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Brasil

CGU afirma que governo Lula não oferece segurança aos servidores em terras indígenas

Relatório foi motivado pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

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A CGU (Controladoria-Geral da União) afirmou em relatório divulgado nesta quarta-feira (23) que o governo Lula (PT) não oferece proteção necessária para servidores atuarem na defesa das terras indígenas do país.

A análise foi motivada pelos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips , em 2022, e verificou que o sistema de gestão de riscos da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) não está suficientemente estruturado.

A Controladoria também observou que a Funai não tem atuado de forma adequada para gerenciar riscos relacionados a ameaças a servidores, colaboradores e lideranças indígenas.

De dez unidades prioritárias para a Funai na Amazônia Legal, em pelo menos metade foi registrada, formalmente, ao menos um caso de ameaça ou atentado à integridade física de servidores e indígenas ou ao patrimônio da fundação entre 2021 e 2023.

A controladoria também recebeu, em entrevistas nas áreas críticas de conflitos no campo, casos de ameaças veladas e cenários de grave insegurança para os agentes da Funai e de comunidades indígenas.

Segundo o órgão, a situação prejudica a proteção territorial e evidencia a ausência de protocolos de segurança e planos de contingência para mitigar a probabilidade ou o impacto desses eventos.

Também foi reportado à equipe de auditoria da CGU, e evidenciado em relatório dos próprios auditorias internas da Funai, que o comitê da fundação responsável pela gestão de riscos não foi implementado e tem funcionado de forma intermitente.

A CGU ainda afirma que os eventos contra agentes da Funai, colaboradores ou lideranças indígenas “resultaram na perda de recursos humanos importantes e melhoraram parcerias relevantes com as comunidades que denunciam ilícitos”.

Segundo a CGU, a continuidade de situações de exposição de riscos à segurança dessas pessoas pode se materializar em crimes violentos, “com repercussões sobre os objetivos da instituição e a imagem do estado”.

“A sua recorrência pode comprometer a confiança da sociedade em relação à capacidade do órgão ou da entidade no cumprimento de sua missão, bem como afetar a imagem do Brasil no exterior frente aos seus compromissos ambientais e na temática de direitos humanos”, disse.

Atualmente há 728 terras indígenas no Brasil, em diferentes estágios de processo de demarcação, o que representa cerca de 13% do território nacional e 117,4 milhões de hectares.

A Constituição Federal diz que a União deve garantir a proteção desses lugares e a sua integridade para o usufruto exclusivo dos povos indígenas.

A controladoria também lembra que o apoio de outros governos governamentais com poder de polícia é imprescindível para a efetividade da proteção dos territórios indígenas na sua fiscalização.

“Ainda que a Funai tenha seu poder de polícia regulamentado e incremento de recursos humanos e financeiros, a atuação coordenada e consistente de diversos órgãos será necessária para o atingimento dos objetivos da política indigenista”, diz.

Bruno e Dom foram assassinados em 5 de junho de 2022, numa emboscada quando retornavam pelo rio Itaquaí, na região da Terra Indígena Vale do Javari . O destino do indigenista e do jornalista era Atalaia do Norte (AM), cidade que fica na tríplice fronteira do Brasil com Colômbia e Peru.

Segundo a acusação do Ministério Público Federal, o duplo assassinato foi cometido por pescadores ilegais e motivados pela atuação de Bruno contra a pesca ilegal na terra indígena.


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