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Lula critica extrema-direita e invasão na Ucrânia em discurso no Parlamento português

A fala de Lula aconteceu em uma sessão solene na Assembleia da República agendada extraordinariamente após protestos contra a presença do presidente brasileiro na principal sessão do dia.

Lula, durante discurso no Parlamento português. (Foto:Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou, nesta terça-feira (25), no Parlamento de Portugal, no qual celebrou o aniversário da Revolução dos Cravos, fez críticas à extrema-direita, citando a pandemia e o 8 de janeiro, e foi contra “soluções militares para os problemas atuais”.

A fala de Lula aconteceu em uma sessão solene na Assembleia da República agendada extraordinariamente após protestos contra a presença do presidente brasileiro na principal sessão do dia, que homenageia o “25 de Abril” português, data que marcou a queda da ditadura salazarista em 1974.

“O 25 de Abril permitiu que Portugal desse um verdadeiro salto para o futuro. O movimento iniciado há exatos 49 anos reconquistou as liberdades civis, a participação política dos cidadãos, a democratização política, os direitos trabalhistas e a livre organização sindical, criando as bases para o desenvolvimento econômico com justiça social”, saudou o petista.

“O êxito de nossos irmãos portugueses nos mostrava que, em breve, seria a vez de nós brasileiros iniciarmos nossa jornada rumo à reconquista da liberdade e da democracia. Enquanto em Portugal desmontava-se o aparelho repressivo a partir de 1974, nós no Brasil ainda enfrentávamos as prisões políticas, os sequestros e assassinatos de operários, jornalistas e militantes, perpetrados pela ditadura”, acrescentou.

Ao comparar as ditaduras portuguesa e brasileira, Lula relembrou versos da canção “Tanto Mar”, de Chico Buarque, homenageado nesta segunda (24) com a entrega do prêmio Camões após quatro anos de atraso.

Críticas ao autoritarismo e a “soluções militares”

Durante sua fala, em referência indireta aos atos criminosos de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes em Brasília, Lula disse que a “democracia no Brasil viveu recentemente momentos de grave ameaça”.

“Saudosos do autoritarismo tentaram atrasar nosso relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos desde a transição democrática. Os ataques foram constantes. Os irmãos portugueses assistiram a tudo, preocupados com a possibilidade de que o Brasil desse as costas ao mundo”, completou.

Citando as mais de 701 mil mortes por Covid-19 registradas no Brasil, segundo os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o presidente brasileiro alegou que ” metade dessas mortes poderiam ser evitadas não fossem as fake news, o atraso na obtenção de vacinas e a negação da ciência feita pela extrema-direita no meu país”.

Ele ainda retomou a referência à Revolução dos Cravos, que depôs o regime militar português, para dizer que o episódio histórico “mostra que uma potência militar que enfrenta um povo em luta pela liberdade jamais poderá vencê-lo”.

“Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da História. Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política”, afirmou Lula, que também voltou a cobrar a negociação pela paz para solucionar o conflito entre Rússia e Ucrânia.

Invasão da Ucrânia

Ainda no discurso no parlamento do país , Lula voltou a condenar a violação territorial da Ucrânia e pedir uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

A fala do petista na Assembleia da República, em pleno dia do aniversário da Revolução dos Cravos, também foi marcada pelo antagonismo entre os aplausos da maioria da casa e os protestos de parlamentares do partido de extrema-direita Chega, que levaram cartazes e fizeram barulho.

“O Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”, disse Lula.

“Ao mesmo tempo, é preciso admitir que a guerra não poderá seguir indefinidamente. A cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas, a destruição de lares”, acrescentou o presidente.


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