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China e Estados Unidos travam ‘guerra’ sobre o futuro da tecnologia 5G no Brasil

Em comunicado, a embaixada do país asiático no Brasil afirmou que os norte-americanos têm um passado sujo em cibersegurança após governo dos EUA acusarem empresa chinesa de espionagem.

A embaixada da China no Brasil acusou nesta terça-feira (20) os Estados Unidos de mentirem sobre a tecnologia 5G e de criarem problemas que ameaçam regras internacionais. Os representantes do país asiático afirmaram que os norte-americanos têm um passado sujo em cibersegurança e lembraram do episódio de espionagem de autoridades brasileiras durante o governo Dilma Rousseff (PT). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

As declarações sobem o tom na escalada de tensões entre os dois países em meio às decisões a serem tomadas pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) acerca da tecnologia 5G. O argumento do governo norte-americano, que enviou uma comitiva ao Brasil nesta semana para debater o assunto, é que a chinesa Huawei repassa informações sigilosas ao governo do país asiático, o que ameaçaria a segurança de dados do Brasil e a cooperação com os EUA.

De acordo com a embaixada, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o conselheiro do presidente americano para Assuntos de Segurança Nacional, Robert O’Brien, espalharam com má fé mentiras políticas contra a China.

Segundo comunicado dos representantes chineses, os políticos norte-americanos se vangloriam de mentir, enganar e roubar e se tornaram criadores de problemas que ferem a ordem internacional.

“Ao ignorar os fatos básicos e produzir comentários baseados na mentalidade de guerra fria e jogo de soma zero, eles têm como objetivo real servir a certos interesses políticos, tirar proveito político dos ataques que difamam a China, atrapalham a cooperação internacional e instam a confrontação”, afirma comunicado divulgado pela embaixada.

A China diz ainda que as práticas dos EUA sobre o tema revelam hipocrisia do país sobre o assunto, já que o país costuma defender equidade e liberdade, mas com ações sobre o assunto que violariam tanto os princípios de economia de mercado quanto as regras de abertura, transparência e não discriminação que regem a OMC (Organização Mundial do Comércio).

O texto prossegue dizendo ainda que a comunidade internacional não vai se esquecer do “histórico sujo” dos EUA na segurança cibernética, que conduziram operações de “espionagem massiva, organizada e indiscriminatória contra os governos, empresas e indivíduos, entre eles os líderes dos países como o Brasil e das organizações internacionais”.

Em 2013, a presidente Dilma Rousseff chegou a cancelar a visita de Estado que faria a Washington em outubro daquele ano após virem à tona revelações de que a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) estava monitorando a presidente.

As relações com o então presidente Barack Obama ficaram estremecidas por dois anos após os fatos serem revelados. “Tais ações dos EUA, que prejudicam a privacidade e segurança de outrem, são as verdadeiras ameaças à segurança cibernética do mundo”, afirma a embaixada no comunicado desta terça.

A embaixada diz ainda que a comunidade internacional deve ficar alerta com a tentativa dos EUA de “sacrificar o desenvolvimento dos outros países para buscar a superioridade dos seus próprios interesses, conter o crescimento dos países de mercados emergentes como a China e provocar intencionalmente fissuras entre a China e seus amigos”.

A representação chinesa ainda acusa os EUA de reterem respiradores oriundos da China com destino ao Brasil. “Os EUA vêm agindo contra o espírito humanitário básico e até retiveram materiais médicos urgentes, inclusive respiradores, que foram enviados da China ao Brasil, numa tentativa maléfica de atrapalhar a cooperação”, diz o texto.

“O lado chinês está disposto a trabalhar junto com os diversos setores do Brasil para aumentar a confiança mútua, superar as diversas ingerências, expandir a nossa parceria tanto nas áreas tradicionais como nas emergentes, incluindo o 5G”, afirmam os representantes chineses.

Em junho, o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, disse em entrevista à Folha que o governo Trump já estava discutindo com o Brasil o financiamento para a compra de equipamentos da Ericsson e Nokia para a infraestrutura de 5G.

Chapman argumentou que esse tipo de operação é do interesse da “segurança nacional” dos EUA.

“No DFC [estatal americana que dá suporte a objetivos geopolíticos estratégicos de Washington], nós temos dois produtos que podem apoiar empresas brasileiras que buscam adquirir a nova tecnologia. Temos financiamento através de equity [aporte direto] e financiamento. E esses produtos estão disponíveis para as empresas brasileiras”, afirmou nesta Sabrina Teichman, diretora do DFC, quando questionada sobre o tema.

​Mais cedo, em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que políticos dos Estados Unidos estão se metendo na cooperação econômica e comercial normal, depois que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que o Brasil e os Estados Unidos precisam reduzir sua dependência de importações chinesas.

