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Biden chega a Tel Aviv e endossa versão de Israel sobre bombardeio a hospital em Gaza

Em declarações iniciais, o democrata pareceu endossar a versão israelense sobre o bombardeio ao hospital al-Ahli, em Gaza, que matou ao menos 500 pessoas, culpando “o outro time” pelo massacre.

 

Primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu recebe presidente americano, Joe Biden, em aeroporto de Tel Aviv. (Foto: AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou em Tel Aviv, nesta quarta-feira, em uma demonstração de apoio ao principal aliado americano no Oriente Médio, que passa por um momento de crise desde que o conflito contra o Hamas começou. Em declarações iniciais, o democrata pareceu endossar a versão israelense sobre o bombardeio ao hospital al-Ahli, em Gaza, que matou ao menos 500 pessoas, culpando “o outro time” pelo massacre.

— Fiquei profundamente triste e indignado com a explosão ontem no hospital em Gaza. E com base no que vi, parece que foi feito pelo outro time, não por vocês — disse Biden, em um pronunciamento a jornalistas no hotel Kempinski, ao lado de Netanyahu.

O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, culpou Israel pelo ataque ao hospital e afirmou que ao menos 500 pessoas morreram durante o bombardeio — números apresentados por outras autoridades palestinas citam até 870 vítimas. As Forças Armadas israelenses culparam outro grupo armado palestino, a Jihad Islâmica, pelo bombardeio, chegando a publicar um vídeo institucional demonstrando o porquê de o ataque ter sido conduzido pelo grupo. A peça foi posteriormente apaga.

A Jihad Islâmica nega envolvimento no ataque ao hospital.

É em meio à tragédia humanitária, à guerra de versões e à escalada de tensão envolvendo judeus e árabes pelo mundo que Biden desembarcou no Aeroporto Internacional Ben-Gurion. Recepcionado por Netanyahu e pelo presidente de Israel, Isaac Herzog, ainda na pista de pouso, o presidente americano trocou abraços e breves palavras com as autoridades.

Apesar da viagem à zona em guerra, o ataque ao hospital prejudicou diretamente a agenda que o democrata pretendia cumprir no Oriente Médio. Uma cúpula regional que seria realizada na Jordânia, com participação do presidente americano, foi cancelada após os ânimos se acirrarem diante do ataque, que provocou reações na comunidade islâmica ao redor do mundo.

Um prédio da ONU foi incendiado no Líbano horas depois do bombardeio ao hospital, enquanto a Europa registrou o aumento de atividades supostamente relacionadas ao antissemitismo. Em Roma, uma escola judaica foi fechada após a polícia ser notificada de uma ameaça de bomba. Em Berlim, coquetéis molotov foram arremessados contra uma sinagoga, provocando uma condenação do chanceler Olaf Scholz.

Além da reunião de Biden na Jordânia, também foi cancelado o encontro do Conselho de Segurança da ONU marcado para esta quarta, que iria votar uma resolução patrocinada pelo Brasil sobre o conflito e a ajuda humanitária a Gaza.

Colapso humanitário

As Forças Armadas de Israel disseram inicialmente, em comunicado, que hospitais não são alvos militares do país e que uma investigação estava em curso. Horas depois, um novo comunicado afirmou que “de acordo com informações de inteligência, provenientes de diversas fontes”, a organização extremista Jihad Islâmica seria a responsável pelo foguete que atingiu o hospital. Segundo os militares, ocorria um ataque de foguetes contra o território israelense, a partir de Gaza, no momento da explosão, e um dos artefatos teria tido uma falha e caído no hospital.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou “terroristas bárbaros” de estarem por trás da tragédia e disse na rede social X (o antigo Twitter) que “aqueles que brutalmente mataram nossas crianças, também matam as suas crianças”. A Jihad Islâmica, no entanto, negou envolvimento na explosão. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os EUA também são responsáveis por “dar cobertura para a agressão [de Israel]”. As Forças de Defesa de Israel chegaram a publicar um vídeo para acusar a Jihad Islâmica, mas retiraram a postagem do ar após conflito entre a hora exibida nas imagens e a do ataque ao hospital.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) classificou a explosão que atingiu o hospital como um “massacre” e “absolutamente inaceitável”. “Nada justifica este ataque chocante a um hospital e aos seus muitos pacientes e profissionais de saúde, bem como às pessoas que aí procuravam abrigo. Os hospitais não são um alvo. Este derramamento de sangue deve parar”, disse o MSF em sua conta no X.


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