Mundo
Com mais de meio milhão de casos de Covid-19 no mundo em 24h, França e Alemanha ampliam restrições
Os países europeus não conseguiram evitar uma segunda onda do novo coronavírus e estão tomando medidas mais drásticas após números recordes de infectados e mortes.
Durante as últimas semanas, os países europeus tentaram retardar a propagação de uma segunda onda de infecções por coronavírus por meio de restrições específicas e localizadas, destinadas a evitar os bloqueios nacionais impostos na primavera no hemisfério norte. Mas com o mundo registrando um novo número recorde de mais de meio milhão de casos de Covid-19 em um único dia e mais de 7 mil mortos, as medidas precisaram ser ampliadas. As informações são da AP e New York Times, com publicação pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Com países como França, Itália e Reino Unido relatando o maior número de mortes em meses, e a Alemanha enfrentando casos crescentes nesta semana, as autoridades agora estão lutando para reimpor medidas drásticas para conter o aumento de infecções e hospitalizações que podem resultar em mais mortes do que durante a primeira onda da pandemia.
O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quarta-feira (28), um novo confinamento nacional para conter o aumento de casos a partir da sexta-feira e pelo menos até 1º de dezembro. Bares, restaurantes e estabelecimentos comerciais não essenciais vão fechar, mas diferentemente do confinamento de dois meses, imposto entre março e maio, as escolas vão permanecer abertas, disse Macron em um discurso transmitido pela televisão.
A Alemanha decidiu impor as restrições mais duras desde um “lockdown” ocorrido durante a primavera no hemisfério norte. O acordo para impor uma paralisação parcial de um mês foi acertado pela chanceler Angela Merkel depois de conversas com líderes dos 16 Estados do país, afirmou a Bloomberg.
O governo alemão anunciou a proibição de presença de público em eventos esportivos, incluindo o Campeonato Alemão de futebol (Bundesliga). A medida entra em vigor na próxima segunda-feira e vai até o final de novembro. Merkel também pede aos cidadãos que mantenham os contatos sociais a um mínimo absoluto e evitem todas as viagens não essenciais.
De acordo com a proposta do novo lockdown, as regras, que como as da França seriam menos rígidas do que as impostas em março, teriam como objetivo limitar o número de infecções até o Natal para que amigos e familiares pudessem se encontrar novamente.
Frédéric Valletoux, presidente da Federação Francesa de Hospitais, disse nesta quarta-feira que os hospitais estavam em uma situação muito mais precária do que no segundo trimestre, com a equipe esgotada desde a primeira onda, menos margem de manobra para adiar tratamentos ou cirurgias para abrir espaço para pacientes da Covid-19 e outras epidemias como a gripe que vem com o inverno.
“Os hospitais não vão aguentar se não tomarmos medidas drásticas”, disse Valletoux.
Os números crescentes relatados em toda a Europa nesta semana sugerem que os esforços para evitar lockdowns nacionais fizeram pouco para conter a propagação da pandemia.
No Reino Unido, que relatou 367 mortes na terça-feira, o primeiro-ministro Boris Johnson enfrentou apelos por um novo lockdown nacional, já que o órgão consultivo do governo, conhecido como SAGE, o alertou que a segunda onda poderia ser mais mortal do que a primeira, de acordo com o The Telegraph.
Com mais de 61 mil mortes por coronavírus, a Grã-Bretanha foi o país mais atingido na Europa, com um aumento de mortes em excesso que não atingiu os picos vistos na Itália ou na Espanha, mas que durou mais.
A Espanha também cogita um novo lockdown nacional, com o País Basco fechando as fronteiras da região e as autoridades regionais em Madri considerando uma medida semelhante. Na região alemã da Baviera, as autoridades colocaram dois distritos sob lockdown estrito e, na Itália, um toque de recolher para bares e restaurantes e o fechamento de academias públicas, cinemas e piscinas levaram a protestos contra o lockdown.
Na França, os líderes empresariais expressaram temor de que um novo lockdown seja fatal para muitas empresas, mas médicos e especialistas médicos dizem que é necessário. A União Europeia pediu na quarta-feira por testes aprimorados e por uma melhor coordenação do que tem sido uma colcha de retalhos de medidas díspares em seus países membros.
“Estamos profundamente na segunda onda agora”, disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, braço executivo do bloco, em entrevista coletiva. “Nossas expectativas são de que esses números aumentem nas próximas semanas e aumentem rapidamente.”
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