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Dourada e piramutaba, peixes da Amazônia, entram para lista de proteção internacional

As espécies fazem as mais longas migrações em água doce do mundo: a dourada viaja 11 mil km entre a Foz do Amazonas e o sopé dos Andes; a piramutaba percorre 5.500 km e precisam de medidas contra a extinção.

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A dourada (Brachyplatystoma rouseauxii) e a piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii), peixes são naturais da Amazônia entraram para a lista da Convenção sobre Espécies Migratórias de Animais Selvagens (CMS), em fevereiro. As informações são do site Gizmodo.uol.com.br.

É a primeira vez que peixes amazônicos entram na lista da CMS, também conhecida como Convenção de Bonn. Ela visa proteger espécies migratórias em toda a sua área de distribuição, criando uma cooperação internacional entre os países.

Tanto a dourada quanto a piramutaba são peixes que fazem longas migrações — entre as mais longas do mundo para espécies de água doce.

A dourada migra até o sopé da Cordilheira dos Andes, um caminho de 11 mil quilômetros (km). O local é onde os peixes dessa espécie se reproduzem e depois desovam suas larvas.

Já a piramutaba percorre aproximadamente 5.500 quilômetros do estuário do rio Amazonas, em Belém, Pará, até Iquitos, no Peru. Lá, os peixes fazem a desova e as larvas viajam de volta até a Amazônia, nos rios Negro e Solimões.

Assim, esses peixes fazem a mais longa migração em água doce do mundo: a dourada viaja 11 mil km entre a Foz do Amazonas e o sopé dos Andes para desovar; a piramutaba percorre 5.500 km.

Além disso, esses dois peixes da Amazônia também são muito importantes para a economia da região. Ambos não possuem escamas, e ganham nome de “peixes de couro”.

Dessa forma, limpá-los para comer é mais simples, o que fez com virassem parte da culinária amazônica. Por isso, eles têm um alto valor comercial.

Por serem alvo de pesca, especialistas se preocupam com o status de conservação dos dois peixes da Amazônia. Os últimos registros oficiais da região ocorreram em 2004, e não há estatísticas a nível nacional de órgãos ou instituições públicas.

Outra ameaça à dourada e à piramutaba são as hidrelétricas. Em geral, as barragens cortam a conectividade das águas, o que impede a migração dos peixes da Amazônia.

“Nos últimos anos, a área de ocupação e migração da dourada já diminuiu em 37% por causa da construção de barragens na Bacia do Rio Madeira”, afirmou ao site Mongabay Guillermo Estupiñán. Ele é biólogo especialista em Recursos Pesqueiros na WCS (Wildlife Conservation Society).

Não à toa, em 2023 a dourada passou para um grau maior de ameaça na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Agora, o peixe é considerado como “vulnerável” à extinção.

Os dois peixes da Amazônia entraram no Apêndice II da lista de proteção internacional. De acordo com Estupiñán, as espécies nesta posição já são alvo de preocupação de especialistas. Dessa forma, precisam de medidas para evitar que a ameaça de extinção aumente.

“Estar no Apêndice II é muito importante na conservação de espécies e seus hábitat, para promover o diálogo e a cooperação entre governos dos locais onde elas são observadas, nesse caso Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela”, explicou o biólogo.


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