Economia
Pesquisa mostra que maioria dos brasileiros que empreendem quer voltar a ser CLT
Apesar disso, 40% dos trabalhadores com carteira assinada sonham em empreender — revelando o paradoxo do mercado de trabalho no país.
A ideia de “largar tudo para empreender” tem se mostrado bem menos glamourosa do que parece. Segundo pesquisa encomendada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e realizada pela Vox Populi e pelo Dieese, 56% das pessoas que deixaram o regime CLT para abrir o próprio negócio gostariam de voltar à carteira assinada.
O levantamento ouviu mais de 3,8 mil brasileiros e revelou também uma confusão crescente entre os conceitos de “empreendedor” e “autônomo”. Para os pesquisadores, essa mistura criou uma narrativa ilusória em torno do empreendedorismo. Hoje, a cada seis trabalhadores por conta própria, um se define como empreendedor.
“O termo foi glamourizado, mas esconde uma realidade dura, de insegurança, ausência de direitos e falta de proteção previdenciária”, avalia Everton Gimenis, vice-presidente da CUT-RS.
A ilusão da autonomia
O principal motivo apontado para a saída do emprego formal é a baixa remuneração — mencionada por 44,5% dos entrevistados. Outros 38,7% citam as exigências de qualificação e experiência como barreiras para se manter na CLT. Ainda assim, a promessa de mais liberdade e renda raramente se confirma na prática.
O estudo mostra que esse movimento é resultado do chamado “empreendedorismo de necessidade”, que costuma crescer em tempos de crise e desemprego. Agora, com a recuperação da economia e negociações salariais mais fortes, muitos trabalhadores voltam a valorizar a estabilidade e os direitos garantidos pelo trabalho formal.
“O que temos visto é o contrário do sonho vendido: jornadas longas, custos altos e uma exploração ainda maior”, afirma Tiago Vasconcelos, secretário de Relações do Trabalho da CUT-RS.
O paradoxo brasileiro
Apesar da desilusão de quem empreende, o desejo de abrir o próprio negócio ainda é grande: entre os trabalhadores formais, 40,9% dizem que gostariam de empreender. Já entre os autônomos, mais de 86% afirmam que poderiam — ou gostariam — de voltar ao regime CLT.
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