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Brasil

Presidente apresenta PEC de Segurança Pública a governadores e ouve reclamações

Todos os 27 governadores foram convidados, 18 compareceram, incluindo gestores em exercício

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Ricardo Stuckert/PR

O governo Lula (PT) apresentou uma proposta de PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança Pública, elaborada pelo Ministério da Justiça para combater organizações criminosas, nesta quinta-feira (31). Os governadores agradeceram o debate, mas fizeram reclamações sobre a Justiça e a concentração da proposta no Executivo federal. As informações são do UOL.

O governo federal diz querer criar um pacto nacional, entre União e estados. O Ministério da Justiça propõe integração dos sistemas de segurança e equiparação das polícias nacionais e estaduais, com criação de uma força ostensiva, equivalente à Polícia Militar, nacionalmente.

Parte dos governadores pediu maior independência dos estados. “Nós somos um país muito grande e muito diferente. O problema meu não é o do Piauí, que não é o do Amazonas, que não é o do Rio Grande. Nós temos problemas regionais muito mais relevantes”, disse o fluminense Cláudio Castro.

De oposição, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, foram no mesmo tom. “Senhor presidente, faça a PEC, [mas] transfira cada governador a prerrogativa de legislar sobre aquilo que é legislação penal e legislação penitenciária”, sugeriu o goiano.

O cearense Elmano de Freitas (PT) concordou na defesa da autonomia dos estados, mas ponderou que é preciso haver linhas gerais. “Se nós temos dificuldade de integrar, tendo um código penal e um código de processo penal, imagina, nós estamos com 27 códigos de processo penal e 27 códigos penais? O absoluto caos jurídico”, questionou. “Nós precisamos avançar muito na integração.”

Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, concordou com a proposta de constitucionalização do Susp (Sistema Único de Segurança Pública). “Mesmo que a gente compreenda todas as diferenças que existem no nosso país, constitucionalizar sempre é um caminho que leva à manifestação da importância do tema e o protagonismo que o Estado brasileiro tem que ter com relação a um tema”, ponderou. O piauiense Rafael Fonteles (PT) também reforçou a proposta.

Tarcísio pediu ajuda integrada do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para combate à lavagem de dinheiro pelas facções. “Falta mais acesso às informações que são produzidas no Coaf. E aí, a inteligência, o ‘follow the money’ é o que vai, eventualmente, ter mais sucesso”, afirmou o governador.

Fábio Mitidieri (PSD), de Sergipe, ponderou sobre a dificuldade orçamentária. “O traficante hoje não é mais de pistola, não é mais de revólver, é de metralhadora —e a nossa polícia não tem o mesmo padrão, muitas vezes, de armamento e de tecnologia que o crime organizado tem”, argumentou.

Na apresentação, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) cobrou a colega Esther Dweck (Gestão e Inovação) por maior orçamento. “Nós queremos concursos, queremos recursos, gente para enfrentar a criminalidade”, disse. Em meio a um debate de corte de gastos, o governo promete não aumentar efetivo, mas não falou sobre financiamento da proposta.

Todos os 27 governadores foram convidados, 18 compareceram, incluindo gestores em exercício. A apresentação foi feita pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, na presença do presidente Lula (PT) e do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. O ex-ministro do MJ Flávio Dino representa o STF (Supremo Tribunal Federal).

Houve uma cutucada de Lewandowski a 2 representantes na reunião. Com o objetivo de argumentar a favor desta integração, lembrou da resolução do caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, voltando-se ao governador Cláudio Castro (PL-RJ), e sobre os atentados golpistas de 8 de Janeiro, na presença da vice-governadora Celina Leão (PP-DF).


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