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Casos de covid-19 têm aumento de 27% em agosto, mostram dados do ministério da Saúde

Comparação é feita com o mesmo período de julho; especialistas dizem que alta era esperada.

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O Brasil registrou 12.933 novos casos de covid-19 e 176 mortes pela doença de 4 a 17 de agosto. Nas duas primeiras semanas de agosto observadas pelo Ministério da Saúde, houve um aumento de 27% nos casos e 4% nas mortes no comparativo com o mesmo período de julho de 2024, quando foram contabilizados 10.127 casos e 168 mortes.

Para a médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Margareth Dalcolmo, o aumento no número de casos já era esperado por conta do surgimento de novas variantes e da baixa cobertura vacinal.

Segundo ela, o vírus causador da covid, o Sars-Cov-2, já é endêmico, ou seja, continuará circulando entre a população e causando pequenos surtos. Por esse motivo, Dalcolmo afirma que o aumento de casos passará a ser cíclico.

Em entrevista ao Poder360, a pesquisadora declarou que ainda não se sabe se o vírus aparecerá de forma sazonal por conta de determinadas épocas do ano, mas que é possível que, com as temperaturas mais baixas e o clima mais seco, o surgimento de casos seja maior.

Na avaliação do médico sanitarista Gonzalo Vecina, um dos idealizadores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do SUS (Sistema Único de Saúde), o número de casos pode ter aumentado no inverno por conta dos locais fechados.

Além disso, Vecina também mencionou como um dos fatores a temporada de volta às aulas nas escolas. “Essa volta às aulas tem um impacto direto, porque as crianças vão à escola, trocam material biológico e levam isso para casa, e os pais, os avós e os tios vão pegar as doenças respiratórias, sejam elas quais forem”, afirmou o médico ao Poder360.

Mutações

Atualmente, a cepa que circula no país é a ômicron e a suas subvariantes. Segundo Vecina, quanto maior o número de casos, maior será a probabilidade da ocorrência de novas mutações.

O vírus tem alta capacidade de mutação, processo que acontece de forma aleatória. No entanto, o médico afirma que a probabilidade de a variante mudar para uma forma “mais amena” é maior do que para uma forma mais grave da doença.

“O vírus pode até ficar mais capaz de se disseminar, mas dificilmente vai ficar mais grave pelo caminho que ele adotou até agora. As mudanças ocorrem em áreas que não levam ele a ser mais mortal”, declarou Vecina.

Cobertura vacinal

De acordo com Dalcolmo, a cobertura vacinal está “muito aquém” do que deveria estar. “As pessoas estão se vacinando menos do que deveriam”, disse a pesquisadora.

No entanto, ela afirma que, apesar do aumento, os casos não têm sido graves e não têm levado a um número grande de internações. A médica disse ainda que aqueles que estão internados por covid-19 são pessoas que não foram vacinadas ou idosos e pessoas com comorbidades.

Vecina explica que a vacinação não protege contra a covid, mas protege aqueles que se imunizaram de adquirir a doença de forma grave.

No entanto, segundo ele, a maior parte dos que se vacinaram, tomaram o imunizante há mais de 6 meses e que, por esse fator, a proteção das doses pode diminuir.

“Há uma queda na proteção de anticorpos de 5 a 6 meses depois da última dose. Então, deveríamos estar pensando em uma dose de reforço em relação à covid, mas isso é o ministério que tem que se pronunciar”, declarou.

Dalcolmo também mencionou esperar um aumento da cobertura vacinal. Como recomendação, ela afirmou que os diagnósticos têm que ser feitos e que as pessoas devem cumprir a norma sanitária, de 5 dias de isolamento.

Na última semana epidemiológica, de 11 a 17 de agosto, o Brasil registrou 3.663 novos casos e 68 mortes. No entanto, os maiores números do mês foram observados na semana de 4 a 10 de agosto, com 9.270 casos e 108 mortes.


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