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“Nobel” do meio ambiente: antropólogo brasileiro Eduardo Brondízio é laureado por estudo sobre a Amazônia

A cerimônia que formaliza a premiação está programada para 10 de abril de 2025, em Los Angeles.

O antropólogo brasileiro Eduardo Brondízio foi anunciado como um dos vencedores do Tyler Prize for Environmental Achievement 2025, prêmio internacional reconhecido como o “Nobel” do meio ambiente. Esta é a primeira vez, em mais de cinco décadas de existência do prêmio, que pesquisadores da América do Sul são contemplados.

Professor da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e da Unicamp, Brondízio dividirá a premiação de US$ 250 mil (aproximadamente R$ 1,49 milhão) com a ecóloga argentina Sandra Díaz.

Com uma trajetória de mais de 35 anos dedicada à pesquisa sobre populações amazônicas, Brondízio esteve à frente de estudos que apontaram que mais de um milhão de espécies do bioma estão ameaçadas de extinção. Além do trabalho realizado junto a comunidades brasileiras, suas investigações também abarcaram outros países.

Em uma decisão histórica que reconhece a crescente relevância do Sul Global em questões socioambientais, o Tyler Prize contemplou pela primeira vez, em 52 anos de história, dois pesquisadores sul-americanos.

Mais importante prêmio ambiental no mundo, o Tyler Prize já agraciou nomes fundamentais como Jane Goodall, Warren Washington e Michael Mann. O reconhecimento, que direciona um valor de US$ 250.000 a ser dividido entre os indicados, destaca a emergência de novas vozes e perspectivas no enfrentamento dos desafios climáticos globais.

Em declaração conjunta após o anúncio do prêmio, os laureados enfatizaram a interconexão fundamental entre as crises contemporâneas. “A crise climática, a crise da biodiversidade e as escandalosas desigualdades socioeconômicas no mundo estão todas inter-relacionadas, conectadas pelo tecido vivo do planeta”, afirmaram, defendendo que haja uma abordagem integrada que transcenda as divisões tradicionais entre questões ambientais e sociais.

Julia Marton-Lefèvre, presidente do Tyler Prize, ressaltou que a escolha da dupla reflete não apenas suas contribuições científicas excepcionais, mas também sua capacidade de traduzir pesquisa em recomendações práticas.

“A pesquisa de Eduardo Brondízio iluminou o papel vital dos povos indígenas e das comunidades locais na conservação”, destacou Julia, acrescentando que os trabalhos dos premiados são “um exemplo perfeito de como a ciência pode gerar impacto.”

Quem é Eduardo Brondízio

Nascido no Brasil, Eduardo Brondízio é atualmente professor da Universidade de Indiana-Bloomington, onde dirige o Centro para a Análise de Paisagens Socioecológicas. E construiu uma carreira singular, dedicada sobretudo à compreensão das dinâmicas socioambientais da Amazônia.

“Compreender as lutas socioeconômicas do povo amazônico é fundamental para resolver os aspectos ambientais e climáticos que afetam o bioma”, destaca o pesquisador.

Para entender a gestão rural e indígena da biodiversidade, os padrões de desmatamento, a intensificação da agrofloresta e as vulnerabilidades populacionais relacionadas às mudanças climáticas, Brondízio desenvolveu metodologias consideradas revolucionárias.

“Precisamos mudar a forma como acadêmicos, tomadores de decisão e financiadores internacionais de clima e biodiversidade enxergam e interagem com a região”, argumenta.

O antropólogo defente também uma mudança na forma como a comunidade internacional aborda os desafios da região. “Precisamos enfrentar a pobreza, o desemprego, a violência e a precariedade da infraestrutura na Amazônia em todas as iniciativas e investimentos relacionados à biodiversidade e ao clima na região”, enfatiza, lembrando ainda que é preciso apoio a iniciativas de bioeconomia já existentes que sejam ricas em biodiversidade e socialmente inclusivas.

A cerimônia que formaliza a premiação está programada para 10 de abril de 2025, em Los Angeles.


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