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Amazonas

Manaus lidera cidades da Amazônia Legal com atuação de facções criminosas nacionais e estrangeiras, aponta estudo

O levantamento aponta que ao menos 22 facções criminosas nacionais e estrangeiras atuam na Amazônia Legal, área formada por nove estados brasileiros.

A capital do Amazonas, Manaus, lidera a lista de cidades com atuação de facções criminosas citadas no estudo “Cartografias da violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (30) e publicado no site G1. De acordo com o estudo, a lista das capitais da região que têm conflito entre facções são: Manaus (AM); Porto Velho (RO); Macapá (AP); Rio Branco (AC) e Palmas (TO).

O levantamento aponta que ao menos 22 facções criminosas nacionais e estrangeiras atuam na Amazônia Legal, área formada por nove estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e por parte do Maranhão.

O levantamento mapeou a presença de facções em 178 das 772 cidades da Amazônia Legal (24,6%), quase um a cada quatro municípios. Em 80 delas, há disputa entre facções.

A presença de grupos criminosos impacta na violência e no tráfico de drogas na Amazônia Legal:

– A taxa de mortes violentas nessa área é 45% maior do que a média nacional e, segundo estudo, está ligada diretamente ao aumento da disputa entre facções na região a partir de 2016.
– Nos últimos quatro anos, a apreensão de drogas na Amazônia Legal disparou, outro indicativo para os pesquisadores do aumento do tráfico e da expansão das organizações criminosas.

Para conferir o mapa com todos os 178 municípios controlados ou disputados por facções na Amazônia Legal, acesse o link.

Disputa do crime organizado

Entre as facções na Amazônia Legal estão grupos com presença nacional, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). Facções locais, como a Família do Norte (FDN), e estrangeiras —do Peru, Venezuela e Colômbia.

Essa teia do crime organizado, que sempre contou com facções locais, foi nacionalizada a partir de 2016, explica o pesquisador da Universidade do Estado do Pará e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Aiala Couto.

“O que ocorreu foi uma absorção dessas facções locais, a partir das facções do Sudeste, bem como o surgimento de grupos regionais dentro da região Amazônica, e isso acabou colocando em evidência a chegada de grupos de São Paulo e do Rio de Janeiro”.

Nesse período, completa o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, as duas maiores facções do Sudeste quebraram um acordo de convivência na Amazônia Legal e passaram a disputar protagonismo.

A nova dinâmica de criminalidade descontrolada da região ficou explícita para todo o país a partir do final de 2016 e começo de 2017, quando essa disputa levou a diversos massacres e rebeliões em penitenciárias.

Entre estes, estão os episódios da penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, onde 66 detentos foram assassinados, e o do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, no Amazonas, com 56 mortos.

Em 2017, inclusive, o Brasil atingiu o pico de mortes violentas da série histórica coletada pelos pesquisadores, com 63.880 casos.

Floresta ameaçada

Além do tráfico de drogas, a fronteira da Amazônia Legal com outros países da América Latina atrai o crime organizado pela facilidade em outras práticas como o tráfico de armas, contrabando de madeira, contrabando de minérios e pesca ilegal.

O resultado foi a associação do crime organizado com práticas ambientais ilegais, o que torna ainda mais difícil a conservação da floresta Amazônica e o modo de vida de povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, explica Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

“Não há, portanto, como debater estratégias e políticas para manter a Floresta Amazônica de pé sem considerar a grave ameaça que o crime e a violência representam na região hoje”, concluem os autores do estudo.

Outros destaques do estudo

A taxa de mortes violentas intencionais na Amazônia para cada 100 mil habitantes (33,8) foi 45% superior à média nacional (23,3) em 2022.

Quinze municípios apresentaram taxa média de violência letal acima de 80 mortes por 100 mil habitantes no triênio 2020-2022, a maioria nos estados do Pará e Mato Grosso.

A taxa de mortes violentas de indígenas na Amazônia é 26% maior do que fora dela.

A taxa de feminicídio na Amazônia foi de 1,8 para cada 100 mil mulheres, 30,8% superior à média nacional, que foi de 1,4 por 100 mil.

A violência sexual também apresenta taxas mais elevadas na Amazônia do que no restante do país. A taxa de estupros na região foi de 49,4 vítimas para cada 100 mil em 2022, 33,8% superior à média nacional, que foi de 36,9 por 100 mil.

Os registros de crimes vinculados ao desmatamento cresceram 85,3% entre 2018 e 2022. No último ano, foram 619 registros nas polícias civis dos estados da Amazônia Legal.

Os registros de incêndios criminosos na Amazônia Legal cresceram 51,3% entre 2018 e 2022.

Em 10 anos, a taxa de pessoas no sistema prisional na Amazônia Legal cresceu 67,3%, enquanto a média nacional foi de 43,3% de aumento.

Entre 2019 e 2022, o crescimento dos registros de arma de fogo na Amazônia foi da ordem de 91%, ao passo que a média nacional ficou em 47,5%.

Entre 2019 e 2022, a apreensão de cocaína pelas polícias estaduais na Amazônia cresceu 194,1%, totalizando cerca de 20 toneladas. Já a Polícia Federal apreendeu 32 toneladas de cocaína em 2022, crescimento de 184,4% em comparação a 2019.


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