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OMS: casos de sarampo na Europa dobram e atingem maior número em mais de 25 anos
No ano passado, região registrou 127.350 infecções no ano passado, 40% entre crianças com menos de 5 anos.

A Europa registrou, em 2024, o dobro de casos de sarampo do ano anterior e atingiu o maior número de infecções desde 1997, ou seja, em mais de 25 anos. É o que aponta uma nova análise da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgada nesta quinta-feira.
Ao todo, foram 127.350 casos da doença infecciosa no ano passado, 40% entre crianças com menos de 5 anos. Mais da metade dos pacientes exigiu hospitalização, e 38 evoluíram para a morte, apontam os dados atualizados até o último dia 6.
Segundo as autoridades sanitárias, os registros de sarampo estavam em queda no continente desde 1997, quando foram registrados 216 mil casos, e chegaram a um patamar de somente 4.440 diagnósticos ao ano, em 2016.
No entanto, a doença voltou a crescer nos anos seguintes, chegando a 106 mil em 2019. Com a chegada da pandemia da Covid-19, houve uma piora mais acentuada da cobertura vacinal, e os casos de sarampo passaram a subir de forma mais significativa a partir de 2023.
“O sarampo voltou, e isso é um alerta. Sem altas taxas de vacinação, não há segurança sanitária. Enquanto moldamos nossa nova estratégia regional de saúde para a Europa e a Ásia Central, não podemos perder terreno. Cada país deve intensificar os esforços para alcançar as comunidades subvacinadas. O vírus do sarampo nunca descansa, e nós também não podemos”, alerta Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, em nota.
A região da Europeia da OMS, que engloba 53 países na Europa e na Ásia Central, respondeu por um terço de todos os 359.521 casos da doença no mundo no ano passado. Enquanto isso, a análise destaca que muitos países não conseguiram retomar a cobertura vacinal que tinham antes da pandemia.
Em 2023, 500 mil crianças na região não receberam nem mesmo a primeira dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. Na Bósnia e Herzegovina, em Montenegro, na Macedônia do Norte e na Romênia, menos de 80% das crianças elegíveis receberam a aplicação – distante da meta de 95% preconizada pelas autoridades de saúde.
A Romênia foi, em 2024, o país que registrou o maior número de casos de sarampo na Europa, 30.692, seguido pelo Cazaquistão, com 28.147 registros.
“Os casos de sarampo na Europa e na Ásia Central dispararam nos últimos dois anos, evidenciando falhas na cobertura vacinal. Para proteger as crianças dessa doença mortal e debilitante, precisamos de ações governamentais urgentes, incluindo investimentos sustentados nos profissionais de saúde”, diz Regina De Dominicis, diretora regional do Unicef para a Europa e a Ásia Central.
O sarampo é um dos vírus mais contagiosos que afetam os seres humanos. Além de hospitalizações e mortes causadas por complicações como pneumonia, encefalite, diarreia e desidratação, a doença pode provocar sequelas de longo prazo, como cegueira.
Além disso, pode enfraquecer o sistema imunológico ao “apagar” a memória sobre como combater outras infecções, deixando os sobreviventes vulneráveis a diversas doenças, explicam, em nota, a OMS e a Unicef.
A principal forma de se proteger do sarampo é pela vacinação. No Brasil, o imunizante está disponível na rede pública e é aplicado a partir do primeiro ano de vida. No calendário da criança, a primeira dose é orientada aos 12 meses, e a segunda, aos 15. O país oferece ainda a proteção de forma gratuita para pessoas mais velhas que não tenham sido vacinadas.
Para aqueles com até 29 anos, o esquema é feito em duas doses no intervalo de ao menos um mês entre elas. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda que sejam no máximo dois meses de espera. Já para adultos entre 30 e 59 anos que não tenham sido protegidos previamente, a vacinação é feita com apenas uma dose.
No ano passado, o Brasil recuperou o certificado de país livre do sarampo, rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), que havia sido perdido em 2019, após uma melhora da cobertura vacinal.
O certificado havia sido concedido inicialmente em 2016 e, nos dois anos seguintes, o país permaneceu sem registrar novos casos de sarampo. Em 2018, no entanto, o vírus voltou a circular e provocar surtos.
Segundo dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, na época a cobertura com as duas doses da tríplice viral, imunizante que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, estava pelo quarto ano seguido abaixo de 80% – distante dos 95% preconizados pela pasta.
Desde 2022, porém, não há mais novos diagnósticos de sarampo que tenham sido contraídos dentro do Brasil – todos os registros foram de indivíduos que vieram do exterior. O último caso local foi confirmado em 5 junho daquele ano, no Amapá. Neste ano, por exemplo, foram registrados quatro casos, mas todos de pessoas que retornaram de outros países.
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