Brasil
Escola de samba Salgueiro homenageia povo Yanomami e alerta sobre defesa da Amazônia
No refrão, os salgueirenses entoaram a expressão “Ya temi xoa, aê, êa!”, que pode ser traduzido como “eu ainda estou vivo”, na língua Yanomami.
O Acadêmicos do Salgueiro, terceira a desfilar na noite de domingo (11/2) de carnaval no Sambódromo do Rio de Janeiro, apresentou um enredo inspirado no livro “A queda do céu — palavras de um xamã Yanomami”, co-escrito por Davi Kopenawa, líder Yanomami, que desfilou no último carro.
O samba-enredo, com Davi como protagonista, destacou a luta do povo Yanomami, compondo um tom político evidente desde a comissão de frente, onde bailarinos representavam a situação do povo com feridas e respiradores ligados a mudas de plantas.
A narrativa de Kopenawa também instigou o desejo de respeito à cultura Yanomami, não apenas por pena, mas por admiração. No fim do desfile, houve homenagens a Dom Philips e Bruno Araújo, assassinados em 2022 no Vale do Javari. O enredo emocionou a rainha de bateria Viviane Araújo, destacando-se pela carga crítica, como evidenciado no tripé “comedor de terra”, que denunciava os invasores da terra Yanomami.
Ao todo, 14 lideranças da Terra Indígena Yanomami desfilaram no carro principal de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro. “Queremos sua ajuda. Queremos que você defenda nosso planeta Terra, nossa saúde, nossa língua, nosso xamã, nossa sabedoria, nossa música, nossa alegria. É por isso que vocês estão escolhendo uma música muito importante para todos ouvirem”, afirmou Davi Kopenawa, xamã e líder espiritual do povo ianomâmi.
A Salgueiro ressalta que há mais de mil anos os ianomâmis vivem na maior Terra Indígena (TI) do país, em um território ao norte do Brasil e sul da Venezuela, localizado nos estados do Amazonas e Roraima, nas bacias do Rio Negro e do Rio Branco.
“Quinhentos anos antes dessas duas nações existirem, eles já estavam lá. Viver na floresta é um ofício que requer uma sabedoria ancestral, não fabricada em laboratório, nem encontrada nas páginas dos livros do ‘povo da mercadoria’. Viver na floresta como ianomâmi é ser parte dela. É conviver com seres humanos e não humanos, animais, plantas, vento, chuva e milhares de espíritos”, frisa a escola de samba.
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