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Trump pressiona e FDA autoriza tratamento com plasma para Covid-19 nos EUA
O presidente dos Estados Unidos fez o anúncio do método alternativo neste domingo (23) à noite; eficácia da terapia ainda não foi comprovada em ensaios clínicos.
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou, na noite deste domingo (23), que a Food and Drugs Administration (FDA), agência regulatória de medicamentos e alimentos americana, autorizou de forma emergencial o uso de plasma sanguíneo de pacientes recuperados da Covid no tratamento de doentes com a infecção. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo com Trump, a decisão de dar aval à terapia foi motivada por resultados preliminares de estudos que mostraram que o tratamento é seguro e reduz em até 35% a mortalidade pela doença – dados questionados por alguns cientistas do próprio governo.
“É uma terapia poderosa que transfere anticorpos de pacientes recuperados para doentes com o vírus”, defendeu o republicano. “Baseado na ciência e nos dados, a FDA determinou de maneira independente que o tratamento é seguro e muito eficaz”, afirmou. O anúncio ocorre na noite da convenção do partido Republicano que deverá confirmar Trump como candidato da legenda às eleições presidenciais deste ano.
De acordo com o jornal The New York Times, cientistas da FDA tentaram adiar a autorização por considerarem frágeis os resultados dos estudos já realizados. O principal deles, realizado pela Mayo Clinic, não foi randomizado. Os próprios autores ressaltaram, no artigo com os resultados da pesquisa, que as informações sobre os indícios de eficácia do plasma deveriam ser usadas para o desenho de ensaios clínicos randomizados, considerados o padrão-ouro da pesquisa.
Na coletiva de imprensa em que Trump anunciou a decisão da FDA, o secretário de saúde americano, Alex Azar, e o comissário da agência, Stephen Hahn, reconheceram que estudos mais aprofundados estão sendo realizados e que serão acompanhados pelas autoridades de saúde norte-americanas.
Os primeiros testes clínicos com uso de plasma sanguíneo foram aprovados pela FDA em abril. Antes do anúncio deste domingo, portanto, a agência autorizava a utilização da terapia somente para pacientes participantes dos ensaios clínicos ou para inscritos no programa de acesso expandido, modalidade na qual um doente em estado crítico e sem outras alternativas terapêuticas pode solicitar o uso de um medicamento em teste.
Com a autorização para uso emergencial, pacientes hospitalizados poderão ser submetidos ao tratamento de forma mais precoce, idealmente nos três primeiros dias de internação, período em que o tratamento teria maiores benefícios, segundo Trump e seus assistentes.
Histórico
No dia 19 de agosto, já em meio à pressão de Donald Trump pela aprovação da terapia, a FDA divulgou comunicado em que esclarecia os possíveis caminhos para utilização do plasma e ressaltava que ainda não havia evidências da eficácia e segurança do tratamento.
“Embora promissor, o plasma convalescente ainda não se mostrou seguro e eficaz como tratamento para Covid-19. É importante, portanto, estudar a segurança e eficácia do plasma convalescente Covid-19 em ensaios clínicos”, declarou o órgão.
Segundo o site Clinical Trials, plataforma do governo norte-americano que registra estudos clínicos nacionais e internacionais, há 132 protocolos de pesquisa já aprovados para investigar o uso de plasma convalescente contra a Covid.
Outros tratamentos
A FDA já emitiu autorização para uso emergencial de outros dois tratamentos para Covid. O primeiro foi a hidroxicloroquina, no final de março. Com a conclusão de estudos que mostraram que a droga não tinha eficácia contra a infecção e ainda trazia risco de problemas cardíacos, a autorização foi suspensa em junho.
O outro medicamento que recebeu autorização para uso emergencial foi o antiviral remdesivir, que demonstrou benefício modesto contra a doença, mas segue sendo alvo de novas pesquisas.
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