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Deputado diz que Governo quer cometer genocídio com volta às aulas presenciais; professores prometem greve

Dermilson Chagas disse que a própria FVS-AM confirmou que a variante do Reino Unido circula livremente em Manaus sem que nenhuma providência técnica tenha sido esboçada pelo Governo do Amazonas para conter a proliferação de mais uma mutação do coronavírus para todo o estado

As aulas presenciais retomam no dia 19 no interior do AM

O deputado Dermilson Chagas (Podemos) reprovou a decisão do governador Wilson Lima (PSC) de autorizar o retorno de crianças, adolescentes e professores às aulas presenciais no interior, a partir do próximo dia 19 (quarta-feira). Na capital, segundo Dermilson, o retorno é previsto para o dia 31 (segunda-feira) deste mês, conforme revelaram fontes da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) ao parlamentar.

Dermilson ressaltou que o governador estará cometendo um ato de genocídio ao obrigar que alunos e docentes voltem a conviver em sala de aula e apontou vários motivos que demonstram que se trata de um ato de pura irresponsabilidade do Governo do Amazonas.

“A maioria dos professores ainda não recebeu nem a primeira dose da vacina. As crianças e adolescentes idem. O vírus P1 ainda circula no estado e, agora, tem outra mutação tão forte quanto, que é o vírus do Reino Unido, e nenhuma providência sanitária foi divulgada para a população. Além do mais, a rede estadual não tem estrutura, nem física nem de materiais, para cumprir rigorosamente com todos os protocolos estabelecidos pelas organizações internacionais e nacionais de saúde para combater a proliferação do novo coronavírus”, exemplificou Dermilson Chagas.

O coordenador geral de Comunicação do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom/Sindical), Lambert Melo, disse que a categoria está escandalizada com o anúncio do governador e que os profissionais irão reagir prontamente ao que eles consideram uma total irresponsabilidade com a vida de jovens estudantes e profissionais do magistério.

“Nós estamos escandalizados com essa decisão absurda. Nós não tivemos em 2021 nenhum contato, nem do secretário de Educação, Luís Fabian, nem do governador Wilson Lima, a respeito dos vários pedidos e documentos que encaminhamos para a Seduc e para o Governo do Estado, por meio da Casa Civil, para que nós pudéssemos dialogar sobre as aulas presenciais e como seria esse retorno com a total segurança, mas o governo não quis nos ouvir”.

Lambert Melo disse que, se o governador Wilson Lima e o prefeito de Manaus, David Almeida, não voltarem atrás na decisão de forçar uma volta ao trabalho presencial, a categoria irá realizar várias ações para mostrar ao poder público que os professores irão fazê-los desistir desse ato de irresponsabilidade.

No dia 18, às 8h, a categoria irá realizar um ato público na sede da Prefeitura Municipal de Manaus e, em seguida, às 10h, irão para a sede do Governo do Estado. No dia 20, os docentes irão realizar uma assembleia geral para tirar indicativo de greve. A entidade também está solicitando audiências públicas na Câmara Municipal de Manaus (CMM) e na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam).

“Essas ações são uma forma de avisarmos a sociedade que a categoria não está disposta a atender essa ordem para o suicídio. Se o governador Wilson Lima e o prefeito David Almeida não voltarem atrás nessa decisão, a categoria poderá deflagrar uma greve”, desabafou Lambert Melo.

Embora a entidade que Lambert Melo representa seja a dos profissionais do magistério de Manaus, ele ressalta que o Asprom/Sindical se preocupa com os colegas professores e pedagogos do interior do estado, porque eles estão tão vulneráveis quanto os docentes da capital, que estão previstos para retornarem ao trabalho presencial no dia 31 de maio, juntamente com as aulas da rede municipal de Manaus.

“Nós nos preocupamos com os nossos colegas do interior, que sempre nos procuram para pedir orientação. E o Asprom/Sindical, por sua vez, sempre procura acompanhar como está a situação no interior do estado porque sabemos das fragilidades e dos problemas que eles enfrentam também nas escolas”.

Sem controle

Em entrevista ao 18Horas/Rádio Mix, o doutorando do Programa de Biologia do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, se posicionou contra o retorno das aulas presenciais e defendeu que existem alguns passos fundamentais de controle a uma iminente terceira onda que não estão sendo cumpridos pelo Executivo sobretudo com o relaxamento das medidas restritivas de combate à pandemia.

“Um deles é a não retomada das aulas presenciais ou híbridas, que foi o gatilho principal que desencadeou a segunda onda. Onde nós tivemos esse gatilho principal sendo potencializado pela maior circulação viral promovida principalmente pelos grandes feriados, festas de final de ano e eleições. Mas o gatilho fundamental foi esta ação que está se repetindo, agora, além disso nós temos a pandemia num cenário estável, tal quanto foi o ano passado antes da segunda onda, onde nós avisamos que isso levaria a segunda onda desde agosto do ano passado, através de uma publicação na revista Nature Medicine”, declarou o pesquisador, relembrando que encaminhou aos governos federal e estadual diretrizes de combate à pandemia “Então, nós fizemos o alerta sobre Manaus, fomos o primeiro grupo a alertar a terceira onda, avisamos o governo federal e governo do estado, e passamos as diretrizes para a contenção da terceira onda. E infelizmente tanto governo federal quanto estadual não estão adotando essas diretrizes, essas diretrizes são claras”, completou.

Aulas
O Governo do Amazonas informou que em 2021, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto vai atender cerca de  211 mil estudantes no interior do estado, em 374 instituições nos 61 municípios. Para o retorno, o governador Wilson Lima autorizou  o início da vacinação dos profissionais da educação básica, para a próxima segunda-feira (17/05). A vacinação em massa dos trabalhadores, começa pela Região Metropolitana de Manaus (RMM) e será estendida aos demais municípios gradativamente, explicou o governador Wilson Lima. “Vamos iniciar pelo interior porque é nesses municípios que as aulas primeiro irão começar. E depois partimos com a vacinação para a capital. Nós temos números favoráveis no interior e também na capital, mas não podemos em nenhum momento descuidar”, disse Wilson Lima.


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