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Filho de ditador Ferdinand Marcos é eleito presidente das Filipinas com grande vantagem de votos

Com mais de 66% dos resultados apurados, Marcos Jr. conquistou mais de 21,7 milhões de votos, contra 10,3 milhões da candidata liberal Leni Robredo.

Ferdinand Marcos Jr., filho do ditador que governou as Filipinas até 1986. (Foto: Jam Santa Rosa/ AFP)

Após 36 anos da deposição do corrupto e violento ditador filipino Ferdinand Marcos, seu filho, Ferdinand Marcos Jr., deve ser eleito presidente do país nesta segunda-feira, com uma enorme margem de vantagem sobre a segunda colocada.

Com mais de 66% dos resultados apurados, Marcos Jr. conquistou mais de 21,7 milhões de votos, contra 10,3 milhões da candidata liberal Leni Robredo. A boca de urna também aponta uma ampla vantagem para o candidato. Embora matematicamente seja possível uma reversão do resultado, isto não é uma opção realista. A eleição confirma as pesquisas ao longo da campanha.

O porta-voz de Marcos, Vic Rodriguez, disse que Bongbong, como Marcos Jr. é popularmente conhecido, ainda não estava pronto para falar sobre a vitória.

— Não acaba até terminar — disse à CNN Filipinas. — Bongbong Marcos nunca olhou além de 9 de maio e ainda é 9 de maio. Estamos sob instruções expressas dele para não perder o foco e olhar além de 9 de maio.

Em eleição independente, a filha do atual presidente, Sara Duterte-Carpio, deve ser eleita vice-presidente com número de votos muito parecido ao de Marcos Jr.. Por ora, ela está com 21,3 milhões de votos.

Nas Filipinas, o vencedor só precisa obter mais votos do que qualquer outro adversário para se eleger, sem segundo turno. A enorme margem de vantagem, no entanto, fará de Marcos Jr. o primeiro candidato a se eleger com maioria absoluta desde o estabelecimento da democracia, em 1986, com a queda de seu pai após 21 anos no poder.

O resultado significa uma surpreendente reviravolta para o destino do poderoso e bilionário clã Marcos, durante décadas considerados ao redor do mundo como sinônimo de corrupção e falta de escrúpulos. Segundo a Anistia Internacional, o regime prendeu mais de 70 mil pessoas por razões políticas, torturou mais de 34 mil e cometeu no mínimo 3.240 assassinatos políticos.

Enquanto isso, uma comissão instaurada após a ditadura verificou que o presidente e seus aliados se apropriaram de uma fortuna avaliada entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões dos cofres filipinos.

O resultado também apresenta uma ameaça significativa à democracia filipina, já estressada por seis anos de governo de Rodrigo Duterte, que teve como principal plataforma política o extermínio extrajudicial de suspeitos de venda e uso de drogas. Duterte também nomeou aliados para cargos-chave e perseguiu jornalistas e meios de comunicação e opositores.

Embora seja improvável que Marcos Jr. imponha o mesmo tipo de autoritarismo brutal do regime de seu pai, muitos acreditam que a confirmação da vitória de Marcos Jr. levará as FIlipinas por um caminho de aparelhamento das instituições e arbitrariedades.

— Esta será uma eleição histórica — disse Cleve Arguelles, professor assistente de ciência política na Universidade De La Salle, em Manila.

Os resultados devem significar um golpe brutal para os apoiadores da liberal Robredo, a atual vice-presidente, que baseou sua campanha na defesa da democracia e levou quase um milhão de pessoas às ruas em um comício recente.

Robredo, advogada e economista de 57 anos, prometeu limpar o estilo sujo de política que há muito atormenta a democracia feudal e corrupta, onde um punhado de sobrenomes domina.

Marcos Jr. não tem uma plataforma política, tendo baseado sua campanha em promessas de “unidade” e “prosperidade”.

Analistas consideram a desinformação propagada em redes sociais, em um país onde mais de 99% da população estão conectados à internet, como principal explicação para o triunfo de Marcos. Há décadas sua bilionária família tenta limpar a própria imagem e começou a alcançar sucesso com a explosão das redes sociais há cerca de dez anos.

Cães farejadores de bombas vasculharam a zona eleitoral antes que Marcos Jr. chegasse com a sua irmã mais nova, Irene, e seu filho mais velho, Sandro, na Escola Primária Memorial Mariano Marcos, na cidade de Batac, a terra originária do clã.

Seguia-os a extravagante matriarca da família, a viúva do ditador Imelda, de 92 anos, que saiu de uma van branca enquanto usava uma blusa longa e vermelha com calças combinando e sapatilhas.

Sandro, de 28 anos, que se candidata pela primeira vez a um cargo eletivo em um distrito parlamentar da província de Ilocos Norte, disse que a história da família representa “um fardo” para o início de sua carreira política, mas que ele pretende levá-la adiante:

— [A história familiar] é uma que também tentamos sustentar, proteger e melhorar enquanto atuamos.

A informação é do site Extra


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