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Cientistas enviam carta ao ministro da Saúde para cobrar plano de ação contra a pandemia

“Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do MS (Ministério da Saúde) se resumirão a informar o número de mortos”, diz o documento, enviado ontem pela SBPC a Nelson Teich

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou ontem (29) uma carta ao ministro da Saúde  Nelson Teich cobrando um plano de ação de combate a pandemia provocada pela covid-19. “Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do MS (Ministério da Saúde) se resumirão a informar o número de mortos”, diz o texto.

No documento, a SBPC afirma que o plano “deve ser baseado em dados levantados pela ciência e espelhado em atitudes que foram executadas com sucesso por governos de outros países na contenção da infecção, poupando uma quantidade enorme de vidas”.

A carta ressalta a importância do alinhamento com as diretrizes estipuladas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que preconizam o isolamento dos casos e o distanciamento social como as principais ações para conter o aumento do número de vítimas e não sobrecarregar o sistema de saúde. “É fundamental que a população se sinta amparada e possa ouvir uma voz uníssona que reforce essas diretrizes, assumindo uma conduta única, em consonância com o que os cientistas de todo mundo pregam.”

Subscrito por mais de 40 entidades científicas, o documento também solicita esclarecimento sobre outras ações para o enfrentamento da pandemia como, por exemplo, os dados sobre fornecimento de respiradores às Unidades de Saúde, e que providências estão sendo tomadas para que haja o aumento expressivo no número de pessoas testadas.

Os números oficiais divulgados pelo Ministério da Saúde ontem (29) mostram que o Brasil tem 78.162 infectados pelo novo coronavírus e que o número de mortes por Covid-19 no país chegou a 5.466.

Veja abaixo a carta da SBPC na íntegra:

Senhor Ministro,

Observamos nos últimos dias um crescente número de mortos e um colapso no sistema de saúde de muitas localidades brasileiras, ocasionados pela SARS-Cov-2. Desde o dia 17 de abril do corrente, quando ocorreu sua posse no Ministério da Saúde, nós, cientistas, esperamos visualizar o delineamento de um plano de ação para um combate direto e eficaz da pandemia provocada pelo COVID-19. Esse plano deve conter ações emergenciais a serem implementadas o mais rapidamente possível e divulgadas, de forma a garantir a transparência das ações do ministério no atual momento sanitário pelo que passa o país.

As diretrizes estipuladas pela Organização Mundial da Saúde, que preconizam o isolamento dos casos e o distanciamento social, são as principais ações para conter o aumento do número de vítimas e não sobrecarregar o sistema de saúde. Portanto, é fundamental que a população se sinta amparada e possa ouvir uma voz uníssona que reforce essas diretrizes, assumindo uma conduta única, em consonância com o que os cientistas de todo mundo pregam. Ainda não atingimos o pico da epidemia e o número de vítimas fatais continua em ascensão vertiginosa. Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do MS se resumirão a informar o número de mortos.

Outras ações para o enfrentamento da pandemia são prementes e não temos clareza de como estão sendo executadas. Assim, indagamos:

– Quantas Unidades de Saúde já foram, estão sendo, ou serão contempladas com o fornecimento de respiradores que permitam salvar a vida dos doentes mais graves de SARS-Cov-2?

– Que providências estão sendo tomadas para que haja o aumento expressivo no número de pessoas testadas para que possamos estimar o cenário epidemiológico com mais clareza e precisão?

– O compromisso assumido de fornecimento de equipamentos de proteção aos profissionais da saúde que estão na frente do combate à COVID-19, arriscando suas vidas, está sendo cumprido com a urgência necessária?

– Há um plano para o uso dos leitos hospitalares de modo integrado? Diversos países fizeram a integração das redes hospitalares públicas e privadas por decisões dos governantes, com ótimos resultados na distribuição e atendimento dos doentes mais graves.

Dessa forma, é mister que seja divulgado, e implementado com rapidez, um plano de ação para a solução dessas questões fundamentais e urgentes. Esse plano deve ser baseado em dados levantados pela ciência e espelhado em atitudes que foram executadas com sucesso por governos de outros países na contenção da infecção, poupando uma quantidade enorme de vidas. A principal preocupação no momento tem que ser o respeito à vida!

Atenciosamente,

ILDEU DE CASTRO MOREIRA

Presidente da SBPC


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