Em entrevista coletiva, o porta-voz Zhao Lijian disse que China e Brasil são parceiros estratégicos e que tem amplo apoio em ambos os países. Lijian afirmou que a cooperação entre os países continuou a crescer mesmo com a pandemia do novo coronavírus.

“A China se opõe firmemente à mentalidade da Guerra Fria e ao preconceito ideológico de alguns políticos dos EUA, que deliberadamente difamam e denegrem a cooperação econômica e comercial normal da China com outros países”, disse Lijian.


Comunicado na íntegra:

No evento “2020 US-Brazil Connect Summit” e durante a visita ao Brasil, o Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o Conselheiro do presidente americano para Assuntos de Segurança Nacional, Robert O’Brien, espalharam com má fé mentiras políticas contra a China, fabricaram a chamada “ameaça chinesa” e atacaram a tecnologia de 5G da China. Esses políticos americanos, no seu número pequeno, se vangloriam de mentir, enganar e roubar, e se tornaram em criadores de problemas que ferem a ordem internacional e ameaçam as regras internacionais. Ao ignorar os fatos básicos e produzir comentários baseados na mentalidade de guerra fria e jogo de soma zero, eles têm como objetivo real servir a certos interesses políticos, tirar proveito político dos ataques que difamam a China, atrapalham a cooperação internacional e instam a confrontação. Isso merece a nossa veemente objeção.

Reiteramos que a China busca construir um novo modelo de relações internacionais centradas na cooperação de benefícios compartilhados e jamais interferiu nos assuntos internos e políticas externas de outrem. A China sempre desenvolve parcerias com os outros países, incluindo o Brasil, com base em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. O objetivo dessas parcerias é promover o progresso comum, em vez de visar ou excluir terceiros. Desde o surto de Covid-19, a China e o Brasil têm mantido cooperações no combate à pandemia e o lado chinês tem prestado apoio ao Brasil através de doação de materiais, compartilhamento de experiências no diagnóstico e tratamento, além de parcerias estreitas no desenvolvimento de vacinas, etc., Enquanto isso, os EUA vêm agindo contra o espírito humanitário básico e até retiveram materiais médicos urgentes, inclusive respiradores, que foram enviados da China ao Brasil, numa tentativa maléfica de atrapalhar a cooperação normal entre a China e o Brasil.

Recentemente, um pequeno número de políticos americanos, desprezando os fatos e forjando uma série de mentiras, vem lançando ataques difamatórios contra o 5G da Huawei. Tem utilizado o aparato estatal para impedir as operações legítimas das empresas chinesas de alta tecnologia, abusando no pretexto de segurança nacional. Além disso, tem obrigado os outros países a adotar políticas discriminatórias e excludentes que miram empresas chinesas como a Huawei. É uma prática hegemônica flagrante que revela a sua hipocrisia em defender a chamada equidade e liberdade, e é um típico padrão duplo que viola tanto os princípios de economia de mercado quanto as regras de abertura, transparência e não discriminação que regem a OMC. A comunidade internacional não vai se esquecer do histórico sujo dos EUA na segurança cibernética, que tinham conduzido operações de espionagem massiva, organizada e indiscriminatória contra os governos, empresas e indivíduos, entre eles os líderes dos países como o Brasil e das organizações internacionais. Tais ações dos EUA, que prejudicam a privacidade e segurança de outrem, são as verdadeiras ameaças à segurança cibernética do mundo. A comunidade internacional deve ficar alerta com a malevolência dos EUA de sacrificar o desenvolvimento dos outros países para buscar a superioridade dos seus próprios interesses, conter o crescimento dos países de mercados emergentes como a China e provocar intencionalmente fissuras entre a China e seus amigos.

Sendo parceiros estratégicos globais e membros do G20 e do Brics, a China e o Brasil compartilham amplos interesses comuns nos temas internacionais e regionais. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos seguidos. É a maior fonte de superávit comercial e um dos principais investidores do Brasil. Os fatos mostram que a cooperação China-Brasil possui alta complementaridade e reciprocidade, e portanto, salvaguardar e desenvolver firmemente as relações bilaterais condizem com os interesses fundamentais e de longo prazo dos dois países e povos. Temos a certeza de que as nossas relações não serão desviadas do trilho de desenvolvimento saudável e estável por qualquer interferência externa. O lado chinês está disposto a trabalhar junto com os diversos setores do Brasil para aumentar a confiança mútua, superar as diversas ingerências, expandir a nossa parceria tanto nas áreas tradicionais como nas emergentes, incluindo o 5G, além de continuar promovendo o desenvolvimento contínuo e aprofundado das relações sino-brasileiras, beneficiando ainda mais os nossos povos.


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