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Amazonas

Presidente de CPI diz que governo do Amazonas “mente” sobre o número real de pacientes no Hospital Nilton Lins

Governo diz que foram feitos mais de 1,8 mil atendimentos. Segundo deputado, o número não chegou a 400, de acordo com dados que a CPI recebeu da diretoria do hospital, cujo aluguel custou R$ 2,8 milhões aos cofres públicos.

O presidenta da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os gastos do governo do Amazonas na área de saúde, com foco nos período da pandemia de Covid-19 (CPI da Pandemia) , deputado Delegado Péricles (PSL), disse, nesta segunda-feira, que o governo do Estado mentiu ao dizer que o Hospital de Campanha Nilton Lins fez mais de 1,8 mil atendimentos. Segundo ele o número não chegou a 400, de acordo com dados que a CPI recebeu da diretoria do hospital, cujo aluguel custou R$ 2,8 milhões aos cofres públicos.

“Eu também fiquei surpreendido na sexta-feira quando eu ouvi a informação do Governo do Estado de que atenderam 1.800 pacientes no hospital Nilton Lins. Pelas informações que nós temos, pelos documentos que nós temos aqui, isso é mentira. Não procede, não foram atendidos, infelizmente, 1800 pacientes no Hospital Nilton Lins, apesar de ter capacidade para isso, mas por falta de planejamento, falta de estrutura e por outras razões que nós estamos apurando aqui, não chegamos a este número”, afirmou o deputado.

Quem colocou o assunto em pauta na reunião desta segunda-feira foi o deputado Wilker Barreto (Podemos) . Ele disse que quer saber se esse número vai se refletir na conta final dos serviços prestados ali. “Porquê que isso me preocupa? Não só pelo desencontro abissal no número, mas será que eles vão querer cobrar sobre isso? Será que eles vão querer cobrar as faturas de serviços do Nilton Lins com base em 1.800 procedimentos?”

O deputado que está defendendo o governo na CPI da Pandemia, Dr. Gomes (PSC) entrou em campo na discussão para dizer que há uma “confusão” nos números, por causa da “nomenclatura”. “Não tem como ter 1800 pacientes, mas um paciente pode receber 5, 6 ou mais procedimentos durante um dia, dependendo da patologia, só para esclarecer essa nomenclatura pro-ce-di-men-tos”, afirmou.

A Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam) informou que, em 90 dias, o Hospital de Combate à Covid-19 na Nilton Lins realizou mais de 1.800 atendimentos e que os atendimentos descritos dizem respeito a: 388 internações clínicas e UTI, 33 de internação para indígenas e 1.447 para exames de imagem, totalizando 1.868 atendimentos.

A Susam também informou que que todas as informações solicitadas pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e órgãos de controle têm sido atendidas, reforçando o compromisso da secretaria com a transparência.

“A CPI da Saúde segue aguardando detalhamento da Susam quanto aos atendimentos no Hospital de Campanha da Nilton Lins. É evidente que a divulgação do número de 1,8 mil foi uma tentativa de induzir a população a acreditar que esse foi o número de pacientes internados pela unidade hospitalar. Somar, ainda, procedimentos de imagem para justificar o total apresentado é absurdo para uma unidade de referência em tratamento de Covid no Amazonas. É dar uma amplitude inexistente. É mascarar a ineficácia e má gestão diante do momento”, disse Péricles.

Em consequência do desencontro de informações, a CPI da Pandemia aprovou um requerimento solicitando do secretário interino de Saúde do Estado, Marcellus Campelo, a relação dos atendimentos no Hospital de Campanha. A reportagem entrou em contato com a assessoria do governo, mas não obteve resposta sobre o assunto até a publicação dessa matéria.

A CPI também aprovou outro requerimento para solicitar a prestação de contas do Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz, com detalhes das contas, como sugeriu o deputado Serafim Corrêa (PSB). “Seria importante que esses documentos viessem acompanhados de uma planilha em que eles digam de quem eles receberam, por qual razão receberam, quando receberam. E aí, a outra planilha, dizendo a quem eles pagaram, qual é o CNPJ ou CPF, quando eles pagaram e porque pagaram. Eu acho que aí a gente teria um raio-x, uma ultrassonografia, uma ressonância magnética dos gastos”, afirmou.

A próxima reunião da CPI vai acontecer na tarde da próxima quarta-feira, quando será ouvida a dona da empresa Norte Serviços Médicos, Criselídea Bezerra. Na quinta-feira, será a vez de Vitor Souto, ex-dono da empresa, que prestou o serviço de lavanderia para o Hospital de Campanha e informou que lavou, em 13 dias, 44 toneladas de roupas, período em que havia quatro pacientes internados, segundo investiga a CPI.


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