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Manaus

Ministério da Saúde pressiona Prefeitura de Manaus ao afirmar ser ‘inadmissível’ não usar cloroquina contra Covid-19

Documento do MS à Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) recomenda que UBSs usem medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina, para tratar precocemente pacientes com o novo coronavírus.

Em meio a uma nova onda de Covid-19, a Prefeitura de Manaus está sendo pressionada pelo Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro a distribuir remédios sem eficácia comprovada para tratar seus pacientes, como cloroquina e ivermectina. As informações são blog Painel, do jornal Folha de S.Paulo.

Além disso, a pasta do ministro Eduardo Pazuello pediu autorização para fazer uma ronda nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para encorajar o uso das medicações. A alternativa, não utilizá-las, é tratada como “inadmissível” em documento enviado para a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa-Manaus).

O Painel procurou o Ministério da Saúde na noite desta segunda-feira (11), mas não teve resposta até o momento. A capital do Amazonas e o Estado têm batido recordes de internações e mortes e têm sofrido com a falta de leitos e de equipamentos.

Em ofício encaminhado à Prefeitura de Manaus na sexta-feira (7), o Ministério da Saúde pede autorização para visitar as Unidades Básicas de Saúde destinadas ao tratamento do coronavírus na segunda-feira (11) “para que seja difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internamentos e óbitos decorrentes da doença”.

“Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da situação de saúde em Manaus a não adoção da referida orientação”, continua o ofício.

As medicações que têm sido defendidas pelo governo federal, como cloroquina e ivermectina, não têm eficácia comprovada no tratamento do coronavírus.

Em sua nota informativa 17/2020, que contém “orientações do Ministério da Saúde para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19”, o governo federal sugere um combinado de cloroquina ou hidroxicloroquina com azitromicina para pacientes com sintomas leves, moderados e graves.

O ofício enviado à Prefeitura de Manaus é assinado por Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde. A médica tornou-se conhecida em 2013 por ter hostilizado cubanos que participavam de curso do Mais Médicos. Em 2019, Mayra entrou no governo para cuidar do programa, que mudou de nome.

Em julho de 2020, ela escreveu em suas redes sociais que os governadores e prefeitos de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará eram os responsáveis pelas mortes por coronavírus que aconteceram em suas regiões por impedirem ou dificultarem “o acesso as medicações para tratamento da doença.”

O ministro Eduardo Pazuello esteve em Manaus na segunda-feira (11) e se encontrou com o prefeito da cidade, David Almeida (Avante), e com o governador do Amazonas Wilson Lima (PSC).

Destinatária do ofício da pasta, Shadia Fraxe, secretária de Saúde de Manaus, disse ao Painel nesta segunda-feira (11) que ainda não havia lido o documento, mas que somente distribuirá medicamentos cuja eficácia tenha sido comprovada por estudos científicos e que tenham passado por aprovação dos conselhos regional e federal de medicina.

Ela pondera, no entanto, que entende que as pessoas estejam recorrendo a medicações do tipo em um momento crítico.

“Vivemos uma situação muito diferente em Manaus. Existem muitas pessoas que estão desesperadas querendo tentar de tudo. Não posso tirar isso delas”, diz. “Mas essa medicação nem chegou aqui”.


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