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EUA prendem 538 imigrantes e fazem primeiras deportações após decretos de Trump, diz Casa Branca

Em 1º relatório de prisão de imigrantes, Casa Branca disse que ação foi ‘apenas pequena amostra’ de ações do governo Trump fará em sua gestão.

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O governo de Donald Trump iniciou nesta semana a primeira leva de deportações de imigrantes ilegais. Autoridades prenderam 538 pessoas e deportaram centenas delas, segundo relatório divulgado na noite de quinta (23) pela Casa Branca.

A operação, que ocorreu em diferentes estados do país, é parte do cerco a imigrantes que o novo presidente dos EUA prometeu fazer ao tomar posse, na segunda-feira (20) (leia mais abaixo).

A nova porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os presos eram “imigrantes ilegais criminosos”, mas não deu detalhes sobre os deportados.

Leavitt não especificou, no entanto, para onde os deportados foram enviados — o processo de deportação costuma ser demorado e envolve a existência prévia de acordos bilaterais ou negociações com o país de origem dos imigrantes.

“A maior operação de deportação em massa da história está em andamento. Promessas feitas. Promessas cumpridas”.
No Brasil, a Polícia Federal disse que um voo com cidadãos deportados dos EUA — o primeiro para o Brasil da gestão Trump — chegará a Belo Horizonte na noite desta sexta.

Uma reportagem do jornal “The New York Times” publicada nesta sexta-feira (24) afirma que o governo Trump concedeu a autoridades da Agência de Imigração e Fronteiras dos EUA (ICE, na sigla em inglês) o poder de fazer deportações instantâneas — ou seja, devolver para o território mexicano indivíduos que acabaram de entrar, o que, pelas leis internacionais, é proibido —, o que pode ter acelerado o processo.

A Casa Branca alegou que todos os imigrantes detidos na megaoperação de quinta-feira já tinham algum tipo de condenação na Justiça norte-americana. Na maioria dos casos, as condenações foram sentenciadas há poucos dias.

A condenação de imigrantes ilegais não necessariamente justifica, pela lei, a deportação deles, apenas a detenção — a devolução a seus países depente da gravidade do crime, de um pedido de extradição do país de origem ou de se o processo de avaliação de se esse indivíduo teria direito ao visto de refugiado foi reprovada.

Veterano de guerra detido

Também na noite de quinta-feira, agentes de imigração fizeram uma operação em Nova Jersey que prendeu tanto imigrantes quando cidadãos norte-americanos, segundo o prefeito de Newark, cidade onde ocorreu a ação.

O prefeito da cidade, Ras Baraka, disse que até um veterano de guerra foi detido pelos agentes, a quem acusou de violação dos direitos humanos. Newark é um das chamadas “cidades santuários” dos EUA, como são chamadas cidades nas quais o governo local protege imigrantes.
“Eles invadiram um estabelecimento local (…) detendo moradores e cidadãos sem documentação, sem apresentar uma ordem judicial’, disse o Baraka.

Donald Trump deportou quase 400 mil imigrantes ilegais a mais que Joe Biden

Política migratória de Trump

A Casa Branca ainda não havia se manifestado sobre a acusação até a última autalização desta reportagem.

Nos dois primeiros dias de seu mandato, Trump assinou ordens executivas — espécies de decretos sem efeito de lei, que determinam como setores do governo deve aplicar verbas — para impedir a entrada de imigrantes e prender os que estiverem em situação irregular nos Estados Unidos.

O presidente norte-americano também assinou decretos de “emergência nacional” na fronteira sul, anunciou o envio de mais tropas para a área e prometeu deportar “milhões e milhões de estrangeiros criminosos”.

No início desta semana, o Congresso, de maioria republicana, aprovou uma lei para prorrogar a prisão preventiva de estrangeiros suspeitos de crimes.

A Casa Branca publicou nesta sexta-feira (24) o primeiro relatório de prisão de imigrantes

O relatório traz o exemplo de 4 presos, todos condenados por um crime, o que vai ao encontro das falas de Trump sobre ir atrás dos imigrantes que tenham cometido crimes. Veja abaixo

Investida contra imigrantes: ponto a ponto

Em dois dias de governo, Donald Trump adotou uma série de medidas para combater a imigração ilegal nos Estados Unidos. Entre segunda-feira (20) e terça-feira (21), várias ordens executivas e diretrizes governamentais foram aplicadas com o objetivo de reforçar a fiscalização e impedir a entrada irregular de estrangeiros no país.

