Brasil
Garimpo diminui na Amazônia, mas avança em áreas dominadas por facções, aponta relatório
Relatório do Greenpeace mostra queda geral do garimpo ilegal entre 2023 e 2024, mas com crescimento significativo em áreas como a TI Sararé.

O garimpo ilegal ainda é um problema crônico na Amazônia. Apesar da redução da atividade criminosa nos dois primeiros anos do governo do presidente Lula (2023 e 2024), os dados mostram que os garimpeiros estão “migrando” de áreas sob fiscalização mais rígida para regiões menos vigiadas. A conclusão é de um novo relatório divulgado pelo Greenpeace Brasil nesta 3ª feira (8/4).
Segundo a publicação, houve uma redução de 7% da atividade garimpeira ilegal na TI Yanomami (RR) nos últimos dois anos, decorrente da retomada da fiscalização e do combate ao garimpo no contexto da crise humanitária vivida pelas comunidades Yanomami. Nesse período, a queda do garimpo foi ainda mais expressiva em outros territórios, como a TI Kayapó (PA), de 31%, e a TI Munduruku, de 57%. Por outro lado, o garimpo explodiu na TI Sararé (MT), com alta de 93%.
Mesmo com a queda geral, o total de floresta destruída nesses quatro territórios entre 2023 e 2024 chegou a 4.219 hectares – uma área superior ao Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, e equivalente a quase 6 mil campos de futebol.
“O que estamos vendo é que quando o garimpo se torna inviável em um local, ele simplesmente se desloca para outro. Esse ouro que sai da Amazônia está manchado pelo sofrimento dos Povos Indígenas e pela destruição da floresta”, afirmou Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.
O relatório também revelou discrepâncias nos dados referentes ao comércio internacional de ouro. Por exemplo, em 2002 a Suíça importou 67% a mais de ouro do que o Brasil declarou ter exportado. No ano seguinte, essa diferença foi de 62%, totalizando quase 19 toneladas de ouro com origem suspeita. Esses indícios apontam para uma parte substancial do ouro ilegal extraído na Amazônia que está sendo lavada e legitimada no mercado global.
Para atacar o problema, o Greenpeace Brasil defende uma série de medidas para as autoridades brasileiras e estrangeiras. Entre as ações propostas, estão a criação de um programa estratégico e integrado de combate ao garimpo ilegal em Terras Indígenas, uma auditoria em todas as Permissões de Lavra Garimpeira (PLG) ativas, o confisco do ouro de origem ilegal para financiar a recuperação das áreas degradadas, e a proibição do uso de mercúrio na extração do metal.
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