Brasil
Pré-sal: cinco de sete áreas são arrematadas em leilão da Agência Nacional do Petróleo
Certame ocorre dias após o Ibama ter dado aval para Petrobras perfurar primeiro poço exploratório na Bacia da Foz do rio Amazonas.

Foram arrematados 5 dos 7 blocos ofertados no leilão de pré-sal durante o 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP), realizado pela Agência Nacional do Petróleo nesta quarta-feira. O bônus arrecadado foi de R$ 103,7 bilhões com investimento previsto de R$ 451,4 bilhões. A Petrobras arrematou duas áreas. O ágio chegou a 251,63%.
O certame ocorre dias após o Ibama ter dado aval para Petrobras perfurar primeiro poço exploratório na Bacia da Foz do rio Amazonas.
A australiana Karoon iniciou o leilão ao levar o primeiro bloco. A petroleira arrematou a área de Esmeralda, na Bacia de Santos. Foi oferecido um percentual em óleo para a União de 14,10%, acima dos 10,54% previsto no edital.
A segunda área ofertada no leilão foi Ametista, na Bacia de Santos, que foi arrematada pelo consórcio formado pelas empresas chinesas CNOOC e Sinopec, com fatias de 70% e 30%, respectivamente. As empresas ofereceram percentual de 9% em óleo para a União, acima dos 6,41% do edital.
Para a área de Itaimbezinho, na Bacia da Campos, a Equinor apresentou proposta única e levou a área. Foi oferecido percentual de 6,95% em óleo para a União, acima dos 6,67%.
Concorrência em duas áreas
Para o bloco de Citrino, na Bacia de Campos, Petrobras e Prio ofereceram duas propostas. O vencedor foi a Petrobras com óleo para a União em 31,19%, bem acima de 8,87% do edital. Foi o maior ágio do certame, com 251,63%.
Na área de Jaspe, na Bacia da Campos, também houve concorrência, com duas propostas, um consórcio feito por Petrobras e Equinor; e outro por Chevron e Qatar. Quem levou foi a Petrobras e Equinor, com 32,85% de percentual em óleo para a União. Ficou acima do percentual mínimo de 16,72%.
As áreas de Ônix e Larimar não tiveram oferta.
Ao todo, 15 petroleiras estão habilitadas. Além de Petrobras, estão aptas a participar do leilão 3R (atual Brava), BP, Chevron, CNOOC, Ecopetrol, Equinor, Karoon, Petrogal, Petronas, Prio, Qatarenergy, Shell, Sinopec e Total.
Luis Fernando Paroli. diretor-presidente da Pré-Sal Petróleo, comemorou o resultado do leilão.
-Áreas que não tinham sido arrematadas em leilões anteriores agora despertaram interesse por conta de alterações feitas pela ANP, como a dispensa da necessidade de perfurar um novo poço com reprocessamento de dados sísmicos. Isso mostra a vontade da indústria em investir – afirmou o presidente da PPSA.
Sylvia Anjos, diretora da Petrobras, disse que as áreas escolhidas foram as com maior potencial:
– Foi um ótimo resultado. Levamos o que queríamos.
Segundo o diretor-geral da ANP, Artur Watt Neto, o objetivo do leilão é dar previsibilidade às empresas.
— Esse é o primeiro passo para a manutenção das atividades do setor para a recomposição das reservas de petróleo, criação de empregos e investimentos, além de gerar divisas para o país. O petróleo é hoje o principal item de exportação do país. É uma fonte de recursos para estados, municípios e governo federal. No ano passado, a arrecadação chegou a R$ 98 bilhões — afirmou Neto, na abertura do leilão.
A expectativa é que os sete blocos a serem leiloados gerem um bônus de assinatura de R$ 160 milhões, além de um investimento potencial de R$ 437 bilhões, podendo resultar em uma arrecadação futura de R$ 365 bilhões ao longo de todo o período de contratação, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Das sete áreas, a Petrobras manifestou interesse no bloco de Jaspe com fatia mínima de 40%
Áreas em oferta:
Esmeralda, na Bacia de Santos
Percentual em óleo mínimo para a União: 10,54%
Ametista, na Bacia de Santos
Percentual em óleo mínimo para a União: 6,41%
Citrino, na Bacia de Campos
Percentual em óleo mínimo para a União: 8,87%
Itaimbezinho, na Bacia da Campos
Percentual em óleo mínimo para a União: 6,67%
Ônix, na Bacia da Campos
Percentual em óleo mínimo para a União: 10,59%
Larimar, na Bacia da Campos
Percentual em óleo mínimo para a União: 10,65%
Jaspe, na Bacia da Campos
Percentual em óleo mínimo para a União: 16,72%
Como funciona
No regime de partilha, parte do petróleo e do gás produzidos pelas empresas é destinado à União – o chamado “percentual do excedente em óleo”. Assim, a empresa contratada tem direito a parte da produção suficiente para recuperar seus custos, chamada custo em óleo, e o excedente é dividido entre a União e a empresa.
O percentual desse excedente que será destinado à União é ofertado pelas licitantes que participam de um ciclo da OPP, para cada bloco, a partir de um mínimo definido no edital. A empresa ou consórcio que oferecer o maior percentual será a vencedora e arrematará o bloco.
Como, na OPP, o bônus de assinatura (valor em dinheiro pago pelas licitantes vencedoras e previsto no edital) é fixo, as ofertas vencedoras serão as que apresentarem o maior percentual em “excedente em óleo”, a partir dos valores mínimos previstos no edital.
A parte do petróleo destinada à União pelos contratos de partilha é leiloada pela Pré-Sal Petróleo, a PPSA. No último leilão da PPSA, em junho de 2025, foram vendidos 74,5 milhões de barris de petróleo, o que significa arrecadação de cerca de R$ 28 bilhões para os cofres públicos em dois anos.
Novo leilão do pré-sal tem 18 áreas em estudo
A diretora da ANP, Symone Araujo, destacou que para a próxima rodada de leilões do pré-sal, com o Quarto Ciclo, já conta com três áreas garantidas na Bacia de Campos: Caucita, Dolomita e Azurita. Além disso, ela destacou que o Ministério de Minas e Energia (MME) e Meio Ambiente já estão estudando a inclusão de 18 novas áreas nas bacias de Santos e Campos.
-Isso reforça o compromisso em aumentar o acesso a novas áreas e fomentar novas descobertas e aumentar as reservas — disse ela.
Renato Dutra, secretário de Óleo e Gás do MME, lembrou da necessidade de aumentar as reservas de petróleo no Brasil. Ele disse que a partir de 2030 o Brasil pode ter redução se não incluir novas áreas, o que pode trazer problemas de segurança energética:
— Há um esforço conjunto para garantir previsibilidade regulatória e planejamento. Estamos trabalhando em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e a ANP para isso.
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