Manaus
Cientista diz que atentados em escolas não são coincidência e alerta para captura de adolescentes
Luiz Antônio Nascimento alertou que garotos estão sendo capturados e estimulados a praticarem pânico e terror
O cientista social e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Luiz Antônio Nascimento informou nesta quarta-feira (12/04) que os ataques em escolas ocorridos no Brasil nos últimos dias não são coincidências. Para ele, com investigação da polícia, se verificará que há organizações criminosas recrutando jovens para praticar o terrorismo dentro das unidades educacionais.
“Não existem coincidências. Isso é um dado que qualquer cientista, qualquer analista vai concordar. A gente tem uma série de ataques terroristas domésticos, e em sequência. Isso não é só efeito espelho, efeito manada. E com certeza a Polícia Federal investigando ou entrando nas redes sociais vai encontrar nexo causal: esses moleques, esses meninos estão sendo tendo capturados com mesmo método que o Talibã por exemplo, produz, o Estado Islâmico realiza”, analisou o cientista, completando: “Essas duas organizações terroristas internacionais, elas capturam esses meninos nas redes sociais, nos jogos de violência, meninos que estão deprimidos, meninos que estão com raiva do mundo, meninos com baixíssima autoestima; veja que quase todos eles são meninos, a maioria deles, e que estão com ódio, estão com raiva do mundo, raiva da família e etc. Esses meninos são capturados por essas redes, na rede aberta, e levados para a área deep. E ali esses eles são treinados são capacitados, são estimulados”, disse o professor.
Luiz Antônio Nascimento comenta que os financiadores de ataques terroristas em escolas agem para criar a sensação nos infratores de acolhimento. “Ali ele se sentem, numa questão central para a gente possa entender, assim como nas galeras dos anos 90 em que eu estudei bastante bem aqui no Amazonas, há esses espaços na internet, são espaços que esses meninos se sentem acolhidos pela primeira vez na existência deles; são valorizados e respeitados; por isso que eles dão ouvido; por isso que eles se comprometem com a agenda e com a pauta”, observou o cientista.
Papel do estado
De acordo com o cientista social, a polícia precisa investigar o caso para chegar nos grupos de apoio ao terrorismo dentro de unidades educacionais. “Fortalecer, como foi fortalecido, o grupo de policiais que atuam em investigações criminais nas redes sociais, em especial, nessas redes de captura, que passam por exemplo nos jogos de guerra, de luta, de práticas violentas. Naqueles grupos de discussão de jogos onde esses meninos estão sendo capturados. O papel da polícia vai ser investigar isso para chegar nos promotores dessas ações. E ao mesmo é preciso responsabilizar os pais, punir os pais, porque é muito cômodo para os pais atribuir culpa e responsabilidade para a sociedade, escola, e eles não assumem a responsabilidade. Não quero dizer com isso que os pais são os únicos responsáveis. Mas é preciso criar mecanismos de que esses pais precisam assumir papel preponderante na educação dos filhos. A escola não é lugar para dar educação. A escola é para dar conhecimento e formação. A educação se dá em casa”.
Direita
Luiz Antônio Nascimento, sem citar nomes, acusou a extrema direita de induzir os infratores. “E quem são esses capturados? São a extrema direita, que tem um projeto de sociedade; essa violência não é à toa não é por bobagem. Essa extrema direita aqui no Brasil ganhou uma dimensão importante com o governo Bolsonaro, com a ascensão do bolsonarismo, onde durante mais de 4 anos 5 anos, desde a campanha eleitoral foi se difundindo, promovendo e estimulando a cultura de ódio, cultura de violência, armamentismo”, disse o professor.
“E antes do Bolsonaro, a gente precisa colocar a fatura na conta da direita capitaneada sobretudo pelo MBL que hostilizou e atacou as escolas, em especial, as escolas públicas e os professores. A gente não pode esquecer disso; MBL invadia a escola; MBL pautou e construiu aquela história de escola sem partido é foi o MBL, foi Extrema direita que tem estimulado o Home Scholl, que é a ideia de que não precisa de escola, que escola não vale nada, vou criar meus filhos aqui dentro. Então, tudo isso foi gerando um caldo de cultura, que você capturando essa garotada, ela se sente estimulada a atacar a escola”, declarou Luiz Antônio Nascimento.
Medo
O professor destaca que a finalidade dos ataques é gerar medo e pânico na sociedade. “Nos anos 90, eu encontrei numa viagem que eu fiz ao exterior uma frase num muro que dizia assim: em uma sociedade, onde os jovens não têm espaço, onde os jovens não têm representatividade, onde os jovens não têm futuro, resta a esse jovem destruir essa sociedade. De quem era essa frase? Dos skinheads. Quem são os skinheads? Expressão de uma extrema direita fascista; qual a finalidade de produzir tudo isso? A finalidade central é causar medo e pânico”, disse.
“Acabei de ouvir que uma mãe, num grupo de uma escola, que dizia que os professores deveriam estar preparados para matar. Ou seja, quando uma mãe diz que o professor do teu filho tem que estar preparado para matar o que que essa mãe fez e por conta do medo abriu mão de todos os elementos da civilidade. Quer dizer ela está ela está falando, defendendo um valor, uma tese de ausência total de civilidade. Por que que a extrema direita quer produzir esse medo e pavor? É porque quando as pessoas estão com medo e apavoradas elas abrem mão de direitos , elas abrem mão, por exemplo do um processo de julgamento legal, com direito ao contraditório”, declarou o professor, completando:
“Quando ela diz que um professor deve estar disposto a matar; quem o professor poderá matar? Qual vai ser a motivação que levará esse professor a matar? Esse professor pode estar disposto a matar um menino terrorista como pode estar disposto a matar um menino questionador; como pode estar disposto a matar o menino que é gay; como pode estar disposto a matar uma menina que não deu bola para ele. Quando você abre mão desses direitos, você garante que o capital, que precisa se reproduzir a cada ciclo econômico, tenha Liberdade, que hoje os direitos sociais os direitos humano, etc, impedem”.
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