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Amazonas

Para conter Covid-19, Colômbia põe região fronteiriça com o Amazonas sob lockdown

Autoridades brasileiras e colombianas discutirão situação em reunião na tarde desta sexta; Lima e Bogotá criam comitê binacional para enfrentar crise.

A Colômbia anunciou quarentena total dos moradores do departamento (estado) do Amazonas, na fronteira tríplice com o Brasil e com o Peru, por 15 dias, a partir desta sexta-feira. A medida é uma tentativa de conter os casos de Covid-19 na região, que concentra o maior número de infecções per capita no território colombiano – muitos deles importados de Tabatinga, cidade vizinha à colombiana Leticia no Amazonas brasileiro. As informações são do jornal O Globo.

Na prática, a medida equivale a um lockdown, já que só será possível sair de casa para ir ao médico ou ao mercado. Segundo a ministra do Interior colombiana, Alicia Arango, todas as atividades serão fechadas no departamento, com o isolamento preventivo e obrigatório de todos os cidadãos até o dia 30 de maio.

Em uma entrevista na noite de quinta, o presidente Iván Duque disse ainda que haverá uma reunião por videoconferência entre os chanceleres colombiano e brasileiro e os Ministérios da Saúde e da Defesa de ambos os países nesta sexta-feira, buscando discutir uma política homogênea de combate e contenção da Covid-19 nas zonas de fronteira. Segundo a agenda do chanceler Ernesto Araújo, a videoconferência ocorrerá às 17h. No início da tarde, o Ministério da Saúde brasileiro disse ao jornal O Globo que sua participação na reunião não estava prevista até o momento.

“Nos encontramos em uma situação que pode se tornar crítica, dadas as diferenças que temos na abordagem do controle epidemiológico, como é o caso com o Brasil, nos pontos de fronteira – disse Duque a um canal estatal, afirmando que as autoridades discutirão um afinamento das “políticas na zona” amazônica e o “fortalecimento do corredor fronteiriço”, acrescentou.

A situação na fronteira entre Colômbia, Peru e Brasil – estes últimos os dois mais afetados pela Covid-19 na América do Sul – é crítica. Hoje, 90 em cada 10 mil habitantes do Amazonas colombiano foram diagnosticado com o novo coronavírus, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde (INS). Para fins comparativos, a taxa na capital Bogotá é de 5,5 para cada 10 mil habitantes, de acordo com o jornal El Tiempo.

Em paralelo à reunião entre Bogotá e Brasília, Colômbia e Peru anunciaram na quinta-feira a criação de um comitê binacional para enfrentar a pandemia do novo coronavírus em suas localidades fronteiriças, após uma reunião de seus ministérios da Saúde. Segundo a chancelaria peruana, o objetivo da iniciativa é proteger as comunidades indígenas que habitam a região amazônica.

Os ministérios da Saúde dos dois países concordaram em cooperar no que for necessário para atender a situação dos moradores da fronteira e de povos indígenas ou originários. A iniciativa, que terá sua primeira reunião no dia 18 de maio, foi criada no âmbito da quinta reunião do Mecanismo de Consulta e Coordenação Política Peru-Colômbia, ação bilateral criada em 2007. A comunidade local, no entanto, demanda uma estratégia tríplice, que inclua o Brasil.

A situação é particularmente grave na cidade de Leticia, capital do Amazonas colombiano, onde há 76 mil pessoas e apenas um hospital público. Lá, o primeiro caso foi registrado no último dia 17 de abril. Na última quinta, menos de um mês depois, os casos já eram 924. A cidade faz fronteira com Tabatinga, cidade do Amazonas brasileiro, um dos estados mais afetados proporcionalmente pela doença em território nacional – lá, há mais de 300 mortos por cada milhão de habitantes, praticamente o dobro de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil.

Duque já havia anunciado, no último dia 13, o reforço do policiamento nas fronteiras, com militares deslocados para demarcar o limite entre Colômbia, Brasil e Peru e controlar o fluxo de pessoas. A medida sanitária gerou críticas da população, pois ignora a dependência dos cidadãos locais de Tabatinga.

Com o confinamento anunciado na quinta, os moradores do lado colombiano ficarão ainda mais isolados. Segundo a decisão do governo de Bogotá, a população só poderá sair de casa para serviços essenciais, como atendimento médico e compras em mercado. O governo local terá o apoio de Bogotá para implementar as medidas.


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