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Mudanças climáticas têm influenciado o aumento dos eventos extremos de secas e enchentes, diz cientista.

As mudanças no ciclo hidrológico na Amazônia têm gerado impactos significativos para as populações ribeirinhas da região.

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As mudanças climáticas na região amazônica têm influenciado o aumento significativo dos eventos extremos como secas e enchentes, que por sua vez tem afetado o ciclo hidrológico na Amazônia. É o que aponta o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Jochen Schöngart, durante a participação na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na mesa-redonda intitulada “A Hidrografia, os aquíferos, as secas e enchentes na Amazônia”, o pesquisador afirmou que eventos extremos são influenciados por muitos fatores, a exemplo o aquecimento global.

De acordo com Schöngart, tanto as populações da Amazônia quanto seus ecossistemas são afetados por esses eventos. “A magnitude de cheias e de secas severas na Amazônia tem implicações grandes, não só para os ecossistemas, mas também para as pessoas, afetando a segurança alimentar e hídrica das populações ribeirinhas que dependem das áreas alagáveis que são conectadas as rede fluvial da Amazônia”, frisa.

O ciclo hidrológico é o processo contínuo de circulação da água entre os diferentes ecossistemas da da natureza como a atmosfera, os oceanos, os rios, os lagos, as geleiras e os lençóis subterrâneos. A Amazônia é caracterizada por altos índices pluviométricos, com chuvas intensas ao longo do ano, principalmente durante a estação chuvosa entre dezembro e maio. A umidade excedente é absorvida pela vegetação, que realiza a evapotranspiração, ou seja, joga a água para a atmosfera, formando nuvens e contribuindo para o regime de chuvas na região.

Entretanto, o aumento das secas somado ao desmatamento tem resultado em impactos negativos no ciclo hidrológico local e regional. As mudanças no ciclo hidrológico na Amazônia têm gerado impactos significativos para as populações ribeirinhas da região, dentre esse impactos pode-se citar: a inundação de áreas habitadas; o nível dos rios que afetam a pesca, a agricultura e outras atividades tradicionais; saúde e segurança; e a perda de recursos naturais.

Jochen enfatiza que é crucial investir em educação, pesquisa e tecnologia para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. “A Amazônia demanda grande investimento para desenvolver tecnologias inovadoras para adaptar as populações e os manejos tradicionais, garantindo a sobrevivência e a segurança hídrica e alimentar no contexto das mudanças do clima, que são responsáveis pelas alterações do ciclo hidrológico na Amazônia“, comenta.

Jochen é pesquisador titular da Coordenação de Pesquisas em Dinâmica Ambiental (Codam) do Inpa, membro e vice-coordenador do Grupo de Pesquisa Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Maua). Atua também como membro do Comitê Científico do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA/Inpa-MCTI) e faz parte do corpo docente dos Programas de Pós-Graduação em Ecologia, Botânica e Ciências de Florestas Tropicais, todos do Inpa.

Além de Schöngart, participaram da mesa o professor Ingo Daniel Wahnfried da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o pesquisador Ayan Fleischmann do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), e como mediador, Naziano Filizola, também da Ufam.


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