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Biden chama Putin de assassino e promete revide por interferência russa nas eleições
As declarações do líder americano foram divulgadas após agências de Inteligência dos EUA afirmarem em relatório que a Rússia teria tentado ajudar, sem sucesso, Trump a se reeleger.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Vladimir Putin sofrerá consequências devido aos esforços da Rússia para interferir nas eleições americanas de 2020 em favor de Donald Trump. Ao ser questionado em entrevista à rede de TV ABC News se o líder russo é um assassino, o democrata assentiu e disse que sim.
“Ele pagará um preço”, disse Biden, em referência às ações que teriam sido realizadas por Moscou para influenciar o pleito americano. Questionado quais seriam essas consequências, o democrata respondeu apenas “você saberá em breve”. A entrevista foi exibida nesta quarta-feira (17).
As declarações do líder americano foram dadas após agências de Inteligência dos EUA divulgarem, nesta terça (16), relatório segundo o qual a Rússia teria tentado ajudar, sem sucesso, Trump a se reeleger.
Ao mesmo tempo, o presidente dos EUA apontou que há temas de interesse mútuo nos quais os países podem trabalhar juntos, como a renovação do acordo nuclear Novo Start.
“Eu o conheço relativamente bem”, disse Biden, “e a parte mais importante ao lidar com líderes estrangeiros, na minha experiência, é saber quem é o outro cara”. No mesmo segmento em que concordou que Putin é um assassino, o líder americano também disse não acreditar que o líder russo tenha alma.
Biden disse ter falado a Putin que ele não tinha alma durante uma reunião, no início de 2015, na Finlândia. O democrata era vice-presidente dos EUA e se reuniu com o líder russo, então premiê, para tratar de um reposicionamento do sistema de defesa de mísseis na Europa, sobre o qual Putin se mostrou descontente.
“Sr. primeiro-ministro, estou olhando nos seus olhos e não creio que tenha uma alma”, teria dito Biden. Putin respondeu: “Nós entendemos um ao outro”, segundo relato do americano no livro “Promessa de Pai”.
A relação entre os chefes de Estado é antiga. Como vice de Barack Obama, Biden se envolveu nas tentativas de pacificar a Ucrânia. Em 2013, o presidente Viktor Yanukovich desistiu de um acordo para entrar na União Europeia (UE), o que gerou protestos e a deposição do líder ucraniano no começo de 2014.
Ainda assim, a Rússia, contrária à aproximação do vizinho com o bloco europeu, anexou a Crimeia, parte da Ucrânia, e fomentou movimentos separatistas em outras regiões, gerando uma guerra civil. Biden conta ter oferecido, ao lado da UE, ajuda para que os ucranianos suportassem a pressão russa.
Anos depois, a Rússia foi acusada de influenciar a eleição de 2016 para favorecer Trump, cujo mandato foi marcado por investigações sobre a questão. Uma apuração de três anos, feita pelo Departamento de Justiça, no entanto, isentou a campanha do republicano de ter se aliado a Moscou para vencer a eleição, embora indícios apontassem para envolvimento russo em vazamentos de dados e de conversas sigilosas que ajudaram a minar a campanha da rival de Trump, Hillary Clinton.
Nos últimos meses, Putin vem apertando o cerco contra a oposição em seu país. Alexei Navalni, um dos principais críticos do Kremlin, foi condenado e enviado à uma colônia penal. No último fim de semana, a polícia russa prendeu mais de 150 pessoas que participavam de um encontro de partidos de oposição.
Na entrevista à ABC News, Biden também falou sobre imigração e disse aos interessados em entrar nos EUA que “não venham”. O país enfrenta uma alta no número de estrangeiros que tentam entrar no território americano sem autorização. O democrata disse ainda que ampliará a estrutura para receber crianças imigrantes que viajam desacompanhadas e que a prioridade será enviá-las de volta às suas famílias.
Sobre política doméstica, ele apontou que a recusa de Trump em ajudar na transição de governo atrapalhou o início de seu mandato, e, por isso, a decisão sobre retirar as tropas americanas do Afeganistão, prevista para 1º de maio, ainda está em análise.
Por fim, o presidente defendeu que o governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, renuncie ao cargo se ficar provado que ele assediou mulheres. Nas últimas semanas, ao menos sete auxiliares de seu governo revelaram queixas sobre o comportamento de Cuomo.
Com informações da Folha.
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