bancária do pai de janeiro de 2017 a setembro de 2018, quando estava lotada no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro.

Filha do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, a personal trainer Nathália Queiroz repassou a maior parte de seu salário para o pai, Fabrício Queiroz, quando ainda trabalhava no gabinete do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Dados da quebra do sigilo de Nathália obtidos pelo jornal “Folha de S. Paulo” corroboram a revelação feita pelo O Globo, em março do ano passado, de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou transferências bancárias de 80% de seus vencimentos para Queiroz entre junho e novembro de 2018, quando trabalhava para Bolsonaro.

De acordo com a reportagem da “Folha de S. Paulo”, Nathália transferiu R$ 150,5 mil para a conta do pai de janeiro de 2017 a setembro de 2018, quando estava lotada no gabinete de Bolsonaro. O valor equivale a 77% do que ela recebeu na Câmara dos Deputados no período.

O nome de Nathália veio à tona pela primeira vez quando um relatório do Coaf apontou que seu pai movimentou R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017. O documento identificou que ela fez repasses a Queiroz em um total de R$ 97,6 mil ao longo do ano de 2016, quando ainda era assessora de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Com a quebra de sigilo, os promotores, diz a “Folha”, identificaram repasses de Nathália de ao menos 82% de seus vencimentos para Queiroz quando ela trabalhava no gabinete de Flávio, na Alerj, de dezembro de 2007 a dezembro de 2016. Nesse período, foi da liderança do PP, do setor de notas taquigráficas e, a partir de 2011, passou a trabalhar com Flávio.

O relatório do Coaf obtido pelo Globo no ano passado classificou a movimentação financeira de Nathália no período como “aparentemente incompatível com a capacidade financeira da cliente”. Além disso, o órgão apontou como ocorrência ainda o “uso do dinheiro em espécie” para “inviabilizar a identificação da origem e real destino dos recursos”. Nesse período, ela efetuou 23 saques em dinheiro no total de R$ 11.950.

Por meio de nota enviada à “Folha”, a defesa de Queiroz afirmo que os repasses seguiam a lógica de “centralização das despesas familiares na figura do pai”. A Presidência da República não quis comentar o caso. Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) sobre a prática de “rachadinhas” na Alerj — quando servidores devolvem parte dos salários aos deputados que os nomearam. Ele foi preso em junho deste ano, mas teve prisão domiciliar concedida pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha.

Na segunda-feira, a defesa de Queiroz protocolou seu primeiro habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), distribuído ao ministro Gilmar Mendes, pedindo a revogação da prisão domiciliar dele — ou seja, que ele fique sem nenhuma restrição em sua liberdade.

 


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