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Primeiro-ministro declara estado de sítio no Haiti após morte do presidente e pede calma à população

Moise vinha enfrentando protestos ferozes desde que assumiu a presidência, em 2017, com a oposição o acusando de tentar instalar uma ditadura, acusações que ele sempre negou.

Primeiro-ministro interino, Claude Joseph, declarou que “todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a continuidade do Estado e para proteger a nação”. (Foto: Reprodução/Primeiro-Ministro da República do Haiti)

O primeiro-ministro do Haiti, Claude Joseph, declarou estado de sítio em todo o país, horas após o anúncio do assassinato do presidente da nação caribenha, Jovenel Moise. “Acabo de presidir uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros e decidimos declarar o estado de sítio em todo o país”, disse Joseph em pronunciamento na manhã de hoje. A medida concede amplos poderes ao governo haitiano. As informações são do UOL.

Joseph foi quem anunciou, através de comunicado, a morte de Moise. “O presidente foi morto na casa dele por estrangeiros que falavam inglês e espanhol. Eles atacaram a residência do presidente da República”, afirmou mais cedo. Ainda não se sabe as razões do ataque e nenhum grupo assumiu a autoria. Segundo o premiê, a mulher do presidente, Martine Moise, foi ferida no ataque e está hospitalizada. Joseph pediu calma à população e afirmou que a polícia e o Exército já estão encarregados de manter a ordem no país.

Na última segunda-feira (5), Jovenel Moise havia nomeado Ariel Henry para o posto de novo primeiro-ministro do Haiti, já que Joseph estava apenas interinamente no cargo. Nas redes sociais, Henry foi elogiado por Joseph. “Seu senso de Estado, sem dúvida, o guiará em seus esforços para criar um governo de consenso que saberá resolver os problemas atuais, em particular segurança e eleições”, afirmou.

Onda de violência no país

O ataque ao presidente ocorreu em meio a uma onda crescente de violência política no país. Com o Haiti politicamente dividido e enfrentando uma profunda crise humanitária e escassez de alimentos, há temores de uma desordem generalizada.

Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) voltou a condenar a violência no país. Porto Príncipe, capital do Haiti, vem enfrentando um aumento na violência, com gangues lutando entre si e com a polícia pelo controle das ruas. Moise vinha enfrentando protestos ferozes desde que assumiu a presidência, em 2017, com a oposição o acusando de tentar instalar uma ditadura, acusações que ele sempre negou. Desde janeiro de 2020, o presidente estava no cargo por decreto, já que não houve eleições no Haiti nos últimos anos.

Novo primeiro-ministro

O mandatário teve uma série de primeiros-ministros ao longo dos últimos quatro anos, e Joseph seria substituído nesta semana, após três meses no cargo, por Ariel Henry, que teria a incumbência de organizar eleições gerais. Henry, 71, fez parte da resposta ao coronavírus e ocupou cargos no governo em 2015 e 2016 como ministro do Interior e, depois, como ministro dos Assuntos Sociais e do Trabalho.

Também foi membro do gabinete do ministro da Saúde de junho de 2006 a setembro de 2008, antes de se tornar chefe de gabinete. Ocupou este cargo entre setembro de 2008 e outubro de 2011. Moise encarregou Henry de “formar um governo de base ampla” para “resolver o problema flagrante da insegurança” e trabalhar para “a realização de eleições gerais e do referendo”. Henry é próximo da oposição, mas sua nomeação não foi bem recebida pela maioria destes partidos, que continuaram a exigir a renúncia do presidente.


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