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Amazonas

Greenpeace informa que flagrou mais de 500 balsas de garimpo durante sobrevoo no Rio Madeira (AM)

Com sobrevoo e inteligência via satélite, organização revela a presença de 542 balsas atuando ilegalmente no rio.

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Paredão de balsas dragando o leito do Rio Madeira. (Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace)

O Greenpeace Brasil informou, nesta segunda-feira (28/07) que, no último dia 19 de julho, um sobrevoo realizado na área, constatou uma concentração de 542 balsas de garimpo ilegal operando intensamente no leito do rio Madeira, em 22 pontos entre Calama, em Rondonia, e Novo Apuranã no Amazonas.

As imagens aéreas flagraram alguns “paredões” de balsas, que dragam o fundo do rio em busca de ouro, a maioria delas próximas a áreas protegidas, como a Reserva Extrativista Lago do Cuniã, Terra Indígena Lago Jauari e Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Madeira. Todas as balsas identificadas são consideradas ilegais, uma vez que as licenças anteriormente emitidas foram suspensas por decisão judicial.

A ação faz parte de um trabalho de validação dos alertas gerados por uma nova atualização do Papa Alpha, sistema de monitoramento desenvolvido pelo Greenpeace Brasil. Utilizando imagens de radar do satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia, o sistema é capaz de identificar estruturas metálicas de balsas, mesmo sob densa cobertura de nuvens, e gerar alertas quase em tempo real sobre atividades suspeitas de garimpo na região amazônica. Os alertas gerados por satélite foram confirmados visualmente por sobrevoo na região.

Novo sistema de monitoramento de balsas

A tecnologia por trás dessa inovação é fruto da adaptação de um código originalmente usado para detectar derramamentos de óleo no mar. A equipe de pesquisa do Greenpeace reconfigurou a ferramenta, antes voltada à navegação oceânica, para outro propósito urgente na proteção dos ecossistemas.

O sistema permite comparar áreas em diferentes datas e detectar alterações que indicam atividades de mineração ilegal. Os alertas geram coordenadas geográficas específicas, que são cruzadas com dados visuais para confirmar a presença das dragas de garimpo. Três análises realizadas neste semestre mostram um crescimento significativo na presença de balsas de garimpo no Rio Madeira. Entre janeiro e fevereiro, foram identificadas 130 embarcações. Na segunda quinzena de junho, esse número subiu para 285. Já no período de 15 a 18 de julho, o levantamento mais recente, registrou 542 balsas, localizadas tanto no leito do rio, quanto em zonas ripárias, áreas de transição entre o corpo d’água e a vegetação, com papel importante na estabilidade ecológica da região.

“Cada balsa ilegal significa mercúrio nos rios, florestas destruídas e vidas ameaçadas”, afirma Grégor Daflon, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil. “Estamos falando de uma atividade criminosa que não apenas devasta o meio ambiente, mas também deteriora a qualidade da água e contamina os peixes da região, impactando diretamente as comunidades, rurais e urbanas, que dependem desses recursos. Com o uso da nova tecnologia, essas estruturas não conseguem mais se esconder. Sabemos onde estão, quando chegam e como se movem. É um passo decisivo para responsabilizar os culpados e pressionar as autoridades por uma resposta à altura da destruição que está em curso”, destaca.

O Greenpeace Brasil planeja agora expandir o monitoramento para outros rios, como o Rio Tapajós e o Rio Teles Pires, que também são gravemente afetados pelas balsas garimpeiras. Outro objetivo é criar um banco de dados público, com as rotas, pontos críticos e evolução dos aglomerados de balsas, fortalecendo a transparência e a pressão sobre as autoridades. As informações levantadas serão sistematicamente encaminhadas a órgãos como o Ministério Público, Ibama e Polícia Federal, com o objetivo de gerar respostas rápidas e eficazes. A expectativa é que a combinação entre tecnologia de ponta, investigação de campo e pressão pública permita virar o jogo no combate ao crime ambiental que avança sobre os rios da Amazônia.


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