Jornal publica e-mails que revelam exclusão de idosos de atendimento hospitalar em Madri

O jornal “El País” publicou o vazamento de e-mails que revelam que o governo de Madri excluiu idosos do atendimento hospitalar no momento mais crítico da pandemia de Covid-19. Mais de 6 mil idosos morreram infectados pelo novo coronavírus ou com sintomas sugestivos da doença, segundo a Secretaria de Políticas Sociais de Madri.

Com data de 23 de março, o protocolo ao qual a publicação teve acesso reunia diretrizes de prioridade de assistência, diante de uma “situação excepcional de catástrofe” com o aumento de casos de Covid-19.

O documento recomendava a médicos dos centros de saúde que atendem pacientes em casa “avaliar” que não fossem levados para os hospitais pacientes com mais de 80 anos e doença de órgão terminal; pessoas em uma escala clínica de fragilidade de 8 a 9; com demência moderada ou grave; e pacientes com câncer terminal ou qualquer doença e expectativa de vida inferior a um ano.

““Esse protocolo vai contra os meus próprios valores. É negar a assistência por uma triagem decidida pela autoridade. Por mais saturados que os hospitais estejam, não se pode negar o encaminhamento a uma pessoa, e isso foi feito como uma imposição”, disse um médico, não identificado, ao “Ela País”.

Ontem (9), um porta-voz do Conselho de Saúde de Madri afirmou ao veículo que “o documento foi modificado” em uma data posterior, não especificada, retirando o critério de idade entre os quesitos para o não encaminhamento à assistência hospitalar.

Em e-mails também noticiados pelo “El País” durante a semana, o secretário das Políticas Sociais de Madri, Alberto Reyero, alertou o colega da pasta da Saúde, Enrique Ruiz Escudero, da possibilidade de muitos idosos morrerem “em condições indignas” em casa de repouso durante o pico da pandemia.

A ordem de não transferir idosos para hospitais desencadeou uma investigação judicial promovida pelos familiares dos falecidos e associações que exigem que o governo de Madri seja responsabilizado criminalmente.