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La Niña fraco deve prolongar seca na Amazônia até o fim do ano, prevê Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA
Chuvas mais relevantes na região amazônica estão previstas apenas para novembro.
O La Niña previsto para o segundo semestre deve ser de fraca intensidade e incapaz de causar chuvas relevantes na região da Amazônia até novembro de 2024. Neste momento, a atmosfera está sob efeito de neutralidade e há 70% de possibilidade de o La Niña se instalar entre agosto e outubro de 2024, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
O fenômeno é caracterizado por causar mais chuva no Norte e Nordeste e menos no Sul do Brasil, causando estiagem em muitos casos. Isso quer dizer que o La Niña seria a esperança de dias mais úmidos na metade norte do Brasil, incluindo a Amazônia.
Porém, o fenômeno deve ser de curta duração e fraca intensidade. “Começando mais tarde e com pouca força, o La Niña não vai ajudar tanto a situação de umidade da Amazônia”, afirma o meteorologista Willians Bini.
Em linha, Alexandre Nascimento, meteorologista da Nottus, afirma que a seca na Amazônia não vai ter mudança no padrão até outubro. De novembro em diante a situação começa a melhorar lentamente com as primeiras chuvas mais ‘encorpadas’. Então, essas chuvas vão fazer o verão ser “infinitamente melhor do que o anterior, que foi sob efeito do El Niño”, afirma.
No curto prazo, a metade sul também vai enfrentar dificuldades. A umidade da região amazônica forma os “rios voadores” que causam regimes de chuva por todo Brasil. O fenômeno é composto por cursos d’águas invisíveis que se dispersam por todo continente.
Como as principais regiões de destino dessa umidade são o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, a agricultura brasileira é diretamente dependente da umidade amazônica.
Na metade sul do Brasil, o ar seco e a falta de chuva, já sentida com contribuição da estiagem na Amazônia, pode se agravar no próximo mês com dias mais secos no Sul e Sudeste com o futuro La Niña ativo, mesmo que sem tanta força.
Mesmo assim, a previsão de Nascimento, da Nottus, é que o cenário comece e melhorar no Centro-Oeste, no Sudeste e no Paraná já que a chuva deve chegar em setembro e se estabilizar em outubro, sem atrasos. “Esperamos um cenário melhor que 2023”.
Com a chuva “em dia”, Bini afirma que o início da safra de grãos será positivo para os produtores do Centro-Oeste e Sudeste, enquanto no Sul, a previsão é de chuvas irregulares e menor produtividade para a soja.
A projeção para o mês de julho, agosto e setembro, de forma geral, indica variações negativas de chuva na região Amazônica. Isso quer dizer que a precipitação vai continuar abaixo da média nos meses que já costumam ser secos no Brasil. Além disso, o restante do inverno seguirá com temperaturas máximas acima da média, condição de seca e o nível dos rios mais baixos.
Para agora, as condições de seca poderão ser intensificadas nos estados das regiões Norte, Centro Oeste e Sudeste, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden (Cemaden). As condições de seca extrema são observadas no Estado de São Paulo, em regiões pontuais de Mato Grosso, na divisa do Pará com Tocantins, Minas Gerais e Paraná.
De acordo com o levantamento, 70 municípios brasileiros estão classificados com seca extrema, 1025 com seca severa, 1378 com seca moderada e 1114 com seca fraca. As informações estão contidas no Índice Integrado de Seca (IIS3 e 6) feito pelo Cemaden.
No Brasil, o padrão é um verão mais quente e úmido e o inverno mais frio e seco. No Norte do país, na região da bacia amazônica, historicamente, o período mais seco começa entre agosto e setembro devido à migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é uma área que circunda todo o planeta na região equatorial, responsável pelo fluxo de uma grande quantidade de umidade, explica o meteorologista. “Nos últimos anos, a seca tem começado antes que o normal”, afirma Bini.
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