Brasil
Brasil está entre os oito países mais famintos da América do Sul, aponta Índice Global da Fome
Dados divulgados em outubro mostram que, apesar de avanços do Brasil, a Bolívia permanece como o país mais afetado pela fome na América do Sul.
O Brasil está entre os oito países mais famintos da América do Sul, segundo o Índice Global da Fome (GHI) 2025, divulgado em outubro pela Welthungerhilfe e pela Concern Worldwide. O país ocupa a oitava posição, com 6,4 pontos, na categoria de “fome baixa”, refletindo avanços recentes na segurança alimentar, inclusive com a saída do Mapa da Fome da ONU. A Bolívia lidera o ranking regional, com 14,6 pontos, classificada como de “fome moderada”.
O GHI avalia a situação alimentar mundial com base em quatro indicadores: desnutrição calórica, atraso no crescimento infantil, baixo peso para a altura e mortalidade infantil. A pontuação combina esses fatores, permitindo comparar a gravidade da fome entre países e regiões. Segundo o relatório, embora a média regional da América Latina permaneça relativamente baixa, o progresso estagnou e as desigualdades persistem.
A realidade boliviana
Na Bolívia, a insegurança alimentar é resultado de múltiplos fatores socioeconômicos, geográficos e ambientais, segundo o World Food Program USA. Comunidades rurais e indígenas são as mais afetadas. O país é vulnerável a eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, que prejudicam a agricultura de subsistência, principal fonte de renda e alimentação para muitas famílias. A desigualdade entre áreas urbanas e rurais, especialmente entre indígenas e mulheres, limita o acesso a alimentos seguros e nutritivos.
Fatores internos, como bloqueios de estradas, e externos, como crises globais de preços, afetam a disponibilidade de alimentos. Além da subnutrição, a Bolívia enfrenta a “dupla carga da má nutrição”, com aumento de sobrepeso e obesidade. Instabilidades políticas e dificuldades de acesso a mercados rurais também agravam a situação.
Embora a Bolívia tenha reduzido sua pontuação desde os anos 2000, quando atingia 27 pontos, o progresso foi margina em relação aos outros países sul-americanos. Na América do Sul, o ranking de 2025 segundo o GHI é o seguinte:
Bolívia – 14,6 (fome moderada)
Trinidad & Tobago – 11,0
Equador – 10,9
Suriname – 10,4
Venezuela – 9,6
Guiana – 8,3
Peru – 7,2
Brasil – 6,4
Argentina – 6,4
Colômbia – 6,1
Paraguai – 5,2
Chile – <5
Uruguai – <5
Países como Peru, Colômbia e Brasil superam em muito a Bolívia, enquanto Chile e Uruguai mantêm níveis baixos de fome.
Brasil e o Mapa da Fome
Em uma perspectiva histórica, o Brasil registrava 11,6 pontos no GHI nos anos 2000, caiu para 5,4 em 2016 e, atualmente, apresenta 6,4. Esse avanço no índice está diretamente relacionado à saída do país do Mapa da Fome da ONU após três anos, com a média trienal 2022/2023/2024 abaixo de 2,5% da população em risco de subnutrição — critério que identifica países onde mais de 2,5% das pessoas enfrentam subalimentação grave.
O indicador, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), considera a proporção de pessoas sem acesso regular a alimentos suficientes e saudáveis, levando em conta produção, consumo e distribuição calórica. O Brasil havia retornado ao Mapa da Fome no triênio 2019-2021, depois de ter saído em 2014. Hoje, a prevalência de subnutrição é inferior a 2,5%, enquanto a insegurança alimentar grave atinge 3,4% da população e a moderada, 13,5%. Embora cerca de 8,4 milhões de brasileiros tenham enfrentado fome recentemente, os números indicam melhora em relação aos anos anteriores.
O avanço é atribuído a políticas públicas de alimentação, programas de transferência de renda e maior cobertura social, além de recuperação econômica e acesso ampliado a alimentos. Ainda assim, desigualdades regionais e vulnerabilidade a mudanças climáticas permanecem como desafios estruturais para a segurança alimentar do país.
Análise global do Índice
O GHI 2025 alerta que, globalmente, a fome entrou em fase de estagnação. Com média de 18,3 pontos, ligeiramente inferior aos 19 de 2016, a meta de Fome Zero da ONU para 2030 não é mais considerada alcançável. Conflitos armados, mudanças climáticas, inflação de alimentos e cortes na ajuda humanitária contribuem para o retrocesso.
Países como Somália (42,6), Sudão do Sul (37,5) e República Democrática do Congo (37,5) registram níveis “alarmantes” ou “extremamente alarmantes”. Em contrapartida, Chile, China, Costa Rica e Uruguai apresentam pontuações abaixo de cinco. O estudo projeta que 56 países não alcançarão níveis baixos de fome até 2030, e a meta global de Fome Zero só seria atingida em 2137 se a tendência atual persistir.
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