Trump está tirando do papel promessas que fez durante a campanha presidencial. O republicano garante que vai fazer a maior deportação em massa da história do país, com milhões de imigrantes ilegais sendo expulsos. Veja algumas medidas adotadas a seguir.

O presidente anunciou que tropas do Exército e da Guarda Nacional serão enviadas à região para reforçar a segurança.
Além disso, agentes federais de imigração receberam poderes ampliados para deter suspeitos.
A medida também facilita a liberação de recursos para retomar a construção do muro na fronteira.
Por fim, o governo também encerrou programas que permitiam a entrada de estrangeiros por motivos humanitários.

Fim da cidadania automática: Trump emitiu uma ordem executiva eliminando o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais ou com vistos temporários nascidos nos EUA.

Antes, quando imigrantes em situação ilegal tinham um filho em solo americano, a criança ganhava cidadania americana automaticamente.
A mesma coisa acontecia quando a mãe viajava aos Estados Unidos com um visto temporário, como o visto de turista. Se a criança nascesse durante o período da viagem, ganhava cidadania também.
Celebridades brasileiras já usaram essa estratégia para obter a cidadania americana para seus filhos.

Juristas afirmam que a medida contradiz a 14ª Emenda da Constituição, que garante cidadania a qualquer pessoa nascida no país.
Estados governados por democratas entraram com ações judiciais contra a medida.

“Presidentes são poderosos, mas ele não é um rei. Ele não pode reescrever a Constituição com um simples golpe de caneta”, afirmou Matthew Platkin, procurador-geral de Nova Jersey.

Deportação expressa: o governo Trump ampliou o alcance da chamada deportação acelerada, que permite expulsões rápidas de imigrantes ilegais sem a necessidade de uma audiência judicial.

Qualquer imigrante que não comprove que reside há dois anos nos EUA pode ser alvo.
Sob Biden, a deportação expressa possuía algumas limitações. Por exemplo, a medida só era adotada em todo o país para quem entrasse nos Estados Unidos por via marítima e estivesse a menos de dois anos no país.
Ainda durante o governo Biden, quem entrava por via terrestre só poderia ser alvo da deportação expressa se fosse detido a até 160 km da fronteira e estivesse no país há menos de 14 dias.
Agora, todas essas restrições foram eliminadas. Segundo o governo, a medida está dentro dos limites legais estabelecidos pelo Congresso.
A deportação expressa já foi alvo de polêmica durante o primeiro mandato de Trump. O caso chegou a parar na Suprema Corte.

Prisões em áreas protegidas: o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) revogou uma proibição de 2021 sobre prisões de imigrantes em locais como hospitais, igrejas e escolas.

Antes, prisões de imigrantes não podiam ocorrer nesses locais, para garantir acesso seguro a serviços básicos.
O governo Biden também argumentava que operações do tipo poderia criar medo nas comunidades americanas.
Com a mudança, agentes podem realizar prisões de imigrantes em hospitais, igrejas e escolas.
Benjamine Huffman, secretário interino de Segurança Interna, afirmou que “assassinos e estupradores” não poderão mais usar esses locais como esconderijos.
“A Administração Trump não amarrará as mãos de nossos bravos agentes da lei e, em vez disso, confia que eles usarão o bom senso”, afirmou Huffman.

“Fique no México”: o governo Trump anunciou que está retomando um programa que foi adotado durante o primeiro mandato, mas que foi revogado por Biden.

A iniciativa obriga que estrangeiros que pedem asilo aos Estados Unidos, com exceção de mexicanos, aguardem a análise da solicitação no México.
Na segunda-feira (20), o governo tirou do ar um aplicativo usado para agendar entrevistas de asilo.
Todos os agendamentos para pedidos de asilo que já estavam feitos foram cancelados.
A medida gerou indignação e tristeza entre imigrantes que aguardavam para entrar nos Estados Unidos na fronteira com o México.

Restrição na entrada: o DHS emitiu uma diretriz para restringir o uso da chamada “parole”.

A ferramenta permite a entrada legal de imigrantes em situação de emergência e foi amplamente usada na gestão Biden.
A parole também serve para fins humanitários e beneficiou pessoas de várias nacionalidades, como ucranianos, cubanos e venezuelanos.
Segundo o DHS, o governo Biden permitiu que 1,5 milhão de imigrantes entrasse no país por meio do benefício de forma indiscriminada.
Agora, tudo será analisado caso a caso, de acordo com o departamento.


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