Amazonas
Data Favela: 33% dos envolvidos com o narcotráfico no Amazonas disseram que entraram para o crime por falta de dinheiro
O gênero de música preferido dos volvidos com o narcotráfico no Estado é o forró/piseiro/sertanejo e os cantores preferidos são Péricles, Belo, MC Poze do Rodo, Zeca Pagodinho, Racionais e Thiaguinho.
Pesquisa feita pelo Instituto Data Favela com indivíduos envolvidos com a criminalidade e ligadas ao tráfico de drogas em favelas aponta que um terço (33%) dos entrevistados no Amazonas respondeu que entrou para o crime por falta de dinheiro e necessidade econômica. A média nacional é de 49%.



A pesquisa também aponta que o gênero de música preferido dos volvidos com o narcotráfico no Amazonas é o forró/piseiro/sertanejo (24,5%), seguido do pagode/samba (19,6%). Na média nacional, os gêneros musicais de origem negra lideram o ranking de preferência dos respondentes.
No Amazonas, o cantor preferido dos entrevistados são Péricles (19,6%), Belo (7,4%) e MC Poze do Rodo, Zeca Pagodinho, Racionais, Thiaguinho (com 4,9% cada um). Na média nacional , os artistas musicais preferidos Belo (11,6%) aparece como o músico masculino mais lembrado na pesquisa, seguido de Oruam e Mc Poze do Rodo.
A pesquisa aponta que, na média nacional, o mercado do tráfico reproduz as desigualdades da sociedade brasileira: 63% dos entrevistados ganham até dois salários mínimos mensais, em torno de 3 mil reais. A pesquisa apurou que pouco mais de um terço (36%) das pessoas que atuam no tráfico de drogas exercem outras atividades legais.
Entre as ocupações extras mais relatadas estão construção civil, serviços gerais, entregas, pequenos reparos, comércio informal e transporte alternativo. Ou seja, a atividade criminosa não é suficiente para cobrir necessidades básicas.
“Provavelmente esses 36% não têm passagem pela polícia, o que permite manter uma segunda ocupação. Quando falamos de territórios com ausência histórica de políticas públicas, existe um elemento de sedução sobre o que seria “estar no crime” que não condiz com a realidade”, afirma Cleo Santana, copresidente do Data Favela.
O Data Favela também apontou que existe uma passarela entre atividades lícitas e ilícitas que se explica pela baixa remuneração da atividade criminal. Ou seja, cordões de ouro, carros de luxo e festas regadas a ostentação costumam alimentar o imaginário popular sobre pessoas ligadas ao tráfico de drogas. A percepção de que essa atividade criminosa gera mudança de vida, porém, não corresponde à realidade para a maioria dos entrevistados.
Segundo o levantamento, seis em cada dez (63%) indivíduos envolvidos com a criminalidade em favelas dizem ganhar, no máximo, R$ 3.040 por mês, o insuficiente para manter suas necessidades básicas. Considerando somente esse grupo, quase a metade (44,4%) recebe somente até R$ 1.520.
“A maior parte dos entrevistados está na base da operação do crime. São funções como olheiro, fogueteiro, vapor, avião e segurança de ponto. Ou seja, é a base da pirâmide, não o topo. Isso explica por que a renda deles é bem mais baixa do que o imaginário costuma supor”, explicou a equipe técnica do Data Favela.
A pesquisa “Raio-X da Vida Real”, do Data Favela é o maior levantamento já realizado com pessoas atualmente em atividade no tráfico. Mais de quatro mil respostas foram coletadas em favelas de 23 estados entre 15 de agosto e 20 de setembro. A pesquisa conta com 84 questões sobre renda, família, escolaridade, saúde mental, trabalho, sonhos e visão de mundo.
Geraldo Tadeu Monteiro, técnico do Data Favela, explica que as entrevistas foram feitas com entrevistadores treinados, que moram nas comunidades abordadas, com o auxílio de um aplicativo.
“Para preservar a segurança, a gente evitou que as entrevistas fossem gravadas e fosse registrada geolocalização. Ao todo, cinco mil entrevistas foram realizadas, mas mil foram descartadas por critérios de qualidade, como respostas incompletas ou tempo de entrevista muito curto”, informou.
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