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Amazonas é o 8º em número de carros blindados em 2024, aponta Associação Brasileira de Blindagem
Os números são um sintoma da insatisfação de como a população de grandes centros urbanos está impactada pela falta de segurança.
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O Brasil blindou um total de 34.402 carros em 2024. O volume representa um recorde histórico para um setor que está em expansão nos últimos 30 anos. Desde 2013, o país registra mais de 10.000 novos veículos com uma proteção extra circulando pelas ruas. Os dados são da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem). No Amazonas, foram 41, o que coloca o estado em 8º lugar entre os estados com maior número de blindagens em 2024. As informações são do site Poder360.
O recorde é um sintoma da insatisfação de como a população de grandes centros urbanos está impactada pela falta de segurança. Ao Poder360, o presidente da Abrablin, Marcelo Silva, disse que a preocupação com a violência alterou o perfil de consumidores de veículos, que agora preferem carros mais discretos e capazes de proteger os usuários de eventuais disparos ante utilitários mais luxuosos.
“Ninguém compra uma blindagem com prazer”, declarou Silva. “Às vezes a pessoa tem um poder aquisitivo para comprar um carro mais luxuoso importado, que dá um pouco mais de status. Ele tem R$ 250 mil ou R$ 300 mil e opta em comprar um carro mais barato, que tem aquilo que ele precisa e a diferença [do valor] ele blinda, então ele gasta os mesmos R$ 250 mil”.
Segundo o executivo, o mercado de blindagem nos anos 90 era restrito a serviços para autoridade públicas, diplomatas e embaixadores. O cenário mudou na última década com o aumento da percepção da insegurança nas grandes cidades, mas esse não foi o único fator que impulsionou o mercado.
Outro componente importante para o crescimento do setor foi o aquecimento do mercado de venda dos carros blindados usados. Isso deu segurança para que os usuários optassem pela instalação da blindagem sem o receio de não ganhar nada na revenda.
“Nos anos 90, o veículo blindado seminovo. Ele era um mico, ninguém queria. O cara tinha que jogar fora, dar para alguém em casa ou deixar para o motorista ir na feira, porque ninguém comprava um veículo seminovo usado entendendo que aquele carro estava muito debilitado, sei lá. Hoje o mercado de seminovos é muito aquecido, então você tem liquidez na sua venda”, disse o presidente da Abrablin.
O aquecimento do mercado de revenda foi possível por meio do avanço da tecnologia das blindadoras. Quando é feito o processo de blindagem em um carro, é importante ter em mente que o veículo fica mais pesado por causa da proteção extra. Esse peso a mais faz com que os custos com manutenção dos veículos aumente, assim como o desgaste de peças. Contudo, as placas de blindagem atuais são mais leves e esse fator que pesa no bolso dos usuários foi reduzido.
Embora São Paulo tenha o menor índice de homicídios do país, a maior parte dos carros blindados que começaram a rodar no país em 2024 são paulistas. O banco de dados da Abrablin mostra que 28.962 dos novos carros adaptados que circulam pelo Estado, o equivalente a 84,2% dos blindados produzidos no ano passado.
Mesmo na condição de Estado mais seguro do país –São Paulo teve uma média de 5,9 homicídios por 100 mil habitantes em 2023, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública–, o estado concentra com folgas os carros reforçados do país. Isso se explica pelo fato de que São Paulo tem a maior renda per capita do Brasil e a blindagem veicular é uma atividade cara.
Em 2024 a marca favorita dos usuários de blindagem foi a Toyota. O presidente da Abrablin disse que não existe um modelo favorito dos consumidores que adotam essa estratégia de comprar um carro mais discreto para aplicar a blindagem. Depende do veículo que tem uma aceitação maior do público no período.
Uma blindagem de nível médio de um sedan custa cerca de R$ 80.000. Essa proteção é capaz de impedir a penetração de armas de todas as armas curtas, de pistolas a submetralhadoras. Essa blindagem média aumenta o peso do veículo em cerca de 200 kg. O processo de instalação consiste no desmonte do carro para instalação de placas reforçadas na carroceria. Também são trocados os vidros e adicionado um reforço nos pneus. Essa blindagem de nível A3 é a mais popular no Brasil.
Para acessar um nível de segurança capaz de proteger contra disparos de fuzil, o preço sobe para R$ 350 mil. Poucos carros no Brasil são capazes de sustentar uma blindagem desse calibre, pois é adicionado cerca de uma tonelada no veículo. Os vidros para esse tipo de proteção tem uma largura de 5 centímetros.
Antes de começar o processo de blindagem, é necessário pedir uma autorização ao Exército Brasileiro. Isso porque as placas e os vidros reforçados são PCE (Produtos Controlados pelo Exército). A autorização do Exército é expedida em um prazo de 3 dias úteis. Já o processo de blindagem leva uma média de 45 a 60 dias úteis, a depender se a blindadora tem em estoque os materiais necessários para o tipo de modelo do cliente.
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