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Economia

Vagas temporárias de fim de ano devem gerar 535 mil contratações no País

Black Friday e Natal impulsionam a abertura de oportunidades de emprego.

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Com a chegada da Black Friday e das festas de fim de ano, o mercado de trabalho volta a aquecer. Segundo estimativa da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), cerca de 535 mil contratos temporários devem ser firmados entre outubro e dezembro de 2025 — um aumento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O segundo semestre deve fechar com mais de 1 milhão de contratações no total, impulsionadas pelas datas sazonais e pelo aumento da produção e do consumo.

“O trabalho temporário é uma alternativa eficiente que garante flexibilidade, agilidade e segurança jurídica às empresas, além de formalização e oportunidades reais de renda aos trabalhadores”, explica Alexandre Leite Lopes, presidente da Asserttem. Ele ressalta que muitas vagas não exigem experiência prévia e que diversas empresas oferecem treinamento. “O temporário é uma porta de entrada ao mercado de trabalho. Quando o profissional se mostra dedicado e comprometido, há grandes chances de efetivação. A taxa média histórica é de cerca de 20%”, afirma.

De acordo com a associação, a indústria deve concentrar 50% das contratações, seguida por serviços (30%) e comércio (20%). Os setores mais aquecidos são os de eletroeletrônicos, brinquedos, vestuário, calçados e alimentos natalinos, além da logística, impulsionada pelo crescimento do comércio eletrônico.

Essa movimentação já é sentida por empresários que precisam reforçar as equipes para dar conta da demanda. “Final de ano é o período de maior movimento no comércio e no setor de alimentação, quando o fluxo de clientes aumenta consideravelmente. Contratar temporários evita sobrecarga dos colaboradores fixos e mantém o padrão de atendimento e qualidade que os clientes já conhecem”, afirma Marcus Carnevale, fundador da rede Bro Art & Burguer.

Já nas plataformas de recrutamento, o movimento é diferente. “O setor de Hotelaria e Turismo registrou um crescimento de 45% nas contratações temporárias em setembro, comparado a 2023 e 2024. Comunicação e Marketing cresceram 25%, e as áreas financeira e de engenharia, 6%”, detalha Carolina Tzanno, gerente sênior de RH da Redarbor Brasil, detentora da Catho. Segundo ela, o mercado segue aquecido, ainda que o volume de anúncios de vagas esteja estável. “As datas sazonais e o turismo de férias movimentam bastante as contratações neste período”, ressalta.

Desempenho e atitude: os diferenciais que garantem uma vaga

Ainda de acordo com a Catho, plataforma de recrutamento, o perfil dos candidatos a empregos temporários é formado majoritariamente por profissionais com nível superior completo (37%) e ensino médio (28%). Em relação à remuneração, a faixa mais comum vai de R$ 2 mil a R$ 3 mil, embora muitas vagas apareçam com salário “a combinar”. Os dados são referente ao mês de setembro.

Para Carolina Tzanno, a efetivação depende mais da postura do que do cargo. “Quando o profissional encara a oportunidade como um processo seletivo estendido, demonstra alinhamento à cultura da empresa e entrega resultados, as chances aumentam”, destaca.

O especialista em liderança e gestão Gustavo Lyrio reforça essa visão. Segundo ele, as empresas buscam flexibilidade, energia positiva e capacidade de adaptação. “Trata-se daquele profissional com quem a empresa pode contar em momentos atípicos, alguém disposto a ajudar, que chega com disposição para somar”, diz.

Foi justamente esse desempenho que garantiu a efetivação de Yasmin Emmanuel, 26 anos, que começou como operadora de caixa nas Lojas Americanas durante a Páscoa e hoje atua como atendente de tecnologia. “Fiz o que precisava fazer e mantive o foco. Acredito que meu desempenho e paciência com os clientes fizeram diferença. Depois disso, consegui me organizar financeiramente e comecei a faculdade de Biomedicina”, conta.

A psicóloga Jéssica Palin, especialista em saúde mental corporativa, concorda que o diferencial está na atitude. “O profissional que demonstra entusiasmo, interesse e se prepara para a entrevista tem mais chance de conseguir a vaga. Não é porque é temporário que não faz parte de um processo seletivo”, alerta. Segundo ela, o erro mais comum é tratar a vaga apenas como algo passageiro. “Quando o candidato vai só para resolver uma urgência, sem engajamento, o desempenho é superficial. O interesse genuíno é o que mais chama a atenção das empresas.”

Primeiro emprego e direitos garantidos

O entusiasmo também é o que move quem busca a primeira oportunidade. “Mesmo que a pessoa não tenha experiência, o que mais conta é o comportamento. A técnica a empresa ensina, mas o interesse vem do candidato”, reforça Jéssica Palin.

Arquivo pessoal

Entre os jovens que buscam emprego, Raíssa Wentz, de 19 anos, representa esse perfil. Ela procura por uma vaga em bares e restaurantes que permita conciliar trabalho e estudos. “Quero um trabalho com horários flexíveis, que me deixe estudar de manhã. E, claro, quero dinheiro e experiência — nunca é demais”, afirma.

O especialista Gustavo Lyrio acrescenta que a falta de experiência pode ser compensada por soft skills, como são chamadas as habilidades comportamentais, como comunicação, empatia e capacidade de se adaptar. “A primeira impressão é poderosa. Postura, aparência e vontade de aprender contam muito”, destaca.


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