Brasil
Região Norte registrou 3.980 atendimentos de emergência por envenenamento, incluindo 435 casos propositais, em 10 anos, aponta Abramed
Nos últimos 10 anos, o SUS registrou 45.511 atendimentos do mesmo tipo em todo o Brasil, segundo a Abramede.

Nos últimos 10 anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) ) registrou 3.980 atendimentos de emergência por envenenamentos que evoluíram para internação e, em alguns casos, para óbito. O dado faz parte de um levantamento da Abramede (Associação Brasileira de Medicina de Emergência). Deste total, 435 foram por intoxicação proposital. Os dados fazem parte de um levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).
Nos últimos 10 anos, o SUS registrou 45.511 atendimentos do mesmo tipo em todo o Brasil, segundo a Abramede. O estudo mostra que, entre 2009 e 2024, foram em média 4.551 registros ao ano, o equivalente a 379 por mês ou 12,6 por dia. Isso significa que, a cada duas horas, uma pessoa deu entrada em um pronto-socorro da rede pública por ingestão de substâncias tóxicas ou reações graves. Do total, 3.461 internações foram por intoxicação proposital causada por terceiros.
A Associação destaca que os números coincidem com os 10 anos de reconhecimento oficial da medicina de emergência como especialidade no Brasil, reforçando a importância do trabalho dos emergencistas em situações críticas. “Esses casos destacam um fenômeno alarmante: muitos episódios de intoxicação são cometidos intencionalmente, muitas vezes com motivações emocionais ou familiares, e não apenas acidentais”, afirmou Camila Lunardi, presidente da Abramede.
A médica lembrou episódios de grande repercussão, como o bolo contaminado com arsênio que matou quatro pessoas em Torres (RS), em dezembro de 2024, e a ceia de Réveillon em Parnaíba (PI), que deixou cinco mortos no início deste ano.
Outras ocorrências envolveram um ovo de Páscoa envenenado no Maranhão e um açaí entregue em casa no Rio Grande do Norte, que matou uma bebê de oito meses.
Segundo a emergencista Juliana Sartorelo, muitos casos poderiam ser evitados com maior fiscalização e regulamentação de substâncias, punição do comércio clandestino e políticas de suporte socioemocional para populações vulneráveis.
Ela também ressalta que o atendimento rápido é decisivo: “A prioridade não é identificar o intoxicante, mas garantir o suporte de vida adequado. Só depois, com o paciente estabilizado, buscamos informações para direcionar o tratamento”.
Os números revelam, ainda, um crescimento expressivo nos últimos anos: após queda entre 2015 e 2021, os registros atingiram os maiores picos em 2023 (5.523 casos) e 2024 (5.560). Entre as causas acidentais identificadas, lideram os medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios (2.225 casos), seguidos por pesticidas (1.830), álcool (1.954) e anticonvulsivantes, sedativos e hipnóticos (1.941).
A distribuição geográfica mostra que o Sudeste concentrou quase metade dos atendimentos, com São Paulo (10.161) e Minas Gerais (6.154) à frente. O Sul aparece em segundo lugar, com destaque para Paraná (3.764) e Rio Grande do Sul (3.278). No Nordeste, foram 7.080 registros, liderados por Bahia (2.274) e Pernambuco (949). O Centro-Oeste teve 5.161 casos, principalmente no Distrito Federal (2.206) e Goiás (1.876). Já o Norte somou 3.980 atendimentos, com prevalência no Pará (2.047).
As internações por intoxicação proposital também se concentraram no Sudeste (1.513), seguidas por Sul (551), Nordeste (492), Centro-Oeste (470) e Norte (435). Em números absolutos, São Paulo (754), Minas Gerais (500) e Pará (295) aparecem no topo da lista.
O perfil das vítimas mostra predominância de homens (23.796 registros). Os adultos jovens entre 20 e 29 anos foram os mais atingidos (7.313 casos), seguidos pelas crianças de 1 a 4 anos (7.204). Já os extremos da vida, como bebês de até um ano (968 casos) e idosos acima de 80 anos (também 968), apresentaram os menores índices.
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