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COP16: Indígenas exigem apoio financeiro direto para conservar Amazônia

Esse financiamento direto seria uma “compensação” necessária pelo cuidado que os povos indígenas têm proporcionado à grande floresta amazônica “durante milhares de anos”.

Os povos indígenas da Amazônia precisam de “financiamento direto” para proteger seus territórios e, assim, conservar a natureza, defendeu, nesta segunda-feira (21), um de seus líderes na abertura oficial da COP16 sobre biodiversidade, realizada em Cali, na Colômbia.

“Como movimento indígena amazônico, queremos participar da construção dos documentos, tanto técnicos quanto políticos, mas também precisamos falar da parte financeira” desta COP16, declarou Oswaldo Muca Castizo, presidente da Organização dos Povos Indígenas da Amazônia Colombiana (Opiac).

“Para poder seguir falando de conservação, para poder seguir falando de proteção, precisamos de um mecanismo de financiamento direto para os povos indígenas, para que possamos continuar a conservar”, acrescentou.

O líder indígena fez sua declaração diante de representantes de diversas comunidades da bacia amazônica, alguns deles pintados com símbolos tradicionais, enquanto outros usavam impressionantes cocares de plumas multicoloridas.

Para Muca, esse financiamento direto seria uma “compensação” necessária pelo cuidado que os povos indígenas têm proporcionado à grande floresta amazônica “durante milhares de anos”.

Na Colômbia, existem 64 povos amazônicos, de um total de 115 etnias indígenas, e a Amazônia cobre quase metade de seu território.

“Hoje se pode falar de território, de biodiversidade, de mudança climática […] Mas, para continuar protegendo, precisamos de ampliações” das áreas indígenas, explicou. “Se deixarem de ser protegidas, outras pessoas de fora chegam para nos explorar, chegam para nos prejudicar.”

A Amazônia abrange nove países da América do Sul: Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Recentemente, alguns desses países têm sido duramente afetados por uma escassez de chuvas incomum.

A seca coincide com os piores incêndios na região amazônica em quase duas décadas, de acordo com o observatório europeu Copernicus.

“Não se pode falar apenas das árvores, não se pode falar apenas do cuidado com a água, porque ali vivem indígenas, há pessoas que sempre cuidam desse território”, disse o porta-voz da Opiac.

Além da seca, há o desmatamento, uma ameaça que pode transformar a floresta amazônica em uma vasta savana, apontam especialistas.

“Fazemos um chamado ao mundo inteiro para que reconheçam que desempenhamos um papel importante para salvar a humanidade. Mas, para continuar […], precisamos dessas ações diretas”, afirmou Muca.


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