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Irã lança mísseis contra bases dos EUA no Catar e no Iraque

Informação foi confirmada pela Casa Branca; mais cedo, veículos americanos já noticiavam ameaça ‘iminente’ de ataque

Foto: Arte O Globo

Irã anunciou nesta segunda-feira que atacou as forças americanas estacionadas na base aérea de al-Udeid, no Catar — a maior instalação militar dos Estados Unidos no Oriente Médio, que funciona como quartel-general avançado do Comando Central dos EUA (CENTCOM, na sigla em inglês). A informação foi transmitida pela televisão estatal da República Islâmica ao som de música marcial, com uma legenda na tela descrevendo a ação como “uma resposta poderosa e bem-sucedida das Forças Armadas do Irã à agressão” de Washington.

Segundo fontes familiarizadas que falaram à agência Reuters, o Irã alertou previamente tanto os Estados Unidos, quanto o Catar sobre o ataque.

Mais cedo, o Catar havia anunciado a suspensão temporária do tráfego em seu espaço aéreo “para garantir a segurança de cidadãos, residentes e visitantes”, segundo comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores do país. O Departamento de Estado americano também havia orientado os cidadãos dos EUA presentes no Catar a permanecerem em locais seguros “por extrema precaução”. Com a confirmação do ataque, é esperado que o presidente americano, Donald Trump, convoque seus conselheiros de segurança nacional em breve.

A ameaça contra al-Udeid vinha sendo monitorada desde o meio-dia desta segunda-feira, segundo relato de um diplomata à agência Reuters. Um alto funcionário da Casa Branca também afirmou à Bloomberg que Washington acompanhava de perto o que até então era tido como “ameaças potenciais”. Imagens de satélite divulgadas pelo site Business Insider mostram que os EUA já tinham retirado a maior parte de suas aeronaves estacionadas fora de hangares na base nos últimos dias.

Segundo oficiais americanos, não há feridos nos ataques lançados pelo Irã.

A retaliação iraniana representa uma escalada mais significativa do que a resposta ao assassinato do general Qassem Soleimani em 2020, quando Teerã optou por bases menos estratégicas no Iraque e na Síria. Segundo três autoridades iranianas citadas pelo New York Times, o Irã teria avisado o Catar antes do ataque contra a base militar em Doha para minimizar danos humanos. Ainda assim, o governo catari condenou o ocorrido e sinalizou que poderá responder:

— O Catar reserva o direito de responder diretamente, de forma equivalente à natureza e à escala desta agressão descarada, em conformidade com o direito internacional — disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, acrescentando que “as defesas aéreas conseguiram frustrar o ataque e interceptar os mísseis iranianos” e que não houve vítimas.

Mapa do alcance estimadodos mísseis balísticos do Irã — Foto: Arte O Globo

A República Islâmica, que havia prometido uma resposta “proporcional e decisiva” aos ataques americanos, afirmou que sua ofensiva contra a base aérea de al-Udeid correspondeu ao número de bombas lançadas pelos Estados Unidos em instalações nucleares iranianas no fim de semana, sinalizando uma possível intenção de diminuir as tensões. O Irã também ressaltou que escolheu alvos fora de áreas povoadas. Em discurso televisionado, um porta-voz das Forças Armadas do Irã afirmou:

— Alertamos nossos inimigos: a era dos ataques-relâmpago acabou.

Teerã classificou os ataques americanos como um “grave erro” de Trump, que se uniu aos bombardeios israelenses contra instalações nucleares iranianas. A afirmação foi feita por Abdolrahim Mousavi, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, em vídeo divulgado nas redes sociais pela emissora estatal iraniana nesta segunda-feira.

O embaixador iraniano na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Reza Najafi, afirmou que os ataques americanos causaram um “golpe irreparável” ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o acordo internacional destinado a impedir a disseminação de armas atômicas. Najafi não indicou se o Irã pretende deixar o TNP, o que, caso ocorra, deve inviabilizar as inspeções da ONU nas instalações iranianas e empurrar o programa atômico do país ainda mais para a clandestinidade.

No Iraque, as defesas aéreas da base americana de Ain al-Asad foram ativadas nesta segunda-feira diante do temor do possível ataque do Irã. Localizada na província de Anbar, no oeste do país, a base de Ain al-Asad abriga tropas americanas que apoiam as forças de segurança iraquianas e participam da missão da Otan no país, segundo a Casa Branca. Foi para lá que o Irã direcionou seu ataque retaliatório pela morte de Soleimani.

Enquanto a tensão regional cresce, o Reino Unido organizou um voo de evacuação que partiu de Tel Aviv nesta segunda-feira — o primeiro de uma série de operações planejadas para retirar cidadãos britânicos de Israel, em meio à guerra com o Irã. Desde o início do conflito, a maior parte dos voos comerciais na região foi suspensa, após o Irã lançar ondas sucessivas de mísseis e drones em retaliação aos ataques israelenses.

A extensa operação militar dos Estados Unidos — que teve como alvos as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan — marcou a entrada direta de Washington na guerra iniciada em 13 de junho, quando Israel lançou ataques a centros nucleares e militares iranianos, matando altos comandantes e cientistas atômicos. O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, classificou as ações como de “objetivo limitado”, com foco na destruição do programa nuclear iraniano.

Com informações do O Globo


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