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Brasil

Amazônia concentra 92% de toda a área garimpada no país, revela pesquisa MapBiomas

Outro dado relevante foi que 10% da área garimpada na Amazônia, o que representa 25,1 mil hectares, ficam dentro de Terras Indígenas (TIs), em especial nas TIs Kayapó, Munduruku e Yanomami.

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Levantamento mostra que os garimpos estão a menos de 500 metros de algum corpo d’água, como rios, lagos e igarapés. (Foto: Bruno Kelly/Reprodução)

Setenta e sete por cento das áreas de garimpo na Amazônia brasileira estão a menos de 500 metros de algum corpo d’água, como rios, lagos e igarapés. É o que aponta levantamento recém-divulgado pelo MapBiomas – os dados são referentes a 2022.

No ano analisado, a região concentrava 92% de toda a área garimpada no país: 241 mil hectares, sendo que 186 mil hectares ficam a menos de meio quilômetro de algum curso d’água. Entre 2021 e 2022, houve um aumento de 35 mil hectares de áreas garimpadas no Brasil, o equivalente ao tamanho da cidade de Curitiba.

“A proximidade do garimpo aos cursos d’água constitui o DNA da atividade de extração garimpeira na Amazônia, especialmente do ouro, que está quase sempre atrelado aos rios e seus depósitos aluvionares”, disse Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas, em comunicado. “É uma das características de alto risco, ambiental e social, que essa atividade oferece ao bioma. Enquanto o desmatamento fica circunscrito à área garimpada, o assoreamento gerado pela movimentação de terra na proximidade das bordas de rios e igarapés e a contaminação da água pelo mercúrio, e mais recentemente por cianeto, alcançam áreas muito maiores.”

Segundo o documento, os corpos d’água da Amazônia representavam cerca de 3% de sua cobertura total em 2022, com 11,9 milhões de hectares. Outro dado relevante foi que 10% da área garimpada na Amazônia, o que representa 25,1 mil hectares, ficam dentro de Terras Indígenas (TIs), em especial nas TIs Kayapó, Munduruku e Yanomami.

Na TI Kayapó, a área garimpada ocupa 13,79 mil hectares – dos quais 70% (9,6 mil) ficam a menos de 500 metros de algum curso d’água. Na TI Munduruku, o garimpo ocupa 5,46 mil hectares – 39% dos quais (2,16 mil) a menos de 500 metros da água. E, na TI Yanomami, são 3,27 mil hectares de garimpo e 2,10 mil hectares (64%) a menos de meio quilômetro dos cursos d’água.

“As Terras Indígenas são as áreas mais preservadas da Amazônia. Ainda assim, no seu interior, a concentração de garimpos próximo aos cursos d’água é extremamente preocupante, uma vez que populações indígenas e ribeirinhas usam quase que exclusivamente dos rios e lagos para sua subsistência alimentar. A contaminação dos rios e lagos representa para ribeirinhos e indígenas a fome, a sede e graves riscos à saúde destas comunidades – todos muito mais graves nas fases iniciais da vida”, ressaltou César.

Pistas de pouso

O MapBiomas identificou também a quantidade de pistas de pouso em terras indígenas na Amazônia, o que também indica a forte presença do garimpo nessas áreas. A TI Yanomami ocupa a primeira posição, com 75 postas, seguida por Raposa Serra do Sol, com 58; Kayapó, com 26, e Munduruku e Parque do Xingu, com 21 cada.

As imagens de satélite mostram que no interior das Terras Indígenas a proximidade entre as pistas e o garimpo é maior. No caso da TI Yanomami, um terço das pistas (28 do total de 75, ou 33%) está a menos de cinco quilômetros de alguma área de garimpo.

Percentual semelhante (34%) foi encontrado na TI Kayapó (9 de 26 pistas). Na TI Munduruku, por sua vez, 80% das pistas (17 de um total de 21) estão a menos de cinco quilômetros de alguma área de garimpo.


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