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Com aumento de 223%, Amazonas está entre os 8 estados com maior aumento de casos de dengue no início de 2024

O Amazonas registrou, nas primeiras semanas de 2024, 902 casos a mais do que no mesmo período de 2023.

A FVS-RCP monitora o combate à doença. (Foto:Divulgação)

Com aumento de 223%, e em sétimo lugar, o Amazonas está entre os oito estados – e o Distrito Federal – que iniciaram 2024 com expressivos aumentos nos casos de dengue, de 100% ou mais nas duas primeiras semanas do ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, mostra análise da Folha de S. Paulo com dados do Ministério da Saúde (MS). O Amazonas registrou, nas primeiras semanas de 2024, 902 casos a mais do que no mesmo período de 2023.

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Os números são mais alarmantes no Sul do país, onde foram contabilizados 10.961 diagnósticos nas duas primeiras semanas deste ano, somando os registros no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. O salto é de 958% em relação ao mesmo período de 2023, quando haviam sido infectadas 1.036 pessoas na região.

A soma no território nacional disparou de 27.076 para 55.584 na primeira quinzena —os casos recentes estão sujeitos a revisão, mas ainda podem estar subestimados devido a atrasos nas notificações.

“Iniciamos desde 2023 uma preparação para o período de alta transmissão, que já era esperado para o início deste ano. O que não esperávamos era essa alta precoce”, afirma Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do ministério.

Os dados são do Painel de Monitoramento das Arboviroses (doenças virais transmitidas por mosquitos), baseado no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

“Geralmente, temos casos em janeiro, mas nunca tantos. Março é o pico, e em junho começa a cair. Agora precisamos nos preocupar com a dengue o ano inteiro”, afirma Kleber Luz, coordenador do Comitê de Arboviroses da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e integrante do grupo técnico da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre o tema.

Autoridades preveem um patamar recorde de casos em 2024, possivelmente muito superior à máxima histórica. As estimativas divulgadas em dezembro pelo Ministério da Saúde em parceria com o grupo InfoDengue, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são de entre 1,7 milhão e 5 milhões de diagnósticos, com projeção média de 3 milhões.

No ano passado, o país registrou o recorde de mortes provocadas pela doença, com 1.094 vítimas confirmadas e outros 218 óbitos em investigação. Já os casos chegaram a aproximadamente 1,66 milhão, perto da máxima histórica de quase 1,69 milhão registrada em 2015.

Segundo os especialistas, a expectativa para este ano está associada a uma combinação de diversos fatores favoráveis à proliferação do mosquito transmissor do vírus, especialmente a intensidade do calor e das chuvas no país.

“A saúde não é estranha a toda essa discussão ambiental. As mudanças climáticas têm um impacto geral na saúde, em especial nos grupos mais vulneráveis, e também um impacto muito acentuado em relação às arboviroses”, disse a ministra Nísia Trindade ao anunciar as projeções e os planos de ação do governo no fim do ano passado.

Além disso, foi observado o ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil. As quatro variações da doença estão circulando de forma simultânea no país, situação classificada como “incomum” na ocasião pela secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta federal, Ethel Maciel.

“Primeiro, a chegada do sorotipo 3 vai encontrar uma população suscetível, porque faz mais de 15 anos que ele não circula. E a região Sul, que não registrava muitos casos de dengue, agora não só registra como é uma das campeãs por conta do aquecimento global, que aumenta a proliferação do mosquito e a sua duração de vida. Ele vive mais dias e pica mais gente”, acrescenta Kleber Luz.

Em números absolutos, as unidades da federação com mais pessoas infectadas no início deste ano são Minas Gerais (14.189), São Paulo (9.824), Paraná (8.348), Distrito Federal (7.449) e Rio de Janeiro (4.352).

Já em termos proporcionais, o Distrito Federal registra a maior incidência na população, com 2.644 casos a cada 1 milhão de habitantes na primeira quinzena. Na sequência aparecem Acre (819 por milhão), Paraná (729), Minas Gerais (691) e Goiás (418).

Como minimizar o impacto da dengue?

Evitar a formação de criadouros do mosquito Aedes aegypti é a melhor solução para evitar a dengue, a zika e a chikungunya.

“A segunda recomendação é a monitorização do mosquito, que é ação do governo. Outro aspecto importante é a capacitação dos médicos, no sentido de tratar a doença, senão vai morrer gente. E claro, como última ação, a vacinação das crianças de 6 a 16 anos. Que os pais levem realmente os filhos para vacinar”, orienta Kleber Luz.

“Vacinação sempre prioriza criança, porque vive mais que adulto. Tecnicamente, uma criança terá muito mais tempo de proteção do que o adulto. Varia de estado para estado, mas na Paraíba morreu muito mais criança [de dengue] do que idoso no ano passado. A única vez que não funcionou essa regra foi na Covid, porque morria mais idoso”, diz o especialista.

Em meio à explosão de casos nos primeiros dias de 2024, a preocupação do governo federal é com a capacidade de estados e municípios implantarem ações de vigilância e controle.

Uma das iniciativas do Ministério da Saúde é a sala nacional de arboviroses —espaço permanente para monitorar em tempo real os locais com maior incidência de dengue, chikungunya e zika. Nela há reuniões com estados e municípios para disseminar ações de controle vetorial e de manejo clínico —treinamento de médicos e enfermeiros.


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