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Coronavírus: empresários pedem ‘plano Marshall’ e XP fala em 40 milhões de desempregados
Em live, Guilherme Benchimol, presidente da corretora JP, defendeu a criação de um ‘plano Marshall’, pacote de reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial
Plano Marshall, ou Plano de Recuperação Europeia, foi um programa de ajuda econômica dos EUA aos países da Europa Ocidental após a II Guerra Mundial.
Empresários avaliam que a crise desencadeada pela disseminação do novo coronavírus provocará grande impacto no sistema de saúde brasileiro, mas os estragos na economia real serão muito mais profundos, com possibilidade de gerar um caos social no País. Eles pedem ações de grande impacto por parte da União. As informações são do site do jornal O Estado de São Paulo.
O presidente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, disse que vê um risco de crescimento do desemprego para mais de 40 milhões de brasileiros em decorrência da pandemia do Covid-19. “É um número assustador”, disse hoje, 22, em uma live com outros empresários.
“Eu vi hoje uma entrevista do presidente regional do Fed de St. Louis, James Bullard (banco central norte-americano), dizendo que a taxa de desemprego irá subir de 3% para mais de 30% nos Estados Unidos por causa da crise”, afirmou. “No Brasil, onde há mais de 10 milhões de desempregados, acredito que o impacto será muito maior”, disse.
Benchimol defendeu a criação de um plano Marshall – pacote de reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial. “O que temos até agora de estímulos é uma gota no oceano. Tem de ser um plano de verdade, os números são assustadores, o buraco é muito mais embaixo”, disse.
Na semana passada, a equipe econômica liberou um pacote R$ 147 bilhões em estímulos à economia, com mais R$ 55 bilhões anunciados neste domingo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para ajuda às empresas e pessoas físicas.
Numa transmissão de duas horas pela internet, promovida pela XP Investimentos na qual participaram o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, o presidente da Stone, André Street, o fundador da MRV, Rubens Menin, Benchimol cobrou medidas mais robustas do governo federal para evitar o alta do desemprego e do caos social no país. “O risco é aumento de pessoas passando fome e no número de assassinatos nos próximos meses.”
Steinbruch, Street e Menin também veem risco de paralisia da economia, principalmente das pequenas e médias empresas. “É preciso apoiar o comércio local. A cabeleireira, o dono de bar, o pequeno empreendedor já estão sentindo os impactos da crise”, afirmou Menin, acionista da MRV, principal construtora do Minha Casa Minha Vida.
De forma geral, os empresários esperam uma mobilização nacional com ajuda do governo e do Congresso para que estimule medidas contraciclícas. “Sou liberal, mas é preciso medidas de apoio à economia”, disse Street, da empresa de meios de pagamentos. Steinbruch espera que o governo amplie o prazo para pagamento de impostos e que já conversa com fornecedores para manter as atividades em funcionamento.
Em resposta ao aumento do número de desempregados no País, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou que mais de 20 a 30 milhões de brasileiros serão impactados com as medidas atuais. “Provavelmente vai se precisar de mais e vamos ajudar. Já estamos postergando os pagamentos, reduzindo a taxas de juros”, disse. “Isso nos preocupa e um plano está sendo liderado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.”
Recuperação Europeia
De acordo com o site Brasil Escola, Plano Marshall, ou Plano de Recuperação Europeia, foi um programa de ajuda econômica dos EUA aos países da Europa Ocidental após a II Guerra Mundial. O objetivo do plano era reconstruir economicamente os países europeus ocidentais que foram destruídos ou que sofreram perdas com a ocorrência da guerra.
O Plano Marshall recebeu esse nome em homenagem a seu idealizador George Catlett Marshall, um general do exército estadunidense, e totalizou um aporte de 18 bilhões de dólares aos europeus, utilizados para a reconstrução de edificações e indústrias, importação de alimentos e mercadorias industrializadas, bem como no financiamento da agricultura.
Alguns órgãos foram criados para administrar os recursos financeiros, como a Administração de Cooperação Econômica, pelos EUA, e a Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECD).
O Plano Marshall vigorou entre 1947 e 1951, sendo o principal motivo para o rápido arranque econômico dos países europeus. Os principais beneficiados foram a Inglaterra, a França e a Itália, entre os europeus, e os EUA, que conseguiram criar as instituições de fortalecimento da internacionalização dos capitais na segunda metade do século XX.
Outro objetivo do Plano Marshall era realizar uma propaganda maciça contra a URSS, estabilizar a situação política e social na Alemanha e conter o avanço do poder de partidos comunistas na França e na Itália. Com a vitória soviética na II Guerra Mundial, o prestígio da URSS estava em alta, além das tropas do Exército Vermelho estarem estacionadas em países da Europa centro-oriental.
Os capitalistas dos EUA e da Europa Ocidental apostavam na recuperação econômica e na melhoria dos níveis de consumo material da população, além da criação de uma forte estrutura estatal de oferecimento de serviços sociais, nas áreas de saúde, educação e emprego, por exemplo. Dessa forma, eles pretendiam mostrar que o modelo de capitalismo ocidental era melhor que o capitalismo soviético (erroneamente chamado de comunismo).
O Plano Marshall mostrou-se eficiente e garantiu altas taxas de crescimento econômico aos países da Europa Ocidental nas décadas posteriores ao fim da II Guerra Mundial. O plano serviu ainda para criar as bases do chamado Estado de Bem-Estar Social, que seria atacado a partir da década de 1970. Além disso, o Plano Marshall possibilitou a transnacionalização do capitalismo ocidental, sendo um dos motivos para a vitória da esfera de influência dos EUA na Guerra Fria.
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