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Clima: Calor pode mudar até o gosto da cerveja, dizem especialistas
Clima mais quente e seco ameaça plantações de lúpulo, mas produtores tentam preservar aroma delicado e amargor da bebida produzida na cidade alemã de Spalt
Gerações de fazendeiros nas colinas banhadas pelo sol de Spalt, na Alemanha, cuidam orgulhosamente de suas plantas de lúpulo, usadas na fabricação de cerveja, desde a Idade Média. Perguntados sobre o que torna a variedade nativa do lúpulo Spalter tão especial, entusiastas falam sobre o aroma delicado e picante, sua leveza e a harmonia e o toque de amargor que a planta proporciona.
Mas a colheita e essas tradições antigas estão sendo ameaçadas como nunca. E a culpa é das mudanças climáticas, que podem afetar até mesmo o sabor da cerveja.
A promessa de um clima mais quente e mais seco foi brutal para a indústria do lúpulo em toda a Europa. Mas tem sido especialmente cruel com o lúpulo Spalter, uma cultura que sustenta há séculos essa cidade organizada de cinco mil habitantes no sul da Alemanha.
Depois de uma temporada de temperaturas escaldantes, períodos de seca prolongados e tempestades violentas, a colheita de lúpulo na Alemanha no ano passado diminuiu mais acentuadamente do que em qualquer outro período desde a Segunda Guerra Mundial.
Variedades nativas, como a Spalter, que se desenvolveram naturalmente em climas mais frios e úmidos há séculos, foram as que mais sofreram. A colheita deste ano apenas começou, mas a Associação de Produtores de Lúpulo da Alemanha já projetou que ela ficará abaixo da média.
Os produtores costumavam ter um ano seco e uma colheita ruim a cada década. “No entanto, agora estamos experimentando um segundo ano seco consecutivo pela primeira vez”, escreveu a Associação no mês passado. “Olhando para o futuro, precisamos esperar mais anos secos.”
Tais realidades levantaram uma série de questões existenciais em Spalt – sobre a longevidade de sua safra, se os agricultores mudarão para variedades de lúpulo mais novas e mais adaptadas ao clima e, se o fizerem, se os fabricantes de cerveja as comprarão.
— É importante para nós que todo o sistema funcione, que funcione no futuro como funcionou no passado. É por isso que ele existe há tanto tempo. Esperamos que daqui a 700 anos ele ainda exista. Não para nós, mas para os filhos de nossos filhos — disse Andreas Auernhammer, um produtor de lúpulo.